(*) Claudia Sérvulo
Assumir a coordenação do Grupo de Trabalho sobre Ética, GRC (Governança, Riscos e Compliance) e Sustentabilidade na Associação Brasileira de Profissionais para o Desenvolvimento Sustentável (ABRAPS) é uma oportunidade emocionante e gratificante para mim.
Com mais de duas décadas de experiência profissional, trilhei um caminho diversificado, explorando várias facetas do mundo corporativo, do setor público e do terceiro setor. Trabalhei nas Nações Unidas no Brasil e na Bósnia-Herzegovina e tive a oportunidade de contribuir para empresas de diferentes setores, incluindo resíduos, energia limpa, saneamento, infraestrutura e a indústria farmacêutica.
Essa jornada foi marcada por desafios e decisões complexas que enriqueceram minha compreensão da ética, governança e questões sociais e ambientais, conhecidas como ESG (Meio Ambiente, Social e Governança). Minha paixão por esses temas começou nos meus dias de estudante de Direito e continuou com minha especialização em psicologia e meu MBA em gestão estratégica da comunicação. Agora, liderar este grupo de trabalho representa uma oportunidade para aprofundar ainda mais meu envolvimento com esses temas essenciais.
Ao longo da minha carreira, me deparei com dilemas éticos em contextos multiculturais. A experiência de trabalhar em ambientes diversos me ensinou a importância de levar em consideração várias dimensões no processo de tomada de decisões, seja no setor público, privado ou social. A ética, para mim, não é apenas um conjunto de princípios abstratos; ela é um guia prático que molda o comportamento humano e a cultura organizacional. Essa dimensão ética impacta diretamente o sucesso e a sustentabilidade das organizações e a qualidade das relações que construímos ao longo da vida e que sustentam nosso legado pessoal.
Neste grupo de trabalho, estou ansiosa para compartilhar minha experiência e conhecimento, ao mesmo tempo em que estou entusiasmada para aprender com meus colegas e parceiros de trabalho. Juntos, estamos empenhados em contribuir com a sociedade, estabelecendo um hub difusor e criador de conhecimento e práticas relacionadas à ética e sustentabilidade. Acredito firmemente que abordar essas questões de forma profunda, autêntica e corajosa seja fundamental para avançar no aprendizado e no desenvolvimento de inovações que beneficiem tanto indivíduos quanto organizações. Estou verdadeiramente empolgada por fazer parte deste esforço coletivo.
Entendo que a ética desempenha um papel crucial na vida cotidiana das pessoas, orientando escolhas que vão desde decisões pessoais até interações sociais. Princípios éticos, como honestidade, empatia e respeito, são fundamentais para a construção de relacionamentos saudáveis e para a convivência em sociedade. Esses princípios são visíveis em ações simples, como tratar os outros com cortesia e cumprir obrigações com seriedade e responsabilidade.
No mundo dos negócios, a ética desempenha um papel fundamental na construção de marcas sólidas e na manutenção da confiança das partes interessadas, os stakeholders. Empresas conscientes adotam práticas comerciais transparentes, evitam a exploração de funcionários e clientes e assumem a responsabilidade por seu papel social. Para além do lucro imediato, essas empresas buscam impacto, certificando-se de que a forma como operam esteja alinhada com seus valores. Isso porque, sabem que a longo prazo, a integridade empresarial é essencial para o sucesso sustentável e, por isso, vão além de uma atuação apenas em conformidade.
A ética vai além do mero cumprimento de regras; ela envolve considerar contextos complexos e tomar decisões informadas, mesmo quando as regras não são claras ou estão ausentes. O compliance, por outro lado, garante a legalidade das operações da empresa. Ambos são fundamentais para uma cultura empresarial sólida.
É importante reconhecer, no entanto, que a ética não é um conceito monolítico, mas sim influenciado por diferentes tradições filosóficas, culturas e contextos históricos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada em 1948 como resposta às atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas são iniciativas no sentido da universalização da ética que promovem valores como justiça social, igualdade, proteção ambiental e erradicação da pobreza em âmbito global.
Embora diferentes perspectivas éticas enriqueçam nossa compreensão, a busca por valores compartilhados é fundamental para criar um mundo mais justo e sustentável. A diversidade de visões sobre o que consideramos certo e errado enquanto humanidade nos desafia e nos convida a reforçar a urgência da adoção de uma ética universal que não deixe ninguém para trás.
(*) Claudia Sérvulo é executiva de governança corporativa, ESG e comunicação. Tem vivência internacional, tendo ocupado cargos de gerência de programas em agências das Nações Unidas, no Brasil e na Bósnia-Herzegovina, e atuado em governos e na iniciativa privada nos setores de saúde, infraestrutura, energia, saneamento básico e resíduos. É sócia da Dabar Branding, ESG e Consultoria.