Em um período em que os fundos cambiais ressurgiram como novos xodós do investidor brasileiro, nenhum conseguiu ter desempenho melhor nos últimos seis meses do que o BB Cambial Dólar LP Vip FIC FI. Levantamento realizado pelo Portal Acionista junto ao site Mais Retorno mostra que a gestora BB Gestão de Recursos – Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A (BB DTVM) ocupou também a segunda posição na tabela, com seu outro fundo de dólar, o BB Cambial Dólar LP Fic Fi.

Eles se valorizaram 0,84% e 0,75%, respectivamente, ante uma variação praticamente nula do dólar no período – a moeda passou de R$ 5,41 em 17 de agosto para R$ 5,42 em 17 de fevereiro, quando foi feita a pesquisa. Para avaliar o ranking, Acionista considerou apenas fundos com mais de R$ 1 milhão administrados, com mais de 50 cotistas, existência há mais de um ano e que sejam abertos. Em um ano, o fundo campeão em sua categoria se valorizou 25%, enquanto a cotação do dólar no país cresceu 22%.

Flavio Mattos, Head de Gestão de Fundos Renda Fixa e Cambiais da BB DTVM (foto acima), explica que a estratégia para crescer acima da média está em lançar mão de alternativas como contratos futuros e swap cambial, e não se conformar em empatar com a flutuação diária. “Olhamos os instrumentos à nossa disposição e procuramos enxergar quais podem nos ajudar a obter uma valorização acima do dólar PTAX” , explica. Confira a entrevista:

Em um ano, a quantidade de cotistas do Fundo Cambial Dólar Vip passou de 812 para os atuais 1.501. No caso do Fundo Euro do BB DTVM, saltou de 1.716 para 6.948. Ao que se pode atribuir estas altas?

Com taxa de juros baixa e riscos no cenário econômico, os investidores buscam uma rotação maior de ativos, saindo da renda fixa tradicional e começando a colocar recursos nos fundos, inclusive de câmbio e Exterior. Pela função de proteção do dólar, os investidores começam a se interessar mais, mesmo sem uma necessidade de gasto em moeda estrangeira.

Acho que estes tipos de fundos ainda têm a crescer em atração de investidores, inclusive como reserva de valor. Quando o mundo se livrar da Pandemia, o brasileiro vai querer viajar, colocar filho para estudar no Exterior, ir para Europa e Estados Unidos, e precisará de dólar e euro. Os fundos cambiais são uma ótima forma de fazer esta reserva de moeda.

Qual a estratégia para vocês conseguirem desempenhos acima da média na categoria de Fundos Cambiais, mesmo sendo um fundo de gestão passiva?

Nosso objetivo é sempre proporcionar ao investidor a variação um pouco acima do dólar e do euro. Se por um lado há um custo de Taxa Administração (nos fundos cambiais do BB BTVM ficam 1% ao ano), por outro há um ganho de gestão. O desvio em relação ao índice PTAX é baixo, mas conseguimos superar por conta dos ativos que negociamos.

Operamos contrato futuro, taxa cruzada, além de operações de trade diária, onde conseguimos trazer ganho para o fundo além da variação do dólar. Esse movimento no dia a dia faz a diferença, e no médio e longo prazos, você consegue entregar um retorno melhor.

A questão do nosso Fundo Euro, por exemplo, traz desafios, e usamos nossa experiência para gerir. No Brasil, contrato futuro de euro não tem muita liquidez. Então, buscamos outras alternativas, compramos contrato e fazemos estratégias cruzadas, operações de swap e balcão ou operações offshore. Isso é experiencia de gestão, anos de trabalho.

O que o senhor prevê para o desempenho de euro e dólar neste ano no Brasil?

Entendemos que o dólar já se depreciou muito no Brasil. Os juros básicos no país estão muito baixos, e podem subir. Os juros voltando a subir, vêm investidores estrangeiros, caindo um pouco a cotação da moeda americana.

O dólar é sempre o termômetro, e temos varias questões para este ano: a pandemia, a eficácia das vacinas, tudo pode trazer retomada de crescimento no Brasil. Então nossa aposta é que a moeda estrangeira continuará sendo buscada como hedge, como proteção.

Ao final do ano, achamos que as duas moedas estejam com cotações mais baixas. Mas pandemia está longe de acabar, há vários riscos no horizonte que podem se dissipar no segundo semestre, mas poderemos ter outros riscos. Achamos que euro pode continuar subindo pouco em relação ao dólar, aumentando a margem atual, que é de R$ 1,20.

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