Hoje, no início da tarde, o futuro ministro da Fazenda de Lula, Fernando Haddad, irá se encontrar com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Como Haddad ainda é futuro e Campos Neto, presente, a reunião acontecerá na sede do BC.

Nosso Banco Central é autônomo desde o ano passado (Lei Complementar 179) e o mandato dos diretores, de quatro anos, não coincidentes com o do presidente da República, tal como acontece nos Estados Unidos.

Roberto Campos Neto não pode ser demitido a não ser que…

…a não ser que descumpra a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional, descumprimento esse que vem acontecendo desde que a Covid desarranjou a inflação mundial.

Nosso modelo (de metas inflacionárias) foi copiado da Nova Zelândia onde os diretores do Reserve Bank of New Zealand não só são obrigados a cumprir metas inflacionárias como até recebem um bônus de fim de ano quando o fazem.

Suponho… suponho, não, tenho quase certeza que Haddad e Campos Neto vão se entender.

Ambos estão em situação frágil. Campos, por causa do descumprimento da meta. Haddad, porque, antes de assumir o cargo, precisa enviar ao mercado uma mensagem de estabilidade monetária.

Não seria difícil para Lula pôr alguém de seu grupo político-econômico no BC, justamente por causa da meta descumprida. Para isso, bastaria ao presidente obter maioria simples no Congresso.

Mesmo que os detalhes do encontro Haddad não sejam revelados ao público, só o fato deles estarem trocando ideias é positivo para o mercado.

Um forte abraço,

Ivan Sant’Anna

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