Após quebra na safra 2023/2024 de trigo devido ao fenômeno El Niño, os moinhos abrem 2024 com forte investimento na compra da matéria-prima argentina. Segundo a consultoria TF Agroeconômica, de Curitiba (PR), os portos dos três estados da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) devem receber, nos próximos dias, 134,5 mil toneladas do cereal. Mais 232 mil toneladas estão em processo de embarque para o Brasil, mas têm como destino também as beneficiadoras das regiões Sudeste e Nordeste.Os preços praticados, por enquanto, oscilam entre US$ 282 e US$ 285. “Algo como R$ 1.425,00/t, dependendo do frete até o porto”, informou a TF Agroeconômica em balanço divulgado em 5 de janeiro. Os valores são 9,61% mais altos que os atualmente praticados na aquisição de trigo nacional tipo 1 CIF.Abastecidos até o final de janeiro, as indústrias tritícolas aproveitam as importações para diminuir a pressão da demanda. |Enquanto isso, aguardam que os produtores decidam a vender o cereal ainda estocado a preços mais baixos, já que precisam abrir espaço, nos armazéns, para receber as safras de verão.De acordo com o terceiro e último Boletim de Safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a região Sul teve quebra de 29,6% na safra 2023/2024 de trigo devido ao excesso de chuva. Em 2022, a safra do PR, SC e RS, os principais produtores do grão no país, chegou a 9,7 milhões de toneladas. No entanto, em 2023, não chegou a 7 milhões de toneladas (6,8 milhões de t).Só no Rio Grande do Sul o recuo foi de 49,5%, ante a colheita de 2022. Das 5,7 milhões de toneladas consolidadas pela autarquia no ciclo anterior, o estado colheu 2,9 milhões de toneladas, das quais 70% não prestam à panificação. O Paraná alcançou 3,6 milhões de toneladas, frente às 3,5 milhões de t do ano passado, contrariando a tendência de queda também verificada em Santa Catarina (- 34%).Com a produção do grão no Centro-Oeste, no Sudeste e no Nordeste, a Conab consolidou a safra nacional de trigo do ciclo 2023/2024 em 8,14 milhões de toneladas. O resultado é 22,8% menor que o da safra passada, contabilizada pela companhia em 10,55 milhões de t.