EUA: ISM Manufacturing (Outubro)
- ISM Manufacturing vem abaixo do esperado nos EUA, mas melhor do que no mês passado em 48.3 (esperado: 48.9; anterior: 47.8). O índice marca o terceiro mês consecutivo em campo contracionista (<50).
- Por dentro do indicador, destaque para o avanço em Export Orders, que avançou 9.4 pontos comparado ao mês passado para 50.4. Fora isso, New Orders e Employment também apresentaram variação positiva comparada com o mês anterior.
- Tanto Production, como New Orders, como Employment marcam três meses seguidos de eituras abaixo de 50, mesmo com a leitura de hoje sendo melhor do que a leitura do mês passado (fora Production). As médias móveis (curtas e longas) destes indicadores ainda mostram clara desaceleração.
- Essencialmente, as indicações são de moderação na ponta do setor manufatureiro, ainda que a situação permaneça frágil e que confirmação mais consistente desta tendência seja necessária.
Brasil: Produção Industrial (setembro)
- A produção industrial de setembro apresentou alta de 0,3% na comparação com agosto, desempenho abaixo da mediana das expectativas da Bloomberg (0,8%).
- Dos grandes setores da produção indústria, o destaque positivo ficou por conta dos bens de consumo (em particular bens de consumo duráveis). Por outro lado, contribuiu em sentido contrário a parte de bens intermediários, principal responsável pela decepção do dado em relação às expectativas.
- A decepção em relação às expectativas em setembro pode ser atribuída a dois fatores: (i) indústria extrativa / produtos derivados do petróleo, com devolução do bom desempenho de agosto, e (ii) produtos químicos e farmacêuticos, com retração de 4,6%. Esse último fator pode ter sido influenciado pela produção da Hypera Pharma (antiga Hypermarcas), afetada por período de estiagem nos meses de agosto e setembro.
- Dessa forma, a divulgação de hoje foi aquém das expectativas, mas não tanto devido às ressalvas feitas acima. Em termos de PIB, aumenta a probabilidade de uma expansão do PIB ligeiramente abaixo de 0,5% no 3º trimestre. Para frente, no entanto, não há alteração na perspectiva de recuperação mais sólida de atividade quando analisamos os números na métrica de média móvel de 3 meses.
EUA: Payroll (outubro)
- O Payroll veio consideravelmente acima das expectativas de mercado, com 128k vagas de trabalho criadas (esperado: 85k). A surpresa é ainda maior se considerarmos a revisão no número anterior de 136k para 180k.
- A divulgação tem viés positivo para os mercados. Por um lado, a economia americana dá sinais de estar sustentado um patamar de atividade próximo ao potencial, sem que o mercado de trabalho esteja (ainda) sentindo os efeitos da desaceleração dos investimentos. Por outro lado, salários permanecem bem controlados, reforçando a tese de que a relação entre taxa de desemprego e inflação está enfraquecida. Assim, desenha-se um cenário em que o FED pode permanecer à margem, sem apertar as condições financeiras, por prolongado período de tempo. Por enquanto, a mensagem do FED de quarta-feira está validada.
- O Payroll veio consideravelmente acima das expectativas de mercado, com 128k vagas de trabalho criadas (esperado: 85k). A surpresa é ainda maior se considerarmos a revisão no número anterior de 136k para 180k.
- Do lado positivo (além da evidente surpresa com as vagas criadas) nota-se que o avanço foi movido pela parte privada, com 131k vagas criadas. Por dentro dela, o destaque fica por conta da parte de serviços (+157k), sendo que bens contribuíram negativamente (-26k). Esta contribuição negativa foi absolutamente justificada pela greve da GM que afetou os dados do mês.
- Especificamente por dentro de serviços, nota-se um forte avanço da parte de leisure & hospitality e de financial activities. De resto, as contribuições estão em linha com as projeções normais.
- A taxa de desemprego subiu para 3.6% (em linha com o esperado) e as horas trabalhadas médias na semana ficaram estáveis pelo terceiro mês consecutivo em 34.4.
- AHE veio marginalmente abaixo do esperado na leitura mensal, avançando 0.213% (ante esperado de 0.3%). Em doze meses, o índice avançou 3.035% (esperado: 3.0%).
- O destaque ficou por conta da parte de serviços, que havia contraído no mês passado e agora voltou a contribuir positivamente, crescimento 0.215% no mês. Por dentro desta rubrica, houve reversão significativa em transportes, vendas de atacado, serviços de informação, serviços financeiros e outros serviços. As médias móveis destas rubricas mostram, no entanto, uma clara desaceleração na maioria destes itens.
- Vale destacar que apesar do rebound deste mês no AHE, a parte de serviços ainda mostra clara desaceleração se comparado ao ritmo observado no começo do ano. Saimos de um patamar de expansão acima de 3.5% YoY para um patamar de 3.02% e sem clara indicação de reversão. Já a parte de bens mostra expansão na comparação em doze meses bastante consistente desde o começo de 2018.
Felipe Sichel
Estrategista do banco digital Modalmais.
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