A Eletrobras registrou um lucro líquido de R$ 1,3 bilhão no 4T20 com queda de 44% ante o 4T19 (R$ R$ 2,3 bilhões). Dentre os principais fatores que impactaram o resultado do trimestre e explicam a redução, destaque para:

• O crescimento de R$ 1,43 bilhão das receitas de transmissão, reflexo da revisão tarifaria das concessões de transmissão prorrogadas, concluída em junho de 2020;

• Provisões para contingências de R$ 3,1 bilhões, com destaque para R$ 2,3 bilhões relativos às contingências judiciais que discutem a correção monetária de empréstimo compulsório;

• O impacto do impairment realizado na usina de Candiota III, no valor de R$ 611 milhões;

• Provisão para perdas em investimentos de R$ 568 milhões, com destaque na Holding, devido ao efeito negativo das SPE Hermenegildo I, II, III, SVP e Chuí IX.

Dividendos

Com base no resultado de 2020 o conselho de administração vai submeter à AGO prevista para 27 de abril, a proposta de pagamento de dividendos no valor de R$ 1,507 bilhão, equivalente a R$ 1,03814345290052 por ação PNA e PNB; e R$ 0,94376677536411 por ação ordinária.

• Os valores dos dividendos ora propostos serão atualizados pela taxa Selic, desde 01 de janeiro de 2021 até a data do efetivo pagamento. Com base na cotação de R$ 33,22 para ELET3 o retorno é de 2,84%. Tomando a cotação de R$ 34,02 para ELET6 o yield é de 3,05%.

Destaques

O EBITDA no 4T20 foi negativo em R$ 299 milhões e se compara a R$ 3,2 bilhões reportados no 4T19. Tomando por base o EBITDA recorrente, o montante alcança R$ 4,6 bilhões, com alta de 46% entre os trimestres comparáveis.

• Esse valor exclui os ajustes realizados na receita de Candiota III, bem como custos extraordinários com planos de aposentadoria extraordinária (PAE) e demissão consensual (PDC), despesas com investigação independente, provisões e despesas ou receitas relacionadas a acordos judiciais, entre outros itens.

A receita operacional líquida do 4T20 somou R$ 9,0 bilhões (+17% versus o 4T19), reflexo principal da receita de transmissão impulsionada pela revisão tarifária. O resultado financeiro do 4T20 foi positivo em R$ 425 milhões, ante R$ 30 milhões negativos no 4T19, influenciado principalmente pela variação cambial.

A Eletrobras registrou no consolidado do exercício de 2020 um lucro líquido de R$ 6,4 bilhões, 43% inferior aos R$ 11,1 bilhões de 2019. Lembrando que o lucro de 2019 é composto do resultado das operações continuadas de R$ 7,8 bilhões e de R$ 3,3 bilhões referente às operações descontinuadas (segmento de distribuição), com destaque para a privatização da distribuidora Amazonas Energia.

• Nesse contexto, com base no critério de operações continuadas, o lucro recuou 19% entre os períodos, explicada principalmente por provisões e paradas de usinas não programadas, e a variação cambial – que gerou uma despesa financeira de R$ 544 milhões em 2020 em comparação à variação positiva de R$ 35 milhões em 2019.

A Receita Operacional Líquida caiu 2% entre os períodos, de R$ 29,7 bilhões para R$ 29,1 bilhões. Esta variação refletiu, de um lado, os resultados positivos em transmissão em decorrência da Revisão Tarifária Periódica, de outro; o resultado negativo em geração e as provisões para contingências no valor de R$ 4,2 bilhões, dos quais, R$ 2,7 bilhões relativos às contingências judiciais.

O EBITDA recorrente registrou queda de 2% para R$ 14,0 bilhões, com a margem EBITDA recorrente caindo de 48% para 47% entre os períodos. Ainda, em base recorrente, o lucro líquido somou R$ 4,4 bilhões no 4T20 (+13%) e R$ 9,5 bilhões em 2020 (queda de 12% ante 2019).

A companhia fechou o ano de 2020, com um caixa consolidado de R$ 14,3 bilhões e uma dívida líquida recorrente de R$ 20,3 bilhões (1,5x o EBITDA) em linha com a alavancagem do final de 2019. Os investimentos foram de R$ 1,7 bilhão no 4T20 e de R$ 3,1 bilhões em 2020.

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