Acredito que o assunto Síndrome do(a) Impostor(a) não seja um tema novo para vocês, leitores!
Mas, ainda que esse tema já seja do conhecimento de vocês, quero compartilhar com todos o que tenho vivenciado sobre esse distúrbio psicológico irritante, que nos faz acreditar que não temos capacidade de executar e de nos destacarmos em alguma atividade que, na verdade, dominamos plenamente.

Essa síndrome nos faz pensar que as nossas realizações e entregas, sejam profissionais ou no âmbito pessoal, aconteceram por uma sucessão de situações, acasos e pessoas e que não merecemos ser reconhecidos pelos nossos feitos, nos levando um estado de certa apatia e inércia por medo de “aparecer” demais e até de ofuscar outras pessoas se nos reconhecermos como plenamente capazes e autoconfiantes.

Mas como driblar todo esse turbilhão de pensamentos e julgamentos sobre nós mesmos e sair desse círculo vicioso de se ver incapaz, incompetente e não merecedor de ser reconhecido pelo sucesso dos nossos feitos?

Aqui abro um espaço para citar o momento em que me vi totalmente conectada e tomada por questões envolvendo este tema a pouco tempo atrás: não sou de assistir TV, mas estava em casa num domingo à noite e a TV estava ligada. Então, pude ouvir da outra sala a Dra. Jaqueline Góes (a maravilhosa cientista brasileira que integrou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus no Brasil em tempo recorde após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país), que é uma potência, falando da sua própria experiência com a Síndrome do(a) Impostor(a). Imediatamente fui ver a entrevista e o que ela falava a respeito dos próprios pensamentos, sentimentos e sensações fez total sentido para mim, pois eu experimentava exatamente o que ela narrava como vivência.

A partir desse episódio, passei a procurar mais informações sobre o assunto e a me questionar sobre o que me levava a ter esse tipo de pensamento e sensação quando eu já havia realizado tanto na vida profissional e pessoal. Aquela sensação de desajuste e de que tudo que eu realizei não passava de mera liberalidade do destino me incomodava profundamente. Foi então que procurei ajuda profissional e esclarecimento através da terapia, que foi ponto crucial para iniciar a minha virada de chave quanto às formas de driblar esse incômodo distúrbio psicológico.

Para mim, terapia é o básico, tem que estar em dia, tem que te ajudar a evoluir enquanto ser humano pensante, tem que te ajudar a ir além no caminho de se autoconhecer, que é uma estrada sem fim. Mas não é possível nos ancorarmos somente em terapia, pois é um processo custoso e demorada. Então, você também precisa se movimentar, precisa agir para que seus pensamentos gerem novos insights a respeito dos seus feitos e, a partir daí, você possa deixar de se reconhecer como uma fraude o tempo todo.

Fazendo ligação com o mundo corporativo, que é um campo desafiador por si só e mais ainda para mulheres, ainda que esteja repleto de oportunidades para o sucesso e o crescimento profissional, também é onde vemos muitas pessoas talentosas encontrando-se travadas pela Síndrome do(a) Impostor(a). Essa inércia pode minar a autoconfiança, impedir o progresso e afetar negativamente a trajetória profissional daqueles que sofrem desse mal. Porém, neste texto não pretendo explorar conceitualmente o que é a Síndrome da Impostora, mas como ela afeta empreendedores e executivos e, o mais importante, como criar meios para superar esses desafios psicológicos para alcançar o sucesso no mundo dos negócios.

Compreendendo rapidamente a Síndrome da Impostora

Como citei, a Síndrome da Impostora refere-se à sensação persistente de que não somos merecedores do sucesso que alcançamos e que, a qualquer momento, seremos expostos como fraudes. Mesmo quando conquistamos realizações significativas, acreditamos erroneamente que elas se devem a fatores externos, como sorte ou circunstâncias únicas, em vez de nossas habilidades e esforços genuínos. Esse padrão de pensamento autodestrutivo pode ser particularmente prevalente no ambiente competitivo dos negócios, onde a pressão para provar o próprio valor é constante.

O impacto nos negócios

A Síndrome do(a) Impostor(a) pode ter um impacto devastador no mundo dos negócios. Ela impede que indivíduos talentosos se candidatem a oportunidades desafiadoras, busquem promoções ou arrisquem empreendimentos próprios, pois a falta de autoconfiança pode levar a decisões cautelosas demais e à hesitação em buscar novas ideias, sufocando a inovação. Além disso, os sentimentos de inadequação podem prejudicar a colaboração, já que os indivíduos afetados podem temer serem expostos por colegas mais experientes.

Superando a Síndrome do(a) Impostor(a)

Felizmente, há estratégias eficazes para superar a Síndrome do(a) Impostor(a) e incrementar o atingimento do seu potencial no mundo dos negócios:
Autoconsciência: reconheça os próprios sentimentos de autossabotagem: este é o primeiro passo. Identifique quando a síndrome está agindo. Quando você consegue identificar o porquê de você não ser uma fraude, é possível contrariar esses pensamentos negativos com fatos concretos sobre suas conquistas e habilidades.

Baseado nisso, escreva a sua própria história de sucesso, literalmente. Tente isso agora: pegue papel e caneta ou o seu notebook ou celular e faça um retrospecto de toda a sua vida, apontando as conquistas atingidas e celebradas ao longo do tempo. Tenho certeza de que você irá se surpreender com o resultado.

Verbalização das suas emoções: é importante verbalizar seus sentimentos, ainda que seja para você mesma se ouvir falando “mal” de você ou colocando em xeque a sua própria capacidade. Isso terá um efeito devastador em você se não mudar rapidamente o padrão das suas palavras sobre si mesmo. Pense nisso e faça diferente da próxima vez que se questionar verbalmente sobre suas capacidades. Elogie-se e reconheça o seu valor a partir das suas entregas práticas e consistentes.

Compartilhamento de experiências: compartilhar sentimentos de inadequação com mentores, colegas ou amigos de confiança pode ajudar a perceber que esses sentimentos são mais comuns do que se pensa. Muitos profissionais bem-sucedidos também lutaram ou lutam contra a Síndrome do(a) Impostor(a) em algum momento de suas carreiras. Nesse ponto, ter uma rede de apoio é muito importante.

Posso exemplificar com minha própria vivência: sou associada W-CFO Brazil a cerca de um ano e meio este foi o primeiro grupo que consegui sentir, mesmo de longe (moro em Belo Horizonte e a maioria das associadas está em SP), sei que tenho apoio irrestrito para qualquer situação que eu leve até o grupo. W-CFO Brazil é uma associação de executivas de finanças onde compartilham experiências e, principalmente, são base de apoio contínuo para todas as associadas no âmbito técnico/profissional, mas atuando muito também no âmbito comportamental, o que envolve questões psicológicas como as que estamos tratando nesse texto.

Definição de objetivos realistas: não queira correr uma maratona se não treinou para isso. Na verdade, não queira correr nem 5 km se essa é uma meta para a qual você não tem vivência nem preparo. Estabelecer metas alcançáveis e mensuráveis ajuda muito a reduzir a pressão autoimposta e a necessidade de se provar o tempo todo como capaz. Tendo definido as metas em pequenos passos (mas passos bem dados!), celebre as vitórias ao longo do caminho, você consegue! Isso também reforça a autoconfiança.

Trago aqui mais uma experiência própria: estar aqui escrevendo esse texto era um objetivo traçado no início desse ano, onde me propus a “aparecer” mais e compartilhar mais meus aprendizados e experiências não só falando sobre vida profissional e finanças, mas também abordando as demais esferas da nossa vida que tem impacto significativo na nossa performance e evolução: saúde/física, intelectual, socioafetiva, espiritual e econômica/financeira, pois essas áreas são como o alicerce que nos possibilita levantar as paredes na construção equilibrada da nossa vida, fazendo com que ela possa ser mais agradável e feliz. E aqui estou!

Autocompaixão: Já reparou que a gente se pega tendo muito mais compaixão com outras pessoas do que com a gente mesmo? Pelo menos comigo acontecia assim até pouco tempo atrás, até eu aprender a me acolher primeiro para estar bem para acolher os demais. Então, a dica aqui é tratar-se com a mesma compaixão que teria por um amigo, conhecido, parente ou até mesmo por um desconhecido que você encontra nas ruas a todo momento ou vê em matérias na mídia. Em vez de ser excessivamente crítico consigo mesmo, reconheça que é normal ter dúvidas, errar, fracassar. E que essas experiências são as verdadeiras oportunidades para crescer, desaprender, aprender e evoluir.

Aprendizado Contínuo: essa é a dica que eu mais pratico, até por apreciar muito os estudos: investir no desenvolvimento pessoal e profissional, em todas as esferas da vida (que já citei mais acima nesse texto). Quanto mais conhecimento e habilidades você acumular, mais confiante se sentirá em suas capacidades. Porém, tem um segredo aqui que faz toda a diferença: você precisa aplicar imediatamente o que está aprendendo! É esse movimento que vai fazer você ter cada vez mais propriedade sobre as suas capacidades, se testando diariamente ao ensinar o que aprende e se reconhecendo não mais como uma fraude, pois você pode “provar” que sabe do que está tratando ou falando, você tem total propriedade sobre o seu saber, seus feitos, suas entregas, seus resultados.

Veja que Síndrome do(a) Impostor(a) pode ser um obstáculo difícil, mas não é insuperável. Ao compreender essa condição, reconhecer seus próprios padrões de pensamento negativos sobre você mesmo e adotar comportamentos e estratégias para cultivar a autoconfiança, é possível driblar esses desafios psicológicos e alcançar o sucesso no mundo dos negócios, na vida pessoal e profissional.
Lembre-se de que o caminho para o sucesso é pavimentado com aprendizado, autodescoberta e autoconhecimento e a jornada em si é tão valiosa quanto o destino final. Portanto, acredite em si mesmo, aceite seus méritos, se reconheça como potente e realizador e esteja disposto a abraçar os desafios que surgem em seu caminho e o sucesso que você terá ao superá-los.

Juliana de Los Angeles –Profissional com experiência de 25 anos de carreira executiva, desenvolvida em gestão administrativa e financeira em empresa de operações logísticas sediada em Belo Horizonte/MG. Graduada em Administração de Empresa e em Ciências Contábeis, com pós-graduação em Controladoria e Auditoria e MBA em Controladoria e Finanças. Ao longo da carreira, esteve em posições de liderança de processos e equipes, possuindo grande habilidade em gestão de processos e áreas, estruturação de times, resolução de problemas e definição e monitoramento de indicadores. Membro do Comitê de Diversidade e Inclusão e do Comitê Tributário do Grupo Emtel, Associada W-CFO Brazil, membro da Turma 4 do programa Conselheira 101.
Linkedin: https://www.linkedin.com/in/juliana-de-los-angeles-a8926b38/

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