As empresas brasileiras estão mira de criminosos cibernéticos. A afirmação é de Augusto Schmoisman, especialista em defesa cibernética corporativa, militar, aeroespacial e CEO da Citadel Brasil.
De acordo com ele, companhias de diferentes mercados, tamanhos ou modelos de negócios estão sendo alvo de ataques a cada dia.
“O Brasil é um dos principais alvos de ataques virtuais para as mais diversas finalidades, seja para chantagens e extorsões, roubo de informações ou para espionagem industrial. E se sua empresa está conectada, se ela utiliza tecnologia em seus processos, é uma certeza: ela também está na mira”, destacou.
E disse mais: “não me refiro apenas ao uso de alta tecnologia ou a modernos sistemas de desenvolvimento e produção. Falo de um simples computador conectado à internet ou do telefone sem criptografia, que você utiliza para falar com clientes, colaboradores e parceiros comerciais.”
Esses aparelhos, disse, são como “caixas de cristal”, totalmente transparentes para quem sabe como acessá-los. São portas de entrada para criminosos, que podem chegar a dados sigilosos, planos e estratégias comerciais da sua empresa, causando prejuízos financeiros a curto prazo ou até inviabilizando o seu negócio no futuro.
“E se você acha que sua companhia não corre este tipo de risco só porque nunca recebeu o contato de um hacker, ou qualquer tentativa de extorsão, saiba que nem sempre esse é o modus operandi. Lembre-se que quem rouba informações não avisa, mas pode estar, agora mesmo, passando seus dados adiante, inclusive para concorrência, e alimentando um processo de espionagem empresarial, sem que você nem desconfie”, frisou.
Empresas
Segundo Schmoisman, não existe projeto ou sistema 100% protegido. “Décadas de experiência em defesa cibernética corporativa e militar me ensinaram isso”, ressaltou.
Entretanto, disse que o maior problema está naquele que acredita estar seguro, por não tomar atitudes de precaução. “E é exatamente isso que ocorre nas companhias brasileiras e tem garantido o ‘sucesso’ dos ataques cibernéticos por aqui. Entre os especialistas, é unânime a opinião de que esses ataques só cresceram e estão cada vez mais sofisticados, enquanto isso, as empresas não possuem capacidade eficaz de defesa contra eles”, destacou.
Conforme o especialista, no Brasil e na América Latina em geral há uma questão cultural bastante forte. “É um país ainda muito imaturo no que se refere à gestão de riscos. A maioria das empresas tem dificuldade em avaliar os riscos e, como resultado, não consegue desenvolver planos para minimizá-los.”
E acrescentou: “também não há uma devida atenção ao assunto, visto que empresários e executivos não acreditam que possam ter seus negócios atacados. E mesmo nos casos em que sofrem com invasões, não costumam mudar de postura ou tomar providências, talvez, por não compreenderem o que está em jogo.”
O especialista elencou que esta é a razão pelas qual os criminosos estão cada vez mais ousados. “A implementação bem-sucedida de um eficaz escudo defensivo em torno da informação depende, principalmente, da consciência da organização em relação aos riscos e sua capacidade de se proteger”, disse.
E complementou: “a mente de quem ataca é muito diferente daquela de quem está se defendendo. É necessário compreender isso, conhecer vulnerabilidades, prever e se antecipar aos problemas.”
De acordo com ele, a capacidade econômica, uma cultura organizacional madura em relação à segurança da informação e a presença de mão de obra qualificada também são requisitos importantes para aqueles que querem proteger, verdadeiramente, os seus negócios. “Isso passa por uma mudança de comportamento, de consciência e de visão dos executivos e lideranças das companhias. Somente desta forma eles conseguirão garantir a sobrevivência em um mundo cada vez mais conectado”, concluiu.
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