O fenômeno El Niño influencia o clima do mundo inteiro. O aquecimento do oceano Pacífico altera radicalmente o modo de cultivo, plantio e colheita dos diversos produtos do agronegócio. E o algodão pode, em 2023, ter sua produção mundial alterada com o fenômeno climático.
E o produtor brasileiro pode se beneficiar disso, com a melhora dos preços no país. Segundo o consultor da ABRAPA (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), Eulesio Freire, o El Niño está afetando as lavouras de algodão de grandes produtores mundiais, como a Austrália e os EUA.
O Estado Americano do Texas, que é responsável por metade da produção americana de algodão, já foi afetado no passado pelo fenômeno. “Já houve casos de perdas de 50% da área de algodão no Texas por causa do El Niño”, afirma Eulesio. “Como o governo americano tem um programa de subsídio muito forte para o algodão, quando as perdas são grandes os produtores americanos simplesmente abandonam a lavoura”, salienta.
O Texas normalmente planta 4,5 milhão de acres de algodão e pode chegar a perder 2,2 milhão de acres com o fenôneno, segudo Freire. Para ele, como o El Niño está em formação ainda, não dá para prever esse impacto, mas há grandes probabilidades de o fenômeno afetar o preço mundial do algodão. “Somente no Texas pode haver perdas de até 25% pela falta de chuvas”, afirma o consultor.
O mercado está na expectativa para os próximos dias em relação ao impacto do clima na colheita americana. “Acredito nas próximas semanas já deveremos ter uma perspectiva mais real sobre esse impacto”, finaliza o consultor.
Segundo o meteorologista e consultor de clima Francisco de Assis, a previsão de chuvas até o dia 31 de julho ainda é muito ruim para os Estados produtores nos Estados Unidos. O Iowa deve ter de 3mm a 15mm (noroeste de 10 mm a 20 mm), considerado muito ruim; O Missouri deve ter de 7mm a 200mm, o que é considerado muito pouco; o Illinois, deve ter de 10mm a 20mm de chuvas também; no Estado de Indiana, deve chover de 10mm a 30mm no norte; e Ohio deve ter de 25mm a 70mm.
