Reconhecida pela ONU por seu trabalho pela promoção dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), a autora relata em livro 50 histórias dos bastidores em que viveu trabalhando pela Sustentabilidade e ESG no Brasil e no mundo. É uma narrativa repleta de curiosidades, lições e reflexões.
Do Rio de Janeiro
Com mais de vinte anos de carreira como executiva de grandes empresas nos setores financeiro e de capitais, liderando áreas de Sustentabilidade, Comunicação e Investimento Social Privado, a jornalista Sonia Consiglio Favaretto compartilha agora toda essa experiência em “#vivipraver: A história e as minhas histórias da sustentabilidade ao ESG”. Publicado pela editora Heloisa Belluzzo, com ações de lançamento em novembro e dezembro, o livro traz revelações inéditas e reflexões da autora em 50 histórias, num bate-papo intimista e bem-humorado permeado por registros históricos, documentos e fotografias. Será disponibilizado em dois formatos: impresso em papel certificado e em ebook, em português e inglês.
Na obra, a autora relata sua jornada versátil e pioneira como locutora, repórter, executiva, conselheira de administração e especialista em sustentabilidade, trazendo forte mensagem de empoderamento feminino e retratando a criação do ESG no Brasil e no mundo. O seu pioneirismo começa no radiojornalismo, como única mulher da Rádio Antena 1 de Atibaia/SP e, depois, no primeiro time da Rádio Alpha FM (SP), que inovou com apenas mulheres na locução, nos anos 2000. Esse pioneirismo se completa ao ser reconhecida pela ONU, em 2016, como “SDG Pioneer” (Pioneira para os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), uma das 10 pessoas do mundo que trabalham pelo avanço dos ODS. “O #vivipraver mostra as lições que aprendi e vivenciei ao longo da minha jornada na tentativa de ajudar a explicar o momento atual de visibilidade do ESG bem como inspirar outras pessoas a viverem da melhor forma seus próprios dilemas e vitórias no tema”, explica Sonia. Essa reportagem-viva tem como fio condutor os ODS e uma linha do tempo da sustentabilidade no Brasil e no mundo, que tem na histórica conferência das Nações Unidas em Paris em 2015, a COP 21, um dos seus pontos altos. A caminho da Conferência, Sonia teve o seguinte insight sobre si mesma: “Eu não tive filhos. Mas trabalho para deixar um mundo melhor para os filhos do mundo”.
Apaixonada por falar e escrever, a comunicação sempre foi sua base de atuação: “A comunicação é crucial para o avanço consistente da agenda ESG. Estamos falando de uma mudança de modelo de mundo, e isso não vai acontecer do dia para noite. É preciso habilidade para explicar esse novo contexto, ouvir e dialogar. Ninguém ‘dorme e acorda sustentável’”. #vivipraver concretiza essa sua paixão por relatar histórias e compartilhar vivências, pensamentos e sonhos.
#vivipraver: A história e as minhas histórias da sustentabilidade ao ESG é o seu primeiro livro, com prefácio de Fabio Barbosa, ex-presidente do Banco Real/Santander e membro do Conselho da United Nations Foundation.
RESENHA DO LIVRO – Vivemos para ver, por Sônia Araripe, Editora de Plurale
Há encontros sociais e há encontros de propósito e de alma. Conheci Sonia Consiglio Favaretto há 15 anos, apresentada por amigo em comum, o jornalista e assessor de imprensa Paulo Marinho. Ele era Superintendente de Comunicação do Itaú e Sonia já alçava trilha de sucesso como Superintendente de Sustenabilidade do Grupo.
Tínhamos acabado de lançar Plurale e estávamos em busca de alianças e rede. A xará – como a chamo – foi logo se oferecendo não só para uma entrevista exclusiva, mas também para ajudar a impulsionar a nossa “cria”. Em pouco tempo lá estava eu como moderadora de evento mais do que relevante, no Rio de Janeiro, para executivos e consultores na temática de sustentabilidade. Esta é Sonia. Generosa, articulada e mentora.
Trilhamos juntas esta verdadeira revolução que a sustentabilidade tem vivido ao longo destes recentes anos. O tema saltou de um patamar de “gueto” e “convertidos” para algo inadiável e urgente para todos. Do motorista de táxi ao executivo de grande empresa. Sonia voou alto e estivemos sempre prontos para divulgar seus feitos em Plurale.
Virou rosto famoso em letreiro luminoso na Times Square, como pioneira no tema pela ONU. É referência no Brasil e no exterior.
Recebemos e já lemos o novo livro. Simples, direto e de fácil entendimento – como é característica da xará. Vale conferir: profundo, didático e com linha do tempo fácil de acompanhar.
A seguir, a conversa que tivemos sobre o livro, sua carreira, desafios e sonhos. Porque se tem algo que as duas Sonias gostam é de sonhar e realizar. Se possível, juntas. Voa alto, xará! Estaremos aqui sempre para aplaudir!
Plurale – ESG – O que é verdadeiro? O que é greenwashing?
Sonia Congiglio Favaretto – Eu não invisto minha energia me preocupando com greenwashing. Primeiro, porque acho que nenhuma empresa vem a público deliberadamente para mentir. Ela sabe os riscos que existem por trás dessa postura. E, se isso realmente ocorre, o caso é de outra natureza. A empresa pode estar mal assessorada ou mesmo não entendendo a profundidade e extensão dessa agenda. Pode até exagerar um pouco nos seus feitos (o que ocorre não só com a agenda ESG…). Mas hoje o controle social é muito grande e, se ela afirma fazer algo que não faz, rapidamente será punida pelas redes sociais, pela mídia, pelo regulador. Agora, é importante estarmos vigilantes, atentos, sempre cobrando coerência entre discurso e prática.
Plurale – Carreira – Imaginava essa trajetória: Valeu viver pra ver?
Sonia Congiglio Favaretto -Sinceramente, não imaginava. Entrei na área de sustentabilidade por meio das oportunidades que a carreira me trouxe, e não intencionalmente. Os primeiros movimentos foi quando assumi a Fundação BankBoston, no início dos anos 2000, quando as questões ESG ainda estavam nascendo e os Institutos e Fundações não raramente lideravam essa agenda. Depois, quando o Itaú adquiriu o Boston, tive a chance de estruturar essa área neste gigante e inspirador banco brasileiro e não saí mais dessa trajetória. Sim, valeu viver cada segundo. Mesmo quando éramos tratados como sonhadores ou “abraçadores de árvores”; quando atuávamos paralelamente às áreas “core” da empresa; quando os executivos e mesmo o CEO não sabiam bem o que fazíamos. Atuar numa agenda de futuro requer resiliência, resistência a frustração, persistência. Hoje, com tanto vento a favor da famosa agenda ESG, é gratificante demais olhar para trás e dizer: #vivipraver!
?Plurale – ODS – Acredita que até 2030 estarão valendo? Agenda está avançando?
Sonia Congiglio Favaretto -Sim, entendo que os ODS estão consagrados, essa agenda “pegou”, ou seja, é considerada em planejamentos estratégicos de empresas, cidades, países. Além disso, investidores, autorreguladores e reguladores têm os ODS no seu radar e os utilizam como ferramenta de monitoramento, avaliação e tomada de decisão. Agora, nosso desafio, que já era grande, ficou ainda maior, pois a pandemia impactou negativamente nos nossos passos rumo a 2030. O relatório “Global Gender Gap Report 2021”, do World Economic Forum, por exemplo, mostrou que a Covid-19 atrasará em uma geração o tempo necessário para alcançarmos a igualdade de gênero em termos globais: passamos de 99,5 anos para 135,6 anos! Na declaração final da última reunião do G20, na Itália em outubro, também está lá: “Continuamos profundamente preocupados com os impactos da COVID-19, crise que atrasou o progresso em direção à Agenda 2030”. Mas esses líderes das 20 maiores economias do mundo também disseram no documento: “Reafirmamos nosso compromisso com uma resposta global para acelerar o progresso na implementação dos ODS e apoiar um processo sustentável e uma recuperação inclusiva e resiliente em todo o mundo”. Concluindo: não é pouco o que precisamos atingir até 2030 e o contexto se tornou mais desafiador. Mas há fortes movimentos impulsionadores e devemos seguir trabalhando!
Plurale – Como avançar essa agenda?
Sonia Congiglio Favaretto -Penso que o ODS 17 – Parcerias e Meios de Implementação é a grande chave. Costumo dizer que sustentabilidade não é sobre “eu”, é sobre “nós”. Ou vamos “de turma” ou não chegaremos lá. É preciso estabelecer parcerias entre todos os atores da sociedade – TODOS. Também é necessário investir em novas soluções e tecnologias para enfrentarmos as enormes desigualdades sociais, os possíveis impactos do aquecimento global, os desafios da criação de uma economia de baixo carbono eficiente… Enfim, precisamos nos recriar para estabelecer esse novo mundo de forma consistente, perene e justa para todos e todas.
Plurale – Mulher – acredita que a agenda do ODS5, de empoderamento feminino está avançando? Enfrentou preconceito por ser mulher?
Sonia Congiglio Favaretto – Sim, acredito que esta agenda está avançando, e muito. O tema da diversidade, equidade e inclusão se tornou pauta obrigatória nas empresas, chegou aos Conselhos de Administração, virou assunto prioritário. Reguladores também estão atentos. Claro que há sempre o desafio da implementação dos compromissos assumidos e das intenções que são explicitadas, mas vejo movimentos concretos acontecendo. Olha que evolução: o regulador do mercado de capitais americano, a SEC, aprovou em agosto deste ano um pedido da Nasdaq (segunda maior bolsa de valores dos Estados Unidos e do mundo) sobre diversidade em Conselhos. Agora, com um período de adaptação, as empresas listadas deverão ter ao menos dois “membros diversos” nos seus Conselhos de Administração, sendo uma mulher e outro de um grupo sub-representado. As estrangeiras listadas lá, como as brasileiras, podem preencher as duas vagas com mulheres. Fatos assim fazem a agenda avançar demais.
Quanto a mim, nunca tinha prestado muita atenção a uma discriminação por ser mulher. Ia trabalhando e pronto. Mas à medida que me envolvi nos temas, fiquei atenta e percebi, sim, que há diferenças. E muitas vindas dos tais “vieses inconscientes”. Uma das histórias que relato no livro é justamente essa: “Estávamos em uma reunião, eu, meu gerente e um vice-presidente discutindo um assunto muito complexo. O VP passou o encontro todo – sem exagero – sem olhar para mim. Sua visão ficava só no gerente. Não era algo pessoal, nos dávamos muito bem e sei que ele reconhecia e respeitava meu trabalho. Foi algo além que o fez, em um momento crítico, mirar sua atenção no homem e não na mulher. Na saída, perguntei ao meu gerente se ele tinha notado a dinâmica (vai que era coisa da minha cabeça…). Constrangido, ele disse: “Sim, ele só olhou para mim…”. Então, é isso. Precisamos tornar o inconsciente consciente para que situações assim não aconteçam mais”.
Plurale – Qual o seu sonho/desafio para os próximos anos?
Sonia Congiglio Favaretto – Eu sonho em continuar trabalhando forte pelo avanço dessa agenda ESG para criarmos, enfim, o mundo EESG, onde os fatores econômicos, ambientais, sociais e de governança sejam de fato integrados. Tem sido muito gratificante atuar em variadas pontas: fazer palestras, dar aulas, ser colunista, atuar como conselheira e apoiar empresas nessa jornada. Quero seguir forte nas minhas atividades em prol desse novo mundo da Agenda 2030. E também quero escrever os novos livros da série “Historias by Me” que o #vivipraver inaugura. Quero contar as histórias de outras pessoas, anônimas ou não. Pessoas que, como eu, lutam no seu dia a dia por um amanhã melhor.
Sobre Sonia Consiglio Favaretto:
Jornalista e radialista, Sonia Consiglio Favaretto atua com Sustentabilidade, Comunicação e Investimento Social Privado há mais de vinte anos, com passagens por BankBoston, Febraban, Itaú Unibanco e B3. Foi reconhecida em 2016 pelo Pacto Global da ONU como “SDG Pioneer”, uma das dez pessoas do mundo que trabalham pelo avanço dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. É Presidente do Conselho Consultivo da GRI Brasil, Vice-presidente do Conselho Consultivo do CDP, membro do Conselho Técnico do Instituto Ekos Brasil, Conselheira de Administração e Colunista do Valor Investe. Foi Diretora da B3 e Presidente do Conselho Deliberativo do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial por dez anos (2009 a 2019), membro e Presidente do Board da Rede Brasil do Pacto Global (2017 a 2019) e membro do Stakeholder Council da GRI – Global Reporting Initiative (2013 a 2015). Atuou ainda como diretora de RH e Comunicação Interna do BankBoston, superintendente da Fundação BankBoston, superintendente de Sustentabilidade e Comunicação Institucional do Banco Itaú Unibanco e diretora setorial de Responsabilidade Social e Sustentabilidade da Febraban.
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