A virada de ano foi positiva para a bolsa brasileira. Não só o Ibovespa subiu quase 5% em janeiro de 2025, como os investidores estrangeiros parecem ter voltado o interesse a ativos locais.
No último mês, a bolsa registrou R$ 6,82 bilhões em entrada de capital vindo do exterior.
É o maior volume registrado desde agosto de 2024, quando o fluxo de investimento estrangeiro totalizou R$ 10 bilhões em aplicações.
Investimento estrangeiro na bolsa em 12 meses (Fonte: Quantum Finance/B3)
O movimento positivo chega após uma onda de fuga de capital atingir o mercado doméstico em 2024.
A combinação de dólar alto, tensões geopolíticas globais, retomada da alta da Selic e questões fiscais dominou as discussões nos últimos meses, e a forte volatilidade que se instaurou teve impacto nos ativos.
Em meio a elevadas incertezas, o Ibovespa registrou uma queda de mais de 10%, maior queda anual do índice desde 2021.
Nesse mesmo período, investidores estrangeiros também retiraram mais de R$ 20 bilhões da B3.
Estrangeiros na B3: saídas de R$ 24,19 bilhões em 2024
O saldo de investimento estrangeiro, considerando IPOs e follow-ons, atingiu volume negativo de R$ 24,19 bilhões nos 12 meses de 2024.
A fuga de capital teve seu pico mesmo em abril, com as vendas superando as compras em R$ 11,09 bilhões.
Em 2024, o fluxo estrangeiro só marcou quatro meses de saldo positivo.
Veja:
Fluxo estrangeiro na bolsa brasileira em 2024 (Fonte: Quantum Finance/B3)
2024: pior ano desde início de série
Com o volume negativo em 2024, o fluxo de investimento vindo do exterior quebrou a sequência de entrada de capital dos últimos quatro anos.
O resultado também é o pior desde 2016, quando a B3 passou a disponibilizar dados da série.
Até então o desempenho mais fraco tinha sido em 2019, quando as saídas totalizaram R$ 6,49 bilhões.
Fluxo estrangeiro na bolsa brasileira de 2016 para 2024 (Fonte: Quantum Finance/B3)
O peso da participação dos estrangeiros na bolsa
Investidores estrangeiros seguem representando, com folga, a maior parcela de participação no mercado de investimentos no Brasil.
Desde 2021, a representatividade desse grupo é superior a 50% de toda a participação dos investidores na bolsa brasileira.
Em 2024, o percentual representado pelos investidores estrangeiros atingiu 55,80%.
Enquanto isso, investidores pessoas físicas e institucionais têm perdido espaço, chegando aos atuais 13,30% e 26,40% em representatividade, respectivamente, do quadro de participantes.
| Ano | Pessoas Físicas** | Institucionais | Estrangeiro | Instituições Financeiras | Outros*** |
| 2019 | 18,20% | 31,50% | 45,00% | 4,60% | 0,80% |
| 2020 | 21,40% | 27,20% | 46,60% | 4,00% | 0,90% |
| 2021 | 19,00% | 25,00% | 50,50% | 4,30% | 1,20% |
| 2022 | 14,90% | 25,70% | 54,90% | 3,70% | 0,90% |
| 2023 | 13,80% | 27,10% | 54,70% | 3,60% | 0,80% |
| 2024 | 13,30% | 26,40% | 55,80% | 3,80% | 0,80% |
Fonte: Quantum Finance/B3
Obs.: Considerada a soma do volume de compra e venda.
** Pessoas Físicas + Clubes de Investimento
*** Empresas Públicas e Privadas + Outros
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