Em linha com as incertezas causadas pela pandemia do Covid-19 e as restrições operacionais impostas pelo regulador, mesmo que parcial no trimestre, o Grupo Energisa continuou mantendo os esforços para geração de caixa e registrou queda nas despesas operacionais controláveis.
Dentro dessa categoria, os custos e despesas controláveis atingiram R$ 515,2 milhões no período, o que representa uma queda de 22,8%. Já as despesas operacionais consolidadas, excluindo os custos de construção, no terceiro trimestre de 2020, totalizaram R$ 3.442,9 milhões, uma redução de 5,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
O trimestre foi marcado pela reabertura gradual da economia, a retomada dos cortes de fornecimento por inadimplência, a reabertura das agências de atendimento e ações para preservar o caixa, sem prejudicar a qualidade do serviço. No terceiro trimestre, a Energisa também registrou aumento de 2,5% em novas conexões, totalizando 8 milhões de unidades consumidoras.
O lucro líquido consolidado do Grupo foi de R$ 921,7 milhões no terceiro trimestre de 2020, o que representa um crescimento de R$ 867,8 milhões em relação ao mesmo período do ano passado, que foi de R$ 53,9 milhões. Já o Ebitda Ajustado Consolidado foi de R$ 1.354,6 milhão, revelando um aumento de 38,2% em relação ao terceiro trimestre de 2019. A receita operacional líquida, sem receita de construção, por sua vez, atingiu R$ 4.323,1 milhões, aumento de 4,8%.
Desconsiderando efeitos não recorrentes, tais como a marcação a mercado dos bônus de subscrição da 7ª emissão de debêntures, a redução da CCC (conta de consumo de combustível), dentre outros, o lucro líquido ajustado foi de R$ 636,9 milhões, incremento de 198,6% (R$ 423,6 milhões) frente ao terceiro trimestre de 2019.
“Continuamos com nosso plano de contingência em resposta ao cenário de pandemia com base em três fases. A primeira etapa foi marcada pela resiliência, quando ajustamos as operações com o objetivo de resistir a um longo período de turbulência e escassez. A segunda fase, de retomada, está sendo concluída em novembro, aplicando uma nova rotina, que chamamos de smart work, onde 2.200 colaboradores elegíveis, estão em regime de rodízio entre presencial e teletrabalho. Na terceira, de reimaginar o futuro, aprendemos com a nossa experiência e explorar novos modelos de negócio, processos, e inovações que gerem valor ao nosso cliente e acionistas”, afirma Maurício Botelho, CFO do Grupo Energisa.
Mercado de energia
Após um trimestre em queda, impactado pela pandemia de Covid-19, o consumo de energia voltou a crescer. Considerando os mercados cativo e livre, observa-se alta de 0,6% no terceiro trimestre (8.935,7 GWh) em comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado foi impulsionado pelas classes residencial, rural e industrial que apresentaram crescimentos de 5,9%, 9,7% e 4,1%, respectivamente.
O clima mais quente e seco ajudou a alavancar o consumo residencial, principalmente em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia; enquanto o consumo dos clientes rurais nesses estados foi impactado pelas melhores safras de soja e milho. Já a indústria alimentícia e de proteína animal contribuiu para o maior consumo da classe industrial. Os três estados apresentaram os maiores aumentos em volume do trimestre.
Endividamento em queda
O saldo da dívida líquida da companhia, deduzida dos créditos setoriais, foi de R$ 13.594,4 milhões em final de setembro, ante R$ 13.922,3 milhões em junho e R$ 13.699,5 milhões em março de 2020. Diante da melhoria da geração de caixa, houve redução no indicador de endividamento dívida líquida por Ebitda Ajustado, que passou de 3,7 vezes em junho para 3,3 vezes em setembro, o menor patamar de 2020.
“O esforço que empregamos em gerir de forma prudente o nosso negócio gera resultados positivos que podem ser observados neste trimestre. Conseguimos reduzir consistentemente as despesas e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade do serviço prestado aos nossos clientes. Assim, pudemos gerar valor para todos os stakeholders”, afirma Maurício Botelho.
O Grupo investiu R$ 646,5 milhões no trimestre, 25,7% a menos do que no período equivalente do ano anterior. A maior parte desse montante, R$ 440,6 milhões, foi aplicada nos ativos elétricos das distribuidoras.
Qualidade do serviço
As distribuidoras do Grupo alcançaram resultados positivos na prestação de serviços aos clientes, apesar dos impactos da pandemia. Dez das 11 concessionárias obtiveram desempenho melhor do que a meta da Aneel para os indicadores DEC (duração as interrupções) e FEC (frequência das interrupções) em setembro deste ano, inclusive alcançando seus melhores resultados históricos.
A Energisa Mato Grosso registrou os menores valores de DEC e FEC de sua história; enquanto a Energisa Mato Grosso do Sul conseguiu o mesmo feito em relação ao FEC. Já a Energisa Sul-Sudeste obteve seu melhor DEC. Em Rondônia e Acre também houve melhorias significativas. A EAC obteve o melhor DEC desde a chegada do Grupo Energisa ao estado e o melhor FEC da série histórica. Destacamos também a evolução da ERO que conseguiu reduzir em 10,3 horas o DEC e em 2,64 vezes o FEC na comparação com o terceiro trimestre de 2019.
Perdas de energia e inadimplência
Ainda sob efeito da pandemia, as perdas totais chegaram a 13,8% da energia injetada; mesmo nível de junho deste ano e 0,2 ponto percentual acima de setembro passado. O indicador foi afetado pelas restrições relacionadas às ações de contenção da pandemia, como a redução das ações de combate a perdas. Outro fator relevante é o chamado “impacto de base”: com a queda do consumo de energia; há uma redução do denominador da equação utilizada no cálculo das perdas, provocando uma alta no percentual.
Também impactada pela Covid-19, a taxa de inadimplência consolidada dos últimos 12 meses foi de 1,57%, crescimento de 0,35 ponto percentual em 12 meses. No entanto, para evitar o crescimento deste indicador, a Energisa adotou medidas para facilitar o pagamento das faturas, oferecendo condições especiais, como o parcelamento por cartão de crédito e a negociação através dos canais digitais de atendimento. Outra ação que vai ao encontro de combater a inadimplência é o cadastramento de clientes na tarifa social de baixa renda: dos 185.419 novos clientes residenciais incorporados no trimestre, 115.491 foram cadastrados nesta modalidade.
A Energisa Rondônia, porém, se destaca em ambos os indicadores; tendo reduzido as perdas de energia em 1,06 ponto percentual entre setembro de 2019 e o mesmo mês de 2020. A concessionária também reduziu em 1,66 p.p. a taxa de inadimplência em 12 meses. “Rondônia representa nossa capacidade de recuperação e transformação da empresa, mesmo durante um período tão difícil como a pandemia de Covid-19. Desde a nossa chegada ao estado, investimos em equipes, tecnologias e melhoria de processos, o que tem sido bastante eficaz”, comenta Maurício Botelho.
Transmissão
Como evento subsequente da divulgação dos resultados do terceiro trimestre, a Energisa informou que entrou em operação o seu segundo empreendimento no segmento de transmissão de energia. O lote 26, da Energisa Pará I (EPA I), foi energizado no dia 2 de novembro, somando R$ 318 milhões em investimentos. O empreendimento inclui 296 quilômetros da linha de transmissão SE Xinguara II – Santana do Araguaia (230 kV em circuito duplo); a nova subestação Santana do Araguaia 230/138 KV capacidade de 300 MVA e a ampliação da subestação Xinguara II (PA). Também no período, as duas linhas da Energisa Tocantins Transmissora (ETT) obtiveram suas licenças para a instalação. Ao todo, o Grupo possui quatro lotes de transmissão, arrematados em leilões realizados em 2017 e 2018. Juntos, possuem Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 194,9 milhões.