Escassez mundial de milho pode ser resultado da guerra na Ucrânia e desencadear uma crise global

A situação de conflito entre Rússia e Ucrânia, grandes produtores de milho, está causando preocupação e alarmando o mercado mundial de grãos. O rastro é de devastação na produção global de milho, com consequências alarmantes que podem levar à escassez mundial de milho e desencadear uma crise global de alimentos.

Um dos principais produtores mundiais de milho, a Ucrânia vive uma interrupção significativa em todas as etapas da cadeia de produção e exportação do cereal. Com isso, estima-se que a safra de milho sofrerá uma queda de 40% no ciclo de produção de 2022/23. Um número significativo quando lembramos o país é responsável por 16% da produção mundial do cereal.

Terminal de grãos em Odessa, na Ucrânia, danificado por ataque russo, que aconteceu após o término do acordo do Mar Negro

A guerra iniciada pela Rússia em 2022, além de redução da produção, bloqueou a exportação do milho da Ucrânia, sendo que pouco mais da metade do que foi produzido foi efetivamente embarcado nos portos, que agora estão fechados. Com a continuidade da guerra, o fornecimento destes cereais será ainda mais prejudicado, fazendo com que os tradicionais compradores busquem outros países para suprir o fornecimento.

De acordo com o Departamento de Economia Agrícola da Universidade de Illinois e Departamento de Economia Agrícola, Ambiental e Desenvolvimento da Universidade de Ohio, as expectativas de exportações de milho pela Ucrânia que já eram baixas, caíram mais 20% na safra 2021-22 e na safra de 2022-23 as quedas nas exportações devem ser superiores a dois terços da produção ucraniana, e tende a piorar com o avanço do conflito.

E, mesmo que a guerra cesse, o que parece algo distante, de acordo com a escola de economia de Kiev, mais de US$ 6,6 bilhões em infraestrutura agrícola foram destruídos, além do fato de que a guerra limitou a capacidade dos agricultores ucranianos em cultivar e transportar sua produção, somando-se, também, o fato de que o conflito impôs mais de US$ 36 bilhões em custos adicionais indiretos, sobretudo pelas perdas de produção e elevação dos custos logísticos para a exportação.

Para agravar ainda mais a situação, a Rússia anunciou no dia 17 de julho que estava saindo da Iniciativa de Grãos do Mar Negro, que permite que produtos agrícolas sejam enviados com segurança da Ucrânia. Quase 33 milhões de toneladas de produtos agrícolas foram embarcadas da Ucrânia na vigência do acordo de acordo com dados da ONU. O milho foi de longe a maior commodity exportada.

A alternativa para a garantia do fornecimento mundial de milho poderia vir de outros principais países produtores, todavia, isso pode não ocorrer, vez que outros grandes países produtores também enfrentam problemas.

Segundo a Aprosoja/MT, somente com o acordo do Mar Negro entre Rússia e Ucrânia estima-se que houve uma redução no preço do milho em torno de 20%. Porém, agora, com o rompimento do acordo, somado aos problemas climáticos, perda de produção em países players, e contínua demanda, haverá um forte aumento no preço da commodity, e consequentemente, aumento no preço dos alimentos.

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