Nesta quinta-feira (6), o dólar fechou mais umas vez abaixo dos R$ 5,80, a R% 5,76. A pergunta que não quer calar é: até quanto a moeda norte-americana manterá o alívio da queda?

Para falar sobre o assunto, Lucas Tavares (foto), especialista em câmbio na WIT Invest. Ele comenta os desafios da alta do dólar para a economia brasileira e estrangeira, além do impacto das medidas do governo Trump. E sim, o dólar, segundo ele, pode cair mais!

“Quando o dólar sobe, as empresas brasileiras acabam pagando mais caro pelos insumos que são importados, elevando assim o seu custo de produção, que muitas vezes é repassado para o consumidor final.”

– Lucas Tavares –

Há riscos do dólar, hoje abaixo de R$ 5,80, diminuir ainda mais?
Sim, pode acontecer. O dólar acumula 12 dias de queda seguidos frente ao real e pode continuar neste ritmo. Houve fatores internos que favoreceram a valorização do real, como o aumento da Selic em 1 p.p, deixando os títulos de renda fixa mais atrativos para investidores estrangeiros. Entretanto, acredito que o principal fator esteja nas ações do início do mandato do governo Trump e a guerra comercial que está sendo travada com México, Canadá e China.

Quais setores da economia brasileira são mais vulneráveis à alta do dólar?
A alta do dólar afeta toda a cadeia econômica. Em especial, podemos destacar setores da indústria que dependem mais de importação, como eletrônicos, automobilísticos, farmacêuticos e maquinários.

Empresas brasileiras que dependem da importação de insumos são afetadas de que forma? Como isso se reflete nos preços finais ao consumidor?
De certa maneira, estão suscetíveis a oscilação cambial. Quando o dólar sobe, as empresas brasileiras acabam pagando mais caro pelos insumos que são importados, elevando assim o seu custo de produção, que muitas vezes é repassado para o consumidor final.

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As pequenas e médias empresas sofrem mais do que as grandes corporações com essa volatilidade?
Sim, grandes corporações geralmente têm acesso a instrumentos financeiros que as protegem contra oscilações cambiais. Por outro lado, as PMEs frequentemente não dispõem desses recursos e precisam pagar antecipadamente por suas mercadorias antes da chegada ao Brasil.

Como essa nova fase comercial entre China e EUA pode influenciar os países emergentes, como o Brasil?
O Brasil, como um país exportador, pode enfrentar dificuldades relacionadas às exportações de commodities caso a guerra tarifária seja suficiente para desacelerar a economia desses países e afetar a demanda de exportação. Pode gerar também uma nova configuração e reestruturação comercial global e, consequentemente, abrir oportunidade de maior diversificação de parceiros comerciais.

Qual o impacto das tarifas de importação a produtos do Canadá, México e China para o dólar?
Trump foi eleito com a promessa de impor tarifas de até 60% sobre produtos da China e de 25% sobre produtos do Canadá e México. Entretanto, na prática, as tarifas foram de 10% para a China e de 25% para o Canadá e México, sendo que, dias depois, foi firmado um acordo que suspendeu temporariamente as tarifas para esses dois últimos países por 30 dias. O impacto acabou sendo o oposto do que o mercado esperava, pois, ao adotar um tom mais moderado, Trump fortaleceu as moedas dos países emergentes.

Após a imposição das taxas pelos EUA e a resposta de Canadá, México e China à notícia, a Câmara de Comércio dos EUA alertou que as tarifas devem aumentar os preços para os americanos. O consumidor americano sentirá o reflexo dessas medidas no preço de bens e serviços?
É provável que sim. Tanto a imposição de taxas como a política anti-imigração são medidas que podem gerar mais inflação nos EUA, levando ao aumento de preço de bens e serviços e mantendo a possibilidade dos juros nos EUA continuar elevados.

Hugo Motta, novo presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, explica sua preocupação em relação ao ambiente externo, com todas as medidas de Donald Trump, que podem impactar nas decisões econômicas e ter a agenda econômica como prioridade. Quais políticas econômicas deverão ganhar prioridade no Congresso nos próximos meses e como isso pode afetar o comércio e o câmbio?
Acredito que as duas pautas que trarão maiores impactos são as novas etapas da Reforma Tributária, que serão enviadas ao congresso para votação como a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. E também o arcabouço fiscal, para garantir a estabilidade da dívida, gastos públicos, inflação e desemprego.

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