Hoje foi dia de um dos feriados mais importantes dos EUA (Ação de Graças), seguido da grande liquidação Black Friday, significando que a semana para os americanos meio que terminou ontem.
Assim, todos os mercados do mundo sentem o encolhimento da liquidez, e há perda do referencial de preços dos ativos. Porém, a Bovespa começou timidamente em queda, mas ainda antes do início da tarde reverteu para alta e se manteve, ganhando novamente o patamar de 108.000 pontos do índice e na contramão dos mercados da Europa. Isso não foi prerrogativa da Bovespa, já que a Bolsa de Mumbai na Índia também bateu recorde histórico e pelo segundo dia seguido.
No cenário externo, poucas notícias mexerem com os investidores e alguma apreensão com as relações comerciais entre os EUA e a China, já que ontem o presidente Donald Trump sancionou lei sobre direitos humanos, dando apoio aos manifestantes em Hong Kong. Na Alemanha, a inflação medida pelo CPI de novembro (consumidor) registrou deflação de 0,8% (previsto era -0,5%) e a taxa anualizada em +1,1%. No Uruguai, o candidato Lacalle Pou, foi considerado vencedor das eleições, e esse era o candidato de Bolsonaro.
No mercado internacional, com liquidez bem restrita o petróleo WTI negociado em NY mostrou alta de 0,22%, com o Barril cotado a US$ 58,24. O euro em alta para US$ 1,101. O ouro encerrou em alta e a prata em queda na Comex e commodities agrícolas tiveram comportamento misto na última sessão. O minério de ferro na China registrou alta de 0,63%, com a tonelada negociada em US$ 88,11.
No segmento local, o Governo Central registrou superávit primário em outubro de 8,67 bilhões e no ano atingindo déficit R$ 63,85 bilhões. O INSS teve déficit primário de R$ 14,6 bilhões. As receitas tiveram crescimento real de 1,1% até outubro e as despesas encolheram 1,0%. Segundo o secretário do Tesouro, Mansueto de Almeida, o déficit da Previdência deve chegar em R$ 314,4 bilhões (algo como 4,4% do PIB e não se espera espaço para investimentos públicos em 2020 e 2021. Mansueto adiantou que o BNDES ainda deve devolver cerca de R$ 30 bilhões ao Tesouro em 2019.
Os investidores também mandaram, fazendo conta dos efeitos das mudanças produzidas pelo CMN ontem e o Bradesco entende que as mudanças no cheque especial podem encolher o lucro dos bancos em 5%. Do lado político, os senadores querem excluir o Congresso e o Judiciário do contingenciamento na PEC emergencial. Segundo a área econômica, as reformas administrativa e tributária necessitam amadurecer e o “timing” não é o desejado, mas o viável.
O STF conseguiu maioria para aprovar o compartilhamento de dados entre a Receita e outros órgãos de forma ampla, assim como o COAF, atual UIF. Já a Petrobras anunciou seu plano quinquenal, com investimentos no período de US$ 75,7 bilhões desinvestimentos da ordem de US$ 20/30 bilhões (com boa parte em 2020 e 2021 e manutenção da alavancagem em 1,5 x. Espera fazer isso com geração em caixa e quer remunerar melhor os acionistas com a produção de óleo e gás crescendo em todos os anos do plano. Achamos perfeita a atitude da empresa.
No mercado, os DIS tiveram dia de queda de juros para todos os vencimentos mais líquidos e o dólar acabou ficando comportado e encerrou o dia com queda de 1,02% e cotado a R$ 4,215. Na Bovespa, os investidores estrangeiros seguiram sacando recursos de forma forte e na sessão de 26/11 saíram R$ 2,07 bilhões, perfazendo no mês, retiradas de R$ 7,7 bilhões. No ano de 2019, já sacaram R$ 38,12 bilhões.
No mercado acionário, dia de queda dos mercados na Europa, com Londres perdendo 0,18%, Paris com -0,24% e Frankfurt com -0,31%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 0,04% e 0,61%. Os futuros do mercado americano fecharam mais cedo e todos apresentando retração. Na Bovespa, dia de alta de 0,54% e índice em 108.290 pontos.
Na agenda de amanhã, teremos a confiança do setor de serviços, dados da PNAD contínua do trimestre encerrado em outubro, o IPP (preço do produtor) de outubro e a nota de política fiscal. No mercado americano nenhum dado será apresentado.
Alvaro Bandeira
Economista-chefe do banco digital Modalmais
