Com forte atuação dos bancos ao longo de todo ano, o saldo total da carteira de crédito deverá fechar 2021 com expansão de 16%, a maior desde 2012 (+16,4%) e acima do crescimento de 2020, que foi de 15,6%. O expressivo resultado do ano passado deverá ser liderado pelo crédito destinado às famílias, que cresceu de forma ininterrupta ao longo do ano, beneficiado pela reabertura das atividades econômicas em decorrência principalmente do avanço da vacinação no país, e fechando o ano com expansão de 20,1%, revela a Pesquisa Especial de Crédito da FEBRABAN.
‘Assim como ocorreu em 2020, no ano passado, os bancos contribuíram decisivamente para irrigar a economia e continuaram provendo crédito focados no processo de recuperação econômica do país, com expansão da carteira em patamar bastante elevado, acima de dois dígitos, especialmente para as famílias’, afirma Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN. ‘Os bancos, que foram essenciais para mitigar os efeitos da pandemia, atuaram ao mesmo tempo, como uma alavanca e um muro de contenção da atividade econômica’, acrescenta.
Caso confirmado, o resultado irá superar as expectativas do setor. A última Pesquisa FEBRABAN de Economia Bancária e Expectativas, divulgada no início de janeiro, apontava a projeção de que o saldo das operações de crédito deveria crescer, ao menos, 13,9% em 2021, acima da revisão de novembro passado, que já indicava aumento de 12,7%.
A Pesquisa de Crédito da FEBRABAN é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central e as projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam de 38% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional, dependendo da linha, além de outras variáveis macroeconômicas que impactam o mercado de crédito.
Levantamento da FEBRABAN mostra que as instituições financeiras disponibilizaram R&’65284; 7,5 trilhões em crédito desde o início da pandemia, repactuaram 18,7 milhões de contratos e viabilizaram o pagamento de auxílio emergencial a 14 milhões de cidadãos brasileiros que não tinham atendimento bancário. Na pandemia, os bancos aumentaram o saldo em 52% de empréstimos para microempresas e 38% para pequenas empresas, concederam 212% a mais em recursos para o crédito rural e 51,6% a mais de empréstimos para compra da casa própria.
A Pesquisa Especial de Crédito mostra que, na carteira pessoa jurídica, o crescimento deverá ser inferior no ano passado, com expansão de 10,8%. O resultado será principalmente afetado pelo desempenho mais fraco da carteira com recursos direcionados (-0,1%), após o fim de programas públicos de crédito. ‘Ainda que seja inferior à média, esse avanço na carteira de pessoa jurídica é muito expressivo, considerando que ela cresceu 21,8% em 2020. Também no ano passado houve a reabertura do mercado de capitais, o que deslocou parte importante da demanda de crédito das grandes empresas do crédito bancário para esta fonte de financiamento’, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da FEBRABAN.
Dezembro
Já em relação aos resultados mensais de dezembro, a pesquisa mostra que o saldo total de crédito deve crescer 2,0%, melhor desempenho para o mês desde 2014 (+2,1%). O resultado deve ser impulsionado pelo crédito livre (+2,7%), com forte desempenho das linhas relacionadas ao consumo, tanto na carteira pessoa física (+2,4%) quanto na carteira pessoa jurídica (+3,1%), ambas favorecidas pelos eventos de final de ano. A carteira direcionada, por sua vez, deve apresentar um desempenho mais modesto (+0,9%).
Concessões
A Pesquisa Especial de Crédito mostra que as concessões devem fechar o ano de 2021 com um volume 18% superior ao concedido em 2020. O principal destaque será para as operações com recursos livres, que devem expandir 19,6% em 2021, com forte desempenho tanto das operações destinadas às famílias quanto às empresas, ambas se mantendo em um elevado patamar histórico. Já as concessões com recursos direcionados, por sua vez, devem crescer 6,7% em 2021, ficando abaixo da inflação acumulada no ano.
Já no mês de dezembro, os dados mostram uma variação negativa, de -7,6%, quando ajustados por dias úteis. O resultado pode ser um sinal de arrefecimento do crédito nas próximas leituras, especialmente após as sucessivas surpresas positivas que o mercado tem apresentado, especialmente diante do quadro de piora das condições econômicas, com a perda de tração da atividade econômica, alta da Selic e recuperação ainda gradual do mercado de trabalho.