Caro Investidor!
Parafraseado a música de Marcelo D2, Em busca da partida perfeita, se você é da turma que anda preocupada com a performance do Ibovespa nos últimos tempos (e com razão), melhor é ver o copo meio cheio e buscar a sua carteira perfeita. Apesar das sucessivas quedas do índice, incertezas no cenário econômico, a frustração do mercado com o pacote fiscal do governo, e agora com a nova taxa de juros em 12,25% a.a., construir uma carteira de dividendos defensiva é uma oportunidade.
De acordo com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, Petrobras (PETR4), Caixa Seguridade (CXSE3) e Itaú (ITUB4) não apresentam grande potencial de valorização, mas são boas pagadoras de dividendos. “Essas empresas têm se mostrado consistentes no pagamento de dividendos e, apesar dos próximos meses serem desafiadores, especialmente no cenário político e econômico, devem navegar com relativa tranquilidade”, comenta.
Já em relação a ativos mais descontados e com potencial de valorização, ele vê praticamente toda a bolsa com preços abaixo do justo, “mas isso é justificado pela falta de interesse do investidor brasileiro, dos fundos de pensão e dos investidores estrangeiros no mercado de ações brasileiro”.
E de acordo com o estrategista, esse cenário não deve mudar rapidamente, “já que a expectativa é de que os juros continuem subindo, podendo chegar a 14% ou mais no próximo ano, o que vai fortalecer o fluxo de recursos para a renda fixa e reduzir o apetite por ações, mesmo aquelas com boas perspectivas de valorização”.
Na visão de Cruz, quanto à carteira de investimentos para o cenário atual, ela deve ser defensiva, “priorizando empresas exportadoras e companhias do setor financeiro mais consolidadas. Petrobras tem uma perspectiva favorável. Fora isso, o cenário exige cautela”, comenta.
Petrobras (PETR4)
Pontos positivos:
- Histórico de dividendos: conhecida por distribuir dividendos consideráveis aos seus acionistas.
- Empresa de grande porte: atua em um setor estratégico da economia brasileira e possui uma base sólida de clientes.
- Potencial de valorização: a valorização das ações pode ser significativa em cenários de alta dos preços do petróleo.
Pontos de atenção:
- Volatilidade: as ações da Petrobras são conhecidas por sua alta volatilidade, ou seja, podem apresentar grandes oscilações de preço em curto prazo.
- Dependência do preço do petróleo: os resultados da empresa estão diretamente ligados à cotação do petróleo no mercado internacional.
- Pressões para transição energética: a crescente demanda por fontes de energia renováveis pode impactar os negócios da Petrobras a longo prazo.
Alívio
De acordo com os analistas do BTG Pactual, após a divulgação do Plano de Negócios de 5 anos da Petrobras, a impressão é de que o sentimento geral é de alívio. “O desempenho das ações reflete o efeito da redução da percepção de risco de uma curva de investimentos que não compromete a capacidade de sustentar pagamentos robustos de dividendos no futuro”, comentam.
No relatório da carteira de dividendos para dezembro, o BTG destaca que a empresa está crescendo (4% CAGR nos próximos 5 anos), e este crescimento proporciona um ROIC marginal maior, uma vez que os custos de exploração/produção do seu principal motor de crescimento – o pré-sal – estão entre os menores globalmente.
“Além disso, a exposição da tese ao dólar acaba sendo um ponto de proteção ao portfólio nesse momento de um real desvalorizado. Com as ações sendo negociadas com um valuation descontado e oferecendo uma forte geração de caixa (FCFE) e custos mais baixos, a Petrobras é a opção mais segura em nossa cobertura de Petróleo & Gás”, afirmam os analistas.
Para a XP Investimentos, que também recomenda a Petrobras, considera que as ações da empresa tiveram uma performance bastante positiva em novembro, “com a confirmação de resultados trimestrais positivos, anúncios de distribuição de dividendos e a introdução de seu novo plano estratégico”.
O time da Nova Futura justifica a escolha da empresa porque a Petrobras é conhecida por seu papel estratégico na economia do país e por ser uma das maiores petrolíferas do mundo. “A empresa enfrenta desafios significativos, incluindo flutuações nos preços internacionais do petróleo, questões de governança e sustentabilidade ambiental, mas continua a ser um pilar essencial para o setor energético global e nacional.”
A Planner ressalta os dividendos. O Conselho de Administração da companhia aprovou a distribuição de dividendos extraordinários no valor de R$ 20 bilhões, equivalente a R$ 1,55174293/ação. A data base é 11/12 com as ações negociadas “ex” a partir de 12/12. O pagamento ocorrerá em 23.12.2024 com retorno estimado de 4,0%.
Caixa seguridade (CXSE3)
Pontos positivos:
- Dividendos: historicamente, a Caixa Seguridade distribui bons dividendos para seus acionistas. Isso pode ser atrativo para quem busca uma renda extra e está disposto a investir a longo prazo.
- Estabilidade: a empresa está ligada à Caixa Econômica Federal, o que pode proporcionar uma certa estabilidade aos seus negócios.
- Crescimento do mercado de seguros: o mercado de seguros no Brasil tem apresentado um crescimento constante, o que pode beneficiar a Caixa Seguridade a longo prazo.
Pontos de atenção:
- Volatilidade do mercado: assim como qualquer outro investimento em ações, o valor das ações da Caixa Seguridade pode sofrer oscilações significativas, influenciadas por fatores como juros, inflação e conjuntura econômica.
- Concorrência: o setor de seguros é bastante competitivo, com a presença de grandes empresas nacionais e internacionais.
- Riscos específicos da empresa: como qualquer outra empresa, está sujeita a riscos específicos, como mudanças na legislação, problemas operacionais e riscos de crédito.
A Planner recomenda a Caixa Seguridade para dezembro. Motivos: as ações CXSE3 estão sendo negociadas ex dividendos de R$ 0,234/ação referentes ao 2T24 desde 05/11, com retorno de 1,6%. O Conselho aprovou a distribuição de dividendos intercalares referentes ao 3T24, no valor de R$ 930 bilhões (R$ 0,31/ação). Os dividendos serão pagos no dia 17.01.2025 e terão como base a posição acionária de 03.01.2025, sendo as ações negociadas ex-dividendos a partir de 6 de janeiro de 2025. O retorno estimado é de 2,1%.
A CXSE3 subiu 11% no acumulado do ano, o que a torna uma das ações de melhor desempenho no universo de cobertura do setor financeiro este ano do BTG Pactual.
“Dado o ambiente de taxas de juros mais altas, também observamos um aumento na demanda de investidores que estão migrando para o setor de seguros, cujas ações têm tido um desempenho nitidamente forte no Brasil nos últimos 10 anos. Seu resultado do 3T24 ficou ~5% acima da nossa estimativa e do consenso, impulsionado, principalmente, por um sólido desempenho operacional e resultados financeiros melhores que o esperado das subsidiárias. Suas ações são negociadas com um múltiplo de 10,2x P/L e uma estimativa de dividend yield de 8,6% para 2025.”
Itaú (ITUB4)
Pontos Positivos:
- Líder de mercado: o Itaú é o maior banco privado do Brasil, com uma forte marca e ampla base de clientes. Isso confere maior estabilidade e solidez à empresa.
- Dividendos: o banco tem distribuído dividendos consistentes para seus acionistas. Para quem busca renda passiva, essa pode ser uma característica atrativa.
- Diversificação: ao investir no Itaú, a pessoa está investindo em um conglomerado financeiro que atua em diversas áreas, como crédito, seguros e investimentos. Isso pode ajudar a diversificar a carteira.
- Potencial de crescimento: o setor bancário brasileiro, em geral, apresenta um bom potencial de crescimento, e o Itaú, como líder do mercado, tende a se beneficiar desse crescimento.
Pontos de atenção:
- Volatilidade do mercado: o preço das ações, incluindo ITUB4, está sujeito a flutuações, podendo apresentar momentos de alta e baixa volatilidade.
- Cenário econômico: a performance do Itaú está diretamente ligada ao desempenho da economia brasileira. Um cenário econômico adverso pode impactar negativamente os resultados da empresa.
- Concorrência: o setor bancário é altamente competitivo, com a presença de grandes bancos nacionais e internacionais.
- Taxas de juros: as taxas de juros influenciam diretamente a margem de lucro dos bancos. Uma queda nas taxas de juros pode pressionar a rentabilidade do Itaú.
“Estamos mantendo o Itaú por mais um mês. O negócio bancário varejista brasileiro mudou drasticamente, particularmente no segmento de baixa renda, e acreditamos que o Itaú fez um ótimo trabalho (o melhor entre os incumbentes) aceitando e se adaptando ao cenário de mudanças, o que acreditamos que permitirá que seu ROE sustentável aumente a diferença em relação aos pares”, afirma o relatório do BTG Pactual.
Isso porque no 3T, o Itaú registrou outro trimestre forte, com ROE de 22,7%. Além disso, segundo os analistas do BTG, o banco também está operando com excesso de capital, o que deve se traduzir em dividend yields mais altos no próximo ano.
“A iniciativa One Itaú também é um tema muito discutido, embora ainda seja difícil ‘tangibilizar’ sua importância para a tese de investimento. Com essa atualização da marca/abordagem e o super aplicativo One Itaú, o banco também passou do modo de defesa para o modo de ataque. O banco não quer ser um “seguidor rápido”, mas sim um “pioneiro”, sempre orientado por uma visão que prioriza o cliente”, explicam os analistas.
Para os analistas, as ações do Itaú devem superar o desempenho de seus pares privados, Bradesco/Santander, pelo terceiro ano consecutivo. “Não acreditamos que isso mude nos próximos 12 meses. Negociadas a 7,2x P/L para 2025 e 1,7x P/VP, o valuation do Itaú é atraente.”
Segundo a XP Investimentos segue sendo o melhor player entre os bancos incumbentes. “Revisamos os números na última semana e mantivemos como nossa Top Pick.”