O Brasil tem várias particularidades, mas uma delas traz um gigantesco paradoxo: em PIB (geração de riqueza), o país está entre os 10 mais ricos do mundo, mas se olharmos para a tabela dos mais pobres também está entre os 10 mais inversamente proporcionais. A receita para se arrumar isto é reduzir dras-ti-ca-men-te as desigualdades. E para tanto é necessária uma força-tarefa, envolvendo sobretudo governos, empresas estatais e companhias privadas. A conclusão é do Instituto Ethos que realizou Conferência neste dia 21, em São Paulo, comemorando seus 25 anos, que teve apoio de mídia de Plurale.
A equação começa a ser resolvida “dentro de casa”, comentou o ex-presidente e fundador Oded Grajew afirmando que o discurso e a prática precisam estar irmanados no campo corporativo. E a melhor forma desse alinhamento é a aplicação dos Índices Ethos (veja também o Guia que o instituto formulou para ajudar as companhias a pensar na redução das desigualdades), espelhando sua realidade.
SHELL – Glauco Paiva, gerente de comunicação da Shell, foi ainda mais longe, afirmando que além da “licença de governo”, uma empresa necessita da “licença social”, para operar no ambiente em que está inserida, com políticas sociais e ambientais adequadas aos modelos de desenvolvimento da própria companhia e do país. “É preciso olhar para dentro da empresa e medir o impacto social que se provoca”, sublinhou.
EMBRAPA – O prof. Hélio Santos falou de desenvolvimento sustentável, de combate ao racismo e lembrou que a Embrapa consegue produzir alimentos para 800 milhões de pessoas. “Ora, isto alimenta os nacionais e ainda conseguimos exportar ¾ do que produzimos”. Segundo Andréia Alvares, presidente do Conselho do #InstitutoEthos, nos estados mais pobres da Federação “há insegurança alimentar em 50% dos lares”. Ela diz que precisamos de programas efetivos para combater as desigualdades.
HYDRO – Benilda Brito, conselheira do #Ethos, falou bastante sobre quilombolas — “que são guerreiros da floresta, e não apenas escravos fugidos como se dizia antes” – e chamou a atenção para o combate incessante ao racismo e a necessidade de monitorar a saúde mental dos empregados. Já Eduardo Figueiredo, executivo da Hydro, entende que uma sociedade de baixo carbono só será possível se respeitada a inclusão social.
EDP – Enquanto Eunice Lima, da Novelis (maior recicladora de alumínio do mundo), afirmava que a reciclagem de 31 bilhões de latinhas de alumínio/ano ajuda a renda de 800 mil pessoas no país, Fernanda Pires, da EDP, reiterou a promessa de tornar a empresa 100% verde até 2030. “Uma boa política de governança, aberta, proporciona incentivo à diversidade e inclusão, colaborando com a redução de nossas carências”, pontuou.