Nesta terça-feira, 19 de novembro, se comemora o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino. Essa data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e completa 10 anos em 2024.
As mulheres representam, atualmente, cerca de um terço, ou 33%, dos donos de negócios no Brasil, que soma 10,1 milhões de empresas. Deste total, 83,72% não tem sócios e seguram seus empreendimentos sozinhas. E 65,41% não tem CNPJ aberto – ou seja, atuam por meio da informalidade.
Os dados foram retirados do Painel de Empreendedorismo Feminino, do Sebrae, com informações da PNAD Contínua, do IBGE, até o último trimestre de 2023.
No mercado financeiro, grande parte das lideranças ainda são masculinas, mas ainda assim, muitas mulheres se destacam no mundo dos investimentos.
Uma delas é Thaissa Braz, fundadora e CEO da Astra Capital, empresa de gestão de patrimônio personalizada e parceira do BTG Pactual. Para Braz, empreender sempre foi algo que esteve dentro dela. Apesar dos desafios, ela pontuou que o caminho até ser CEO ocorreu de forma natural.
“Após mais de 15 anos no mercado financeiro, tanto no Brasil quanto no exterior, o fato de ser um ambiente majoritariamente masculino já não me intimida. Enfrentei muitas situações de machismo, algumas bem desafiadoras, que me fortaleceram para hoje estar como CEO da minha empresa. Embora o caminho seja doloroso, não devemos nos intimidar por sermos a minoria”, afirmou.
Além disso, a fundadora da Astra ressaltou que o maior desafio como empreendedora é equilibrar todos os “pratinhos” ao mesmo tempo.
“Mulher, esposa, mãe, filha, empreendedora… por natureza, já somos sobrecarregadas, e, na empresa, há ainda mais responsabilidades a gerenciar: contratação de equipe, relacionamento com clientes, institucional, interação com os sócios, expansão dos negócios, receita, captação de recursos. Para empreender, acredito que o maior desafio é ‘cuidar’ de tudo da melhor forma possível, conciliando com a vida pessoal, que sempre será o pilar mais importante para manter uma saúde mental equilibrada”, afirmou.
O mercado corporativo é fechado para mulheres que querem crescer?
O ambiente corporativo pode ser esmagador para lideranças femininas. Sem a motivação, muitas mulheres desistem de crescer dentro de grandes companhias e até mesmo de terem seus próprios negócios.
Para Thaissa, ainda existe uma certa hipocrisia por parte de instituições do mercado financeiro no que se refere a mulheres em cargos de front office (linha de frente) e liderança.
“Muitas empresas promovem que têm 50% do quadro composto por mulheres, mas, ao observar mais de perto, percebe-se que nos cargos de maior relevância, liderança e salários altos, esse percentual dificilmente chega a 10% ou 15%”, observa.
Para Tamara Kostova, CEO da Velexa, ainda se observa a falta de mentoria e modelos que possam orientar as mulheres nos desafios para avançar no ambiente corporativo. Para ela, medidas precisam ser mais eficazes.
“Várias organizações sem fins lucrativos e focadas em mulheres estão se mobilizando para apoiar talentos femininos na superação desses obstáculos. No entanto, para impulsionar uma mudança real, medidas mais rigorosas precisam estar em vigor, como políticas governamentais”, afirmou.