A empresa realizou reunião com analista onde foram detalhados seus planos para redução de risco e o redesenho do negócio, o que deve levar a uma melhor avaliação pelo mercado. Os focos destes planos estão na reparação dos danos em Brumadinho, com aumento da segurança das operações, melhorias nas práticas de ESG, solução dos problemas em negócios que drenam caixa e a captura das oportunidades de crescimento.
A apresentação mostrou também que a Vale deve voltar a remunerar os investidores em taxas elevadas, dado o grande potencial de aumento da produção, das vendas e do lucro.
Os principais pontos discutidos na reunião foram os seguintes:
Minério de ferro
• Aumento da participação dos produtos premium (mais puros e com preços mais elevados) deve sair 84% das vendas totais para 90% nos próximos anos;
• Capacidade de produção atual (318 milhões de toneladas ao ano) deve subir no primeiro momento para 400 e depois 450 milhões t/ano;
• No Sistema Norte, as minas de Serra Norte e Leste devem aumentar suas capacidades dos atuais 114 milhões t/ano para 140 milhões t/ano em 2022 e 2023;
• A produção no Projeto S11D deve aumentar dos atuais 88 milhões de toneladas para 120 milhões t/ano no primeiro semestre de 2024. Este projeto, denominado Serra Sul 120 vai custar US$ 1,5 bilhão;
• No Sistema Sul, a Vale vai trabalhar em vários sites para melhorar as condições das barragens, em sua segurança e aumento da capacidade;
• A esperada retomada na produção nas minas hoje paralisadas, juntamente com novos investimentos; deve levar a produção do Sistema Sudeste da condição atual (63 milhões t/ano) para 108 milhões t/ano;
• A volta na produção da mina de Fábrica, permitirá a retomada da produção de pelotas naquele site, que hoje está paralisada, para 6 milhões de t/ano ao final de 2021;
• No Sistema Sul, a produção deve crescer, com a retomada das minas bloqueadas, dos atuais 51 milhões de t/ano para 82 milhões t/ano.
Reparação de danos em Brumadinho
• Já foram “gastos” mais de R$ 10 bilhões, em acordos assinados (alguns já pagos);
• Provisões são adequadas (US$ 4,0 bilhões), sendo que 90% dos desembolsos vão ocorrer até 2020;
• O Plano de Descaracterização de barragens (14 no total), já teve uma concluída e duas outras serão finalizadas até dezembro de 2020;
• Evolução das práticas de ESG (em português, Ambiental, Social e de Governança): A Vale vem trabalhando em várias frentes para melhorar estas práticas, das quais são destaques: redução das emissões de carbonos, novo pacto com a sociedade, aumento do número de mulheres na força de trabalho, criação da Diretoria de Compliance e estabelecimento do due diligence de direitos humanos.
Redutores de caixa: a empresa está resolvendo três questões importantes que levam a perdas de caixa, que são:
• VNC (perda de US$ 350 milhões em 2020 – aproximadamente): A refinaria já foi fechada no 2T20 e a Vale vai sair da operação. A solução deve vir no ano que vem;
• Carvão (US$ 1,1 bilhão): Já foi definido um novo plano de lavra e a reforma da planta de beneficiamento vai começar em novembro/2020. A solução dos problemas neste negócio deve ocorrer em 2022;
• Samarco (US$ 200 milhões): A retomada nesta operação já foi aprovada pelas autoridades e deve ocorrer, efetivamente, até dezembro deste ano. As perdas nesta operação já não devem ocorrer no ano que vem;
• Fluxo de caixa: Com base nas expectativas médias do mercado para o EBITDA em 2020 (US$ 17,5 bilhões), a empresa estimou um ganho de caixa no ano entre US$ 6,1 bi e US$ 7,3 bi;
• Endividamento: A meta é trazer a “dívida líquida expandida” dos atuais US$ 15,3 bilhões para US$ 10 bilhões.
Nos últimos doze meses, VALE3 subiu 28,8%, enquanto o Ibovespa teve uma desvalorização de 3,1%. A cotação desta ação no último pregão (R$ 60,97) estava 4,6% abaixo da máxima alcançada neste ano e 87,9% acima da mínima.