Caro Investidor!

Tudo pode acontecer, inclusive nada. Bem, na próxima segunda-feira (20), Donald Trump retorna à Casa Branca para mais um mandato republicano. Embora o mundo já tenha vivido tal experiência, dado o temperamento do presidente eleito, é sempre bom estar preparado para novidades. 

O republicano assume com uma economia em um momento de recuperação e fortalecimento. Como já tem experiência, é provável que sua gestão busque maior coerência e planejamento em áreas que garantam segurança econômica e competitividade global. 

Conforme Ricardo Martins, economista-chefe da Planner Investimentos e presidente-executivo da APIMEC Brasil, estrategicamente Trump deve direcionar seus esforços para setores como tecnologia, minerais essenciais, e transição energética, temas que já vinham ganhando destaque nas relações comerciais norte-americanas, especialmente em função da dependência crescente da China. 

Segundo o economista, essas áreas, anteriormente exploradas pelo governo Joe Biden, podem servir como pilares para um novo ciclo de investimentos e cooperação internacional, incluindo países como o Brasil, que se destacam como um parceiro relevante nesse cenário. “O Brasil pode melhorar essa relação em exportar bens industriais como aeronaves, máquinas e equipamentos, com média e alta intensidade tecnológica.” 

Já as medidas protecionistas generalizadas como taxar importações de 10% a 20% para todos parceiros comerciais dos EUA será possível em casos específicos para melhorar competitividade, como soja e petróleo, este inclusive deve ganhar incentivos. “A redução da tributação das empresas é benéfica, mas se houver rápida mudança nas regras de imigração a falta de mão de obra trará grandes dificuldades aos setores grandes empregadores como construção civil”, analisa Martins.

Segundo ele, contudo, já há movimentos de organização contra isso. O economista destaca que Trump precisa estar atento a não causar impopularidade e insatisfação, pois a inflação do pós pandemia foi o que ajudou a derrotar os Democratas. 

Dólar, juros, inflação

“Taxas e menos impostos por si só valorizam o dólar e impõem uma postura mais cautelosa ao FED em cortar juros, pois vão gerar inflação. Logo, dólar alto e juros altos por mais tempo desviarão para os EUA fluxo de recursos dos mercados emergentes, inclusive do Brasil. Importante lembrar que juros altos e imposição de maiores tarifas também trarão incertezas e podem desacelerar a economia americana, levando o FED a reduzir juros como fez no primeiro mandato, em 2019. De qualquer forma não seria bom para o Brasil.”

Martins explica que setores nos EUA que geram empregos como aço, agricultura, biocombustíveis, construção civil e têxteis serão protegidos, pois os EUA não é competitivo. “Uma guerra comercial entre EUA e China, com taxação de 60% em alguns casos pode beneficiar outros países como opção de comércio. Em commodities, por exemplo, a soja e o milho do Brasil seriam beneficiados com aumento das exportações e ganhos importantes de participação. Tarifas chinesas sobre soja e milho americanas incentivariam produtores brasileiros a expandir a área de produção, mas com reflexo negativo nos preços”, disse. 

Além disso, o economista comenta que o petróleo também poderia ser penalizado via preço pelo aumento da produção dos EUA. Ainda que os EUA seja importante para o Brasil, tudo tem que ser muito bem avaliado, já que a corrente comercial com a China é o dobro.

O mercado

Na terça-feira (14), as bolsas globais subiam e o dólar tinha a primeira baixa em seis dias com notícia de que a equipe econômica do presidente eleito Donald Trump consideraria um aumento gradual nas tarifas em uma estratégia que poderia evitar aumentos de inflação. 

Conforme o relatório do analista-chefe da Terra Investimentos, Régis Chinchila, o Bloomberg News informou, citando pessoas familiarizadas com o assunto, que altas graduais de tarifas de cerca de 2% a 5% ao mês estão em discussão, em vez de aumentos agressivos únicos. 

“Ideia de uma abordagem mais moderada às tarifas está gerando otimismo particular na Ásia, onde a ameaça de impostos de até 60% sobre produtos chineses paira sobre os mercados. Ações francesas subiram ainda pela possibilidade de um acordo político que poderia evitar um colapso do governo no país. Minério de ferro voltou a subir acima de US$ 100 a tonelada depois que os dados mostraram importações anuais recordes do produto pela China.”, comentou o analista.

Além disso, futuros da commodity subiram mais de 4% desde o fechamento de quinta-feira (9) depois de um início de ano difícil, “quando os operadores estavam cautelosos sobre a demanda na China e aguardavam mais estímulo, que foi sinalizado na semana passada. Petróleo segue perto das máximas em cinco meses diante das ameaças ao fornecimento global impostas pelas sanções mais severas dos EUA contra os fluxos russos.”