A empresa divulgou na noite de ontem seus resultados do 4T20, que mostraram um grande salto no lucro, beneficiado pela valorização do real e por reversões de impairment e dos gastos passados do plano AMS.

O lucro líquido recorrente da Petrobras no 4T20 foi de R$ 28,4 bilhões (R$ 2,18 por ação), que foi 120,1% maior que no mesmo trimestre de 2019 e nove vezes superior ao do 3T20.

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou ontem, o pagamento de dividendos no valor de R$ 10,3 bilhões (R$ 0,787446 por ação ordinária ou preferencial). Terão direito a este provento os acionistas da empresa no dia 14 de abril próximo, com o pagamento sendo realizado em 29/4. O valor deste dividendo equivale a um retorno de 3,2% para os detentores de PETR4, considerando sua cotação no final do pregão de ontem.

O volume total vendido pela Petrobras no 4T20 caiu 1,8%, por conta da redução das vendas internacionais (44,0%). No mercado interno de derivados ocorreu um crescimento de 2,3%, sustentado pelos fortes aumentos nas vendas de diesel (8,2%) e de óleo combustível (37,8%).

As exportações e importações caíram no 4T20. No entanto, o volume de exportações caiu menos (1,6%) que as compras do exterior (32,5%), levando a um aumento de 20,0% no saldo destas operações. A redução das exportações ocorreu pelas quedas nas vendas de derivados (52,4%) e de petróleo (4,5%). Já nas importações, as maiores contrações vieram das compras de petróleo (27,3%) e diesel (49,3%).

Também impactou negativamente a receita do trimestre a redução do preço médio dos derivados. No 4T20, o preço médio dos derivados no mercado interno foi de R$ 269,08 por barril, 12,8% menor que no 4T19. Isso ocorreu pela redução nos preços do Brent (30,1%), que não foi compensado pela desvalorização do real.

Os custos de produção caíram no 4T20. No trimestre, o lifting cost no Brasil sem participações governamentais e afretamento foi de US$ 5,61 por barril, valor 14,1% menor que no 4T19, em consequência da desvalorização do real e de maior produção no pré-sal. O custo de refino no
Brasil durante o 4T20 (US$ 1,41/barril) ficou 35,8% menor em 2019, principalmente em decorrência de ganhos de estoque.

Um dos pontos mais importantes no resultado deste trimestre foi a reversão de impairment, no valor de R$ 30.970 milhões. Isso foi feito em função das novas estimativas de preço para o petróleo Brent e também de câmbio, aprovadas no Plano Estratégico 2021-25. Este valor é apenas parte do impairment contabilizado no 1T20 de R$ 65,3 bilhões.

Outro ganho não recorrente no 4T20 foi a contabilização em Outras Receitas de reversão dos gastos passados do plano Assistência Multidisciplinar de Saúde – AMS (R$ 13,1 bilhões), em decorrência da revisão de obrigações da Petrobras.

O resultado financeiro no 4T20 foi positivo em R$ 6,8 bilhões, contra um número negativo de 6,6 bilhões no 4T19. Este resultado no trimestre ocorreu pelos ganhos com a valorização do real de R$ 13,8 bilhões.

Ao final de 2020, a dívida líquida da Petrobras (incluindo arrendamentos) era de R$ 328,3 bilhões, 12,1% abaixo do trimestre anterior, mas 3,3% maior que no 4T19. Este aumento em 12 meses decorreu da desvalorização do real e a redução no trimestre pode ser creditada à maior geração de caixa.

Nossa recomendação para PETR4 é de Compra com Preço Justo de R$ 26,00 (potencial de alta em 7%). Em 2021, esta ação caiu 13,9% e Ibovespa teve uma queda foi de 2,8%. A cotação de PETR4 no último pregão (R$ 24,40) estava 23,2% abaixo da máxima alcançada em doze meses e 124,9% acima da mínima deste período.

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte