A projeção de uma inflação persistente em 2021 e, em consequência, a pressão para que o Banco Central (BC) volte a subir a Taxa Básica de Juros (Selic), atualmente em 2% ao ano, abre espaço para um cenário em que aplicações pós-fixadas sejam mais vantajosas nos próximos meses, de acordo com analistas.

Conforme o mais recente Boletim Focus, do BC, economistas preveem que a Selic suba para 3% ao final do próximo ano, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá ficar em 3,37%. No caso da inflação, o mercado financeiro revisou para cima sua projeção na última semana. Ou seja, os principais indexadores da Renda Fixa apontam para cima – contexto mais adequado para títulos que tenham referência pós-fixada.

Vale reforçar a lógica que se aplica a esta decisão. Um título pós-fixado é indicado quando a projeção é de elevação nos indicadores que puxam os juros, como a Selic e o IPCA. Isso porque o cálculo da remuneração ocorre com os valores futuros. Além disso, a opção costuma ser mais recomendada para investidores conservadores, que toleram um nível de risco menor.

Se a inflação ou o juro tendem a cair, a dica é investir em renda fixa prefixada, aproveitando os valores “travados” na contratação, possivelmente superiores aos aguardados para a ocasião de resgate.

A XP passou a recomendar que seus clientes concentrem suas aplicações de Renda Fixa em títulos pós-fixados. Para a corretora, investidores conservadores devem concentrar 85% de suas aplicações nesses papéis, em particular Tesouro Selic (LFTs), CDBs pós e Fundos DI, e deixar 10% em títulos de inflação.

Para os moderados, a recomendação é ter 28,5% em pós-fixados e 20% em títulos de inflação – não se recomenda papéis como Tesouro Prefixado. “Nós reduzimos um pouco o risco das carteiras, como a participação em renda fixa global, e aumentamos na parte de inflação”, exemplifica Pedro Mattos, especialista em Alocações da XP.

Ele entende que é importante proteger o poder de compra do investidor através de ativos atrelados à inflação. São pontos positivos no momento os altos prêmios de crédito na parcela atrelada ao CDI/Selic (pós-fixados) e o fato de que os ativos com risco de taxa (inflação e prefixados) estão alinhados com um cenário negativo.

Ainda que a bolsa esteja seduzindo em razão do bom potencial de valorização e da baixa Selic – o número de CPFs ativos na B3 praticamente dobou neste ano –, consultores orientam o investidor a manter uma fatia de suas aplicações em papéis com previsibilidade. Segundo Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, não há como fugir dos investimentos, inclusive para ter neles uma reserva de emergência ou uma proteção contra grandes oscilações. “A Renda Fixa tem uma adequação na relação entre risco e retorno que a torna obrigatória para todos os investimentos do mundo”, explica.


O analista Samuel Torres, da Capital Research, lembra da vantagem de haver a garantia de, pelo menos, manter o dinheiro aplicado, diferentemente das ações, onde o risco de perder é maior. Na RF, o rendimento é superior a zero e, caso a instituição financeira quebre, embora exista o Fundo Garantidor de Créditos (FCG), há o limite de ressarcimento de R$ 250 mil por usuário por banco e de R$ 1 milhão por CPF, considerando todas as instituições financeiras nas quais ele tem valores no produto financeiro em questão. “Em um eventual cenário catastrófico em que o governo dê calote e títulos do tesouro, são grandes as chances de aquele banco em que o investidor aplica na poupança já tenha quebrado muito antes”, pondera.

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