Vivemos em uma era em que a única certeza é a ruptura. Diversos são os motivos, seja por questões de um novo conceito tecnológico, tal como multiverso e a crescente mudança do concreto para o digital, ou por questões associadas ao meio ambiente e saúde, em que precisamos agir diferente para manter os recursos naturais essenciais para a vida humana ou para lidarmos com mutações que podem trazer doenças ou pragas, dizimando vidas e alimentos. Esta incerteza, complexidade, ambiguidade, para não se falar da volatilidade econômica que isto causa, acarreta grande ansiedade aos seres humanos. E neste cenário, é crítico o desenvolvimento e criação de novos conceitos e comportamentos para as relações no ambiente de trabalho. E é neste sentido, que entra a empatia como um dos comportamentos e habilidades socioemocionais chaves para ser aprimorada e aplicada de forma efetiva nas organizações.
A empatia no ambiente de trabalho tem sido abordado ano após ano no Fórum Econômico Global, dentro do conceito da nova era do trabalho e dos comportamentos e habilidades socioemocionais (soft skills) que precisam ser desenvolvidas e aprimoradas para que os negócios consigam prosperar dentro do conceito da humanização do trabalho, em que as pessoas sejam vistas como pertencentes ao ambiente de criação e implementação, e que entreguem sua melhor performance. E ainda para auxiliar na redução significativa do número de profissionais que enfrentam a síndrome do burnout, que tem sido comum e usual nos tempos atuais de excesso de informação e velocidade de atuação.
Na linha de provar a importância e o impacto de se investir na implementação de uma cultura de empatia, foi criado em 2016 o Índice Global de Empatia, o qual tem sido analisado e revisado anualmente. A evolução deste índice tem demonstrado sucesso e retorno ao investimento quando aplicado de forma assertiva e recorrente, iniciando-se do topo e cascateando a todos os níveis da organização, e garantindo que os líderes engajem-se de forma genuína.
Na análise do último relatório emitido, as 10 primeiras empresas com melhores índices de empatia demonstraram uma lucratividade 2 vezes maior que as 10 piores, uma receita com crescimento anual de aproximadamente 6% visa vis uma redução de 9% das piores e uma produtividade 50% maior no índice de lucro por funcionário. Além de provar que há um reconhecimento aumento no índice de engajamento,
inovação e retenção profissional, pois há melhora no fluxo de comunicação, por conseguinte do nível de entendimento do que precisa ser feito, melhorando reciprocidade e comprometimento. E este ambiente reduz o nível de incerteza das pessoas, principal gerador de ansiedade e tensão, causador de absenteísmo e alto turnover.
E como associar este tema a Governança Corporativa?
Claramente quando falamos de negócios e ações que trazem impacto para os resultados, estamos falando de uma gestão de negócios, rapidamente associada ao termo Governança. Entretanto, quero provocar a avaliação se você já teve a discussão deste tema em sua empresa ou na empresa que representa enquanto executivo. Se há a divulgação deste índice em sua empresa e como está a evolução anual, aliado aos planos de ação para melhoria contínua.
Se a resposta for não, será que há espaço para aprimorar seu ambiente de Governança Corporativa?
Uma corporação com uma Governança robusta possui uma gestão de riscos que vai além de dados internos e de olhar para o retrovisor, e busca antecipar-se com olhar para o futuro e para o ambiente externo, viabilizando uma avaliação holística e sistêmica, e uma implementação ágil e assertiva de planos de ação para viabilizar que o negócio continue a prosperar. Possui também um ambiente de controles abrangentes revisados regularmente para atender os objetivos e necessidades do negócio, tais como cultura organizacional, tom que vem da alta liderança, estrutura organizacional, processo de pessoas e estrutura de compliance.
Recomendo a leitura do relatório State of Workplace Empathy pela Business Solver. Vale a pena conferir e agir. Além do retorno financeiro que a empresa terá, você e os profissionais no seu entorno serão beneficiados por uma melhor qualidade de vida e saúde mental.
Regina Biglia
Regina Biglia é executiva de finanças associada ao W-CFO Brasil e com vivência 360º das
áreas de finanças em grandes indústrias multinacionais dos segmentos de auditoria e
consultoria, farmacêutico, alimentos e bebidas e de alumínio. Com sólida experiência em
Governança Corporativa e histórico comprovado de sucesso na liderança para elevar o
patamar da maturidade da governança local. É uma líder apaixonada por pessoas,
explorando o melhor potencial de cada, e pelo mindset digital em que a tecnologia vem para
facilitar a experiência do usuário. É coach e mentora com foco em Governança Corporativa
e desenvolvimento de líderes para conectar mentes e organizações em alta performance. É
uma pessoa comprometida com os aspectos sociais e de desenvolvimento do ser humano
atuando enquanto palestrante e mentora em instituições sociais e escritora em coautoria de
livros que promovem a inclusão e diversidade.