As empresas que atentam para as políticas de sustentabilidade têm, nos últimos anos, mais visibilidade, considerando o setor em que atuam e suas responsabilidades com o meio ambiente. E mais, o social e a governança, fechando o significado da sigla ESG, também entram no foco. O Acionista traz neste mês duas delas que estão entre as mais recomendadas pelos analistas: Cosan (CSAN3) e Simpar (SIMH3).
A Cosan é um grupo de empresas que atua nas áreas de açúcar, álcool, energia, lubrificantes e logística, teve um com resultado operacional (Ebitda) de R$ 5,2 bilhões no 1T24, incluindo a contribuição de Raízen no resultado. Já a Simpar é uma holding que controla sete empresas atuantes nos setores de logística, mobilidade, saneamento, concessões e serviços financeiros com gestões e operações independentes. Seus números do 1T foram em linha com as estimativas, embora com um lucro líquido ajustado melhor do que o esperado. A receita líquida foi de R$9,1 bilhões (+23% a/a; em linha).
Importante saber que 16 casas recomendam comprar Cosan, com preço alvo 24,00, um potencial de 87% de alta; e a Simpar é recomendada para compra por 15 casas, com preço alvo R$ 18, um potencial de alta de 189,4% em relação ao patamar atual.
Cosan (CSAN3) se mantém estável e apresenta bons resultados
Os resultados da Cosan se mantiveram dentro das expectativas no 1T24. De acordo com os analistas da Ágora, não houve grandes surpresas nos segmentos que foram reportados, Moove e Radar. O Ebitda ajustado pró-forma totalizou R$5.171 milhões. Mas o Ebitda ajustado da Moove de R$329 milhões (+19% no trimestre; +21% ano-a-ano). “Um destaque positivo e foi impulsionado pela expansão de margem após melhorias no mix de produtos”, comentam os analistas. E o da Radar ficou em R$136 milhões (de R$1.939 milhões no 4T23), já que a empresa deixou de fazer marcação a mercado (MtoM) de terras no 1T24, enquanto no 4T23 essa marcação foi de R$ 1,8 bilhão, justifica a Ágora.
Ainda sobre números, a geração de caixa da holding ficou negativa em R$172 milhões:
“Foi negativa pois a empresa recebeu R$911 milhões em dividendos, sendo eles: Vale (R$577 milhões), Raízen (R$294 milhões) e Radar (R$40 milhões), mas pagou quase R$ 1,1 bilhão em despesas com juros. No entanto, a dívida líquida da holding caiu ligeiramente para R$22,7 bilhões (de R$22,9 bilhões no 4T23), o que acreditamos ser atribuído principalmente ao resultado positivo de R$ 492 milhões com o fechamento antecipado das estruturas com derivativos ligados à participação na Vale. Além disso, a alavancagem também caiu ligeiramente para 1,7x (de 1,8x no 4T23).”
Assim, para os analistas da Ágora, mesmo sem surpresas com os números, eles acreditam que a dívida líquida estável foi um destaque ligeiramente positivo, “já que a holding está conseguindo se autofinanciar com os dividendos recebidos das subsidiárias, o que também é o caso no período dos últimos doze meses, já que a empresa recebeu R$2,67 bilhões em dividendos e pagou R$2,481 bilhões em juros”.
Para os analistas do Itaú BBA, os números da empresa ficaram 25% abaixo na comparação trimestral, “o que se deu principalmente devido ao efeito positivo de reavaliação do portfólio de terras da Radar no quarto trimestre”. Sobre as subsidiárias do grupo, Raízen, Rumo, Compass e Vale já haviam reportado resultados, com destaque positivo para Rumo. Os números de Moove são considerados fortes pelo time de analistas.
“Mantemos nossa recomendação de “compra” para CSAN3. Em relação à alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, a companhia encerrou o trimestre com um valor de 2,3 vezes, 0,1 ponto porcentual (pp) abaixo do trimestre anterior. Essa leve redução na alavancagem ocorreu principalmente por causa da maior posição em caixa dos negócios do portfólio.”
Destaques do 1T, para o Itaú BBA:
- Compass: Ebitda de R$ 893 milhões e com volume de gás natural de 13,2 MMm³/d, estável na comparação trimestral. O segmento de marketing & serviços, “Edge”, contribuiu com Ebitda de R$ 47,5milhões no trimestre, enquanto o segmento de distribuição de gás teve resultado operacional de R$ 881 milhões no período. Os investimentos totalizaram R$ 445 milhões no trimestre, sendo R$ 107 milhões referentes ao terminal de regaseificação (TRSP), cuja construção foi finalizada em março 2024.
- Moove: Ebitda de R$ 329 milhões, 21% acima do trimestre anterior, com volumes 3% menores na comparação trimestral, mas com um mix de produtos melhor. Na comparação anual, o resultado operacional cresceu 19%, com volumes estáveis e melhor mix de produtos vendidos.
Três fatores importantes nos resultados
Para os analistas da XP Investimentos, os temas mais importantes dos resultados da Cosan são a estrutura de capital, a alavancagem e os resultados de seus investimentos como uma empresa de gestão de portfólio.
A dívida líquida corporativa (ex-ações da Vale e ações preferenciais) diminuiu cerca de BRL0.2bn para BRL22.7bn no final do 1T24. “Essa medida não inclui o valor do investimento da Cosan na Vale, que ficou em BRL12,8 bilhões. Esse valor é parcialmente compensado pelo valor das ações preferenciais da Cosan Nove e da Cosan Dez, que ficou em BRL8,6bn. A dívida líquida consolidada (ex-leases, Vale e ações preferenciais) foi de 49,8 bilhões (-BRL5,8 bilhões t/t) e a alavancagem medida como dívida líquida/EBITDA foi de 2,3x”, destaca a XP.
Simpar (SIMH3) melhora, mas ainda não chega lá
No primeiro trimestre a Simpar “demonstrou sinais de melhoria operacional em suas principais subsidiárias, embora ainda enfrente desafios contínuos relacionados à alavancagem financeira e à integração de aquisições recentes”, diz o relatório da Genial.
Em relação aos números, a receita líquida consolidada da Simpar atingiu R$9,0 bilhões (+5,6% a/a e +7,3% t/t). Conforme os analistas, esse número foi impulsionado principalmente pela melhora do desempenho de Vamos e Movida, “em linha com a nossa expectativa de R$ 8,97 bilhões. O Ebitda ajustado alcançou R$2,3 bilhões, também alinhado com a nossa projeção de R$ 2,37 bilhões”.
De acordo com a gestão da empresa, segundo a Genial, o clima é de otimismo com as oportunidades de desalavancagem no segundo semestre de 2024, devido a melhora operacional.
“Nossa opinião sincera é que o mercado parece ter parado de acreditar nas promessas de redução de alavancagem feitas pela companhia. As ações podem ficar esquecidas até que a geração de valor e melhoria da eficiência operacional se materializem. Ainda que o mercado de capitais não esteja com uma janela aberta para IPOs, a mudança na trajetória dos juros lá nos EUA podem redirecionar os fluxos no mercados globais. Em um cenário em que o mercado de ações volta a se aquecer no Brasil, podemos ver as subsidiárias, Automob e CS Infra abrindo capital, o que poderia acelerar a redução da dívida e aumentar a geração de valor para os acionistas”, afirmam os analistas da Genial, mantendo a recomendação de compra.
Os analistas do BTG Pactual também não tiveram surpresa com os resultados da Simpar para o 1T24. “Foram em linha, embora com um lucro líquido ajustado melhor do que o esperado”, comentam os analistas.
A receita líquida da Simpar foi de R$9,1 bilhões (+23% a/a; em linha), e o Ebitda totalizou R$2,4 bilhões (+21% a/a; em linha). O lucro líquido foi de R$90 milhões, impactado por despesas não recorrentes de R$32 milhões. Excluindo despesas não recorrentes, o lucro líquido ajustado foi de R$122 milhões e o lucro líquido ajustado (excluindo participações minoritárias) foi de R$8 milhões (em comparação com R$9 milhões no 1T23 e nosso -R$70 milhões estimados).
As empresas:
- Vamos: apresentou números do 1T melhores do que o esperado, com números robustos em seu negócio de aluguel e uma melhoria no segmento de concessionárias.
- Movida: demonstrou tendências trimestrais melhores apesar de um lucro líquido ainda fraco devido a despesas financeiras e depreciação elevadas.
- JSL: divulgou resultados positivos, com crescimento sólido na receita líquida, margens resilientes e um lucro líquido acima das estimativas.
“A Simpar reportou um 1T melhor, impulsionado por um desempenho positivo em todas as subsidiárias, embora o lucro líquido ainda tenha sido impactado por depreciação e despesas financeiras. Antecipamos resultados trimestrais melhores para a Simpar, com uma recuperação nos veículos pesados no Brasil, uma recuperação gradual das concessionárias, uma melhoria na divisão de seminovos após o impairment da Movida no 4T, e um melhor desempenho pelas empresas não listadas”, comentam os analistas, justificando a recomendação de compra.