Mudanças comportamentais, benefícios a longo prazo e incentivo ao empreendedorismo são alguns dos benefícios da educação financeira na primeira infância. Segundo uma pesquisa do Serasa, 85% dos pais reconhecem a necessidade de preparar seus filhos para uma gestão financeira saudável desde cedo.

Apesar do engajamento familiar, o assunto ainda é pouco explorado nas diretrizes educacionais do Brasil, não sendo especificamente incluído na Base Nacional Comum Curricular.

Além disso, o estudo revela que muitos pais enfrentam dificuldades em aplicar os ensinamentos financeiros que tentam transmitir aos filhos, já que 66% admitiram ter atrasado o pagamento de contas básicas. Esses dados destacam a necessidade de iniciar a educação financeira desde a infância, preparando as crianças para uma gestão responsável e consciente. Essa abordagem visa transformar a maneira como a população administra suas finanças, promovendo uma sociedade mais capacitada para enfrentar desafios econômicos.

pedagoga e fundadora da Escola Petit Kids, Fernanda King, destaca que a solução para esses desafios está na educação financeira desde cedo. “Se queremos ver mudanças no Brasil, precisamos começar pela base. Um dos problemas atuais é a falta de habilidade da população em lidar com dinheiro, levando ao endividamento e a parcelamentos sem planejamento adequado de pagamento”, enfatiza.

Ela também destaca a preocupação com a atual cultura que promove o ganho fácil de dinheiro, exemplificada pelos jogos de apostas online. “Observamos uma rápida expansão desses jogos eletrônicos de azar no Brasil recentemente. Isso está impactando não apenas adolescentes, mas também crianças, que estão sendo atraídas para essas plataformas”, ressalta.

Um estudo conduzido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) mostra que 63% dos brasileiros que apostam online tiveram parte de sua renda comprometida com essas atividades. 

Os efeitos são claros: 23% dos afetados deixaram de comprar roupas, 19% reduziram suas despesas em supermercados, 14% cortaram gastos com produtos de higiene e beleza, e 11% diminuíram o investimento em cuidados de saúde e medicação. Além disso, 64% dos apostadores utilizam sua renda principal para financiar suas apostas.

Fernanda enfatiza que a educação financeira na infância é moldada, entre outros pontos, através de hábitos, capacitando as crianças para serem agentes dessa cultura. “Assim como trabalhamos hábitos alimentares, práticas antirracistas e educação ambiental, podemos integrar princípios de educação financeira desde cedo. Isso inclui ensinar o valor do dinheiro, como administrá-lo, conquistá-lo através do trabalho, estabelecer metas a curto e longo prazo, e alcançar sonhos por meio do empreendedorismo”, conclui.

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