Me considero uma grande ativista na promoção da diversidade de gênero, atuando em diversas frentes para apoiar mais mulheres em sua difícil escalada profissional. Ao escolher uma carreira em finanças, uma área predominantemente ocupada por homens, fui por muitas vezes uma das poucas mulheres sentadas à mesa, sendo obrigada a lidar com muitos tipos de preconceitos velados que drenavam minha energia e exigiam muito mais esforço da minha parte em comparação aos meus colegas homens.

Foi através de muito estudo, dedicação e muitas horas extras que cheguei ao mais alto posto, a tão almejada posição de Head de Finanças, a qual ocupei por mais de 20 anos. Paralelamente a minha carreira profissional, tive a benção de experimentar a maternidade e criar duas lindas filhas, que se tornaram mulheres fortes e independentes.

Há cerca de 3 anos senti que era hora de retornar ao mundo um pouco de tudo que ele tinha me proporcionado e segui meu sonho de ajudar a desenvolver o potencial de liderança dentro de cada um, apoiando pessoas e organizações a serem felizes e bem-sucedidas através da prática da inteligência emocional.

Uma carreira bem-sucedida e uma vida de muitas conquistas graças unicamente ao meu grande esforço, correto? Errado!

Tenho a mais absoluta certeza que nada disso seria possível sem o apoio incondicional do meu marido. Eu não teria como listar todos os momentos em que ele esteve ao meu lado, cuidando das crianças, me incentivando a estudar, assumindo a responsabilidade da casa enquanto eu viajava, acolhendo meu choro nos momentos de insegurança e me incentivando a seguir com meus sonhos, abrindo meu próprio negócio. Isso tudo sempre sendo um pai amoroso e um filho que dedicou o mesmo carinho aos meus pais, quanto dedicou aos dele.

Mas e quando esse apoio não existe?

Um fato que tem me chamado muito a atenção nos últimos tempos é o número de mulheres que lutam para avançar em suas carreiras, mas que encontram barreiras vindas de quem mais deveria apoiá-las: seus próprios companheiros.

Esse boicote, na grande maioria das vezes é feito de forma silenciosa, através de questionamentos sobre horários, falta de apoio nas tarefas da casa e uma dúvida constante sobre a eficiência da mulher em seu papel como esposa e mãe. Fato que tenho constatado que se agrava quando os ganhos e as oportunidades da mulher superam aos do marido.

Como promotores da diversidade de gênero dentro das organizações não podemos fechar os olhos a esta situação, a qual infelizmente não tem tido finais felizes, pois prejudicam a carreira da mulher e nos piores casos acabam com o próprio casamento.

E qual seria a causa e a possível solução?

Enquanto o maior motivo de vergonha para a mulher é o fato de não ser perfeita, para o homem é o fato de ser considerado fraco.

Desde os primórdios da existência humana o homem é tido como o lado forte, provedor dos recursos e da segurança da família. Condição sustentada pela nossa sociedade até os dias de hoje, a qual julga negativamente os homens que decidem dedicar mais tempo as suas famílias em pró da carreira de suas mulheres.

Este tema ainda está longe de ser solucionado, mas sou da opinião que precisamos discuti-lo de forma aberta e transparente começando dentro de nossas próprias casas, com nossos filhos e maridos. É chegada a hora de expressar nossos sentimentos e construir uma relação de confiança, onde os medos e inseguranças são tratados de forma clara e aberta, evitando o acúmulo de críticas e o uso de armaduras que ferem e destroem sonhos e lares.

Programas de mentoria que apoiam o desenvolvimento das mulheres são essenciais, e podem ser ainda mais efetivos se também apoiarem os homens a lidarem com suas emoções frente a esta nova realidade.

Solange Waileman, Founder da SunUp Inteligência Emocional, empreendedora apaixonada pelo desenvolvimento humano, potencializa resultados através da prática da inteligência emocional. Executiva de finanças ocupou por muitos anos a posição de CFO em grandes corporações. Graduada em Ciências Contábeis, MBA em Controladoria e Gestão de Pessoas pela FGV com extensão em Ohio University, Especialista em Inteligência Emocional e Psicologia Positiva. Atua também como Conselheira de Instituições do terceiro setor e é uma das Cofundadoras do W-CFO Brazil, grupo de mulheres com o propósito da promoção da diversidade na área financeira. Coautora do Livro “Mulheres Nas Finanças” – Editora Leader 2021

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