Quando você leu nas manchetes da semana passada que o Nubank estava indo embora do país ou que abandonou o Brasil, você não leu que o banco faliu, você foi informado que o Nubank, o “roxinho” mais querido dos digitais, apenas resolveu sair da bolsa brasileira. Claro, em cima da novidade, muitas outras informações desencontradas ou mesmo erradas foram espalhadas. Em tempos de fake news, é preciso ficar atento e buscar fontes seguras para saber o que realmente acontece.

De acordo com o site Seu Dinheiro, o banco pecou ao fazer a declaração porque não foi didático, não explicou o que realmente estava  acontecendo. Este erro de comunicação causou um tsunami entre os correntistas no fim de semana. Conforme o site, “ao decidir fazer sua oferta pública de ações (IPO), uma empresa pode escolher qualquer bolsa do mundo para isso. Inclusive, ela pode até se listar em mais de uma ao mesmo tempo”, logo, o Nu escolheu o Brasil (B3) para isso no ano passado.  “No caso do Nubank, os recursos captados (na bolsa) seriam usados para capital de giro, despesas operacionais, despesas de capital, além de novos investimentos e aquisições de negócios, produtos, serviços e tecnologias. Isso tudo está no prospecto do IPO”.

Explicação

No Brasil, o NU não estava negociando ações diretamente e sim os recibos de ações, os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que  são certificados negociados no pregão da B3 que representam as ações emitidas pelas empresas que abrem capital em outros países.

“Para ter BDRs na bolsa brasileira, uma empresa pode escolher entre diferentes níveis dos papéis, cada um com exigências distintas. Na época da listagem, o Nubank optou por BDRs de Nível III, que exige registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como companhia aberta”, explica o site Seu Dinheiro.

NuSócios – Quando o Nu entrou na B3 ( IPO) foi lançado o programa NuSócios, inclusive na época uma mídia bem forte foi feita pela empresa, chamando o correntista a ser sócio do banco.  Esse programa doou BDRs para cerca de 7,5 milhões de clientes em troca do cadastro na corretora do banco.  “E assim o Nubank se manteve, até que no último 15 de setembro os investidores receberam um comunicado pra lá de complicado”, diz o site.

Como ficam os BDRs do Nubank?

No último dia 15, o  Nubank divulgou um documento em que dizia que era “a intenção de iniciar um processo de descontinuidade de seu Programa de BDRS Nível III”; e o passo a passo chegaria ao cancelamento do registro do Nubank como companhia aberta na CVM.

A justificativa dada pelo Nubank para essa mudança foi “maximizar a eficiência e minimizar redundâncias consequentes de uma companhia aberta em mais de uma jurisdição”. Mas, até chegar a esse ponto, a empresa vai precisar migrar seus BDRs de Nível III para o Nível I, que não requer o registro na CVM.  Para isso, vai dar três caminhos diferentes para os investidores em BDRs: transformar os BDRs em ações nos EUA, vendê-los ou migrá-los para o Nível I. Todavia, isso tudo precisa de aprovação tanto da B3 quanto da CVM e não há estimativa de prazo.

“Essa mudança significa, apenas, que o Nubank está concentrando seus esforços no mercado de capitais americano e nada tem a ver com uma possível falência da empresa. A operação do banco digital continua normalmente no Brasil para atender seus mais de 65 milhões de clientes. Mas vale ressaltar que alguns analistas não gostaram da mudança. O Itaú BBA considerou o movimento negativo tanto para os acionistas minoritários do Nubank, quanto para a governança corporativa da fintech”, diz o site.

Então, não se desespere, não é falência, foi só comunicação mal feita, mas que escancara uma governança meio fora da curva. 

Mais sobre o Nubank, aqui no Clube Acionista.