CENÁRIO EXTERNO: UM MUNDO DE INCERTEZAS

Mercados… Mercados asiáticos encerraram a sessão predominantemente em terreno negativo. Na zona do euro, ativos de risco iniciaram o dia em queda, com o STOXX 600, índice que abrange ativos de diversos países do bloco, registrando desvalorização de 1,0% até o momento. Em NY, índices futuros operam próximos à estabilidade, com leve viés baixista. Enquanto isso, o dólar (DXY) interrompe sequência de queda de 2 dias consecutivos, se valorizando contra seus principais pares do G10. No plano das commodities, ativos se movimentam sem tendência bem definida. O preço do petróleo (Brent Crude) recua 0,1%, negociado próximo aos US$ 32,00/barril; com investidores ainda avaliando a probabilidade de um novo corte de produção pelos maiores fornecedores da commodity do mundo.

Um mundo de incertezas… Bolsas internacionais voltaram a operar com viés predominantemente negativo nesta 2ªf, com destaque para a incapacidade dos ministros da economia dos membros da União Europeia de chegar a um acordo em torno de um pacote fiscal de combate ao coronavírus e dados de atividade sombrios na França. Nos EUA, o alto número de mortes em Nova York também intensifica a piora de sentimento verificada no fim das negociações de ontem, quando as bolsas americanas apagaram ganhos que chegaram a atingir 3,5% na sessão junto com uma queda brusca do petróleo – nesta frente ainda há muita incerteza sobre se um acordo de corte de produção será firmado entre os maiores produtores do mundo.

Zona do euro em xeque… A notícia de que ministros das finanças europeus ainda não conseguiram bater o martelo sobre o pacote fiscal de EUR$ 500 bilhões gerou novas dúvidas sobre a capacidade da zona do euro de enfrentar a crise. Após uma teleconferência que se arrastou por mais de 16 horas, os formuladores de política econômica do bloco não conseguiram acertar suas diferenças em torno do que a região precisa para se recuperar do que pode se tornar a pior crise já vivida no velho continente.

A hora de agir é agora… Para piorar a situação do bloco, o Banco da França (BC francês) mostrou que o PIB do país deve contrair a um ritmo não visto desde a 2ª guerra mundial já no 1º trimestre de 2020 – mostrando que a recessão já está lá. A estimativa da instituição aponta para uma redução de 6,0% no período, reflexo da paralisação simultânea da oferta e da demanda derivada das medidas de distanciamento social adotadas no país. Ainda, para cada 2 semanas adicionais de quarentena, o banco central francês estima uma destruição de riqueza adicional de 1,5%. Os números colocam pressão adicional sobre os ministros da UE para aprovar o pacote de estímulo fiscal supracitado, com uma nova teleconferência marcada para esta 5ªf. Vamos acompanhar…

Agenda… Em mais um dia de agenda econômica praticamente esvaziada no exterior, o destaque fica com as divulgações dos estoques de petróleo bruto pelo Departamento de Energia dos EUA (11h30), com estimativa de alta de 9,3 milhões de barris na semana, e da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (15h) realizada no dia 15 de março.

BRASIL: GOVERNO ABRE CAMINHO PARA LIBERAÇÃO DOS RECURSOS ANTI-EPIDÊMICOS

BC deve liberar empréstimos para pequenas empresas durante a semana… O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, revelou ontem que o banco deve disponibilizar R$ 40 bilhões em empréstimos para micro, pequenas e medias empresas ainda esta semana. Os recursos serão utilizados para cobrir os custos da folha de pagamentos enquanto as empresas lidam com o fluxo de caixa reduzido causado pela quarentena. O BNDES servirá como o intermediário entre o BC e as firmas beneficiadas.

Mais crédito para as pequenas… Além dos recursos do BC que devem ser disponibilizados pelas empresas durante o decorrer da semana, o Senado também acaba de aprovar uma outra linha de credito com juros reduzidos para micro e pequenas empresas (faturamento ≤ R$ 4,8 milhões). Os empreendimentos poderão acessar até metade da sua receita bruta anual, ao custo de 3,75% ao ano durante 36 meses. Diferente da linha de credito do BC, os recursos poderão ser usados para custear gastos não relacionados à folha de pagamento, porém; como contrapartida, as empresas não poderão demitir funcionários por 60 dias sem justa causa. A medida ainda requer o aval da Câmara dos Deputados.

Caixa inicia registros de coronavoucher… Ontem, a Caixa Econômica disponibilizou o sistema de registros para os futuros beneficiados do coronavoucher. As inscrições podem ser feitas por um aplicativo do banco. Como era de se esperar, o sistema da Caixa foi sobrecarregado pelo grande volume de acessos durante o seu primeiro dia de funcionamento, levando o presidente da instituição, Pedro Guimarães, a pedir “desculpas e paciência” após as dificuldades encontradas pelos usuários.

Regras e números do benefício… Guimarães projeta que em torno de 20 milhões de beneficiados foram registrados no sistema durante o seu primeiro dia de disponibilidade. A primeira das três parcelas dos quase R$ 100 bilhões que serão liberados bate na quinta-feira. Os recursos (R$ 600-1200) que serão disponibilizados pelo programa não poderão ser usados por bancos para quitar balanços negativos nas contas dos beneficiados.

Lewandowski determina que redução salarial requer aval dos sindicatos… O ministro do STF, Ricardo Lewandowski, determinou que reduções salariais só poderão ser concretizadas caso o acordo seja sancionado pelos seus respectivos sindicatos trabalhistas. A determinação judicial resultou de uma ação apresentada pelo partido Rede contra a Medida Provisória 936; que permitiu reduções na jornada de trabalho/salários de funcionários, entre 25% e 70%, mediante um acordo individual durante a quarentena do coronavírus. A MP prevê que a redução salarial pelos trabalhadores seja recompensada pelo seguro desemprego. A determinação feita por Lewandowski ainda pode ser revertida no plenário do STF.

Na agenda… Como grande destaque da agenda, o IBGE divulga hoje o volume de serviços em fevereiro, às 9h. Esperamos que o dado apresente uma redução de cerca de 0,5% na margem, devolvendo parte dos ganhos verificados no último mês. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o setor deve mostrar um crescimento de 1,4%.

E os mercados hoje? Mercados globais voltaram a operar com tendência predominantemente negativa na manhã desta 4ªf. Enquanto a falta de coordenação entre os países para a aprovação de um pacote fiscal gera incerteza adicional na zona do euro; o alto número de óbitos em NY e a queda brusca do petróleo (WTI) no final da tarde de ontem mantém índices americanos em terreno negativo. No Brasil, cresce a discussão em torno da eficácia e velocidade de implementação dos pacotes de estímulo apresentados para o combate à epidemia de Covid-19. Enquanto o Banco Central age de forma rápida para colocar seus planos em prática, o governo apresenta uma certa dificuldade na falta de coordenação entre os poderes para fazer o mesmo. Tendo tudo isso em vista, esperamos um dia de viés negativo para ativos de risco brasileiros.

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