O dólar comercial iniciou o dia em alta significativa frente ao real nesta quinta-feira (28), próximo à marca histórica de R$ 6. A moeda americana se valorizou após ter fechado a véspera em R$ 5,914, o maior patamar registrado até o momento, em meio ao anúncio do governo sobre a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5.000,00 mensais.
A medida gerou preocupações com o equilíbrio fiscal das contas públicas, um fator que influenciou diretamente o comportamento do mercado cambial.
O que motivou a alta do dólar?
Na quarta-feira (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou um pacote fiscal que inclui a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5.000,00 mensais.
A medida visa aliviar a carga tributária da população de baixa renda, também gerou receios sobre os impactos nas contas públicas.
Haddad detalhou que a compensação para essa isenção viria por meio de um aumento da tributação sobre quem recebe mais de R$ 50 mil por mês, além da limitação da isenção do IR por questões de saúde, que passaria a ser restrita a quem recebe até R$ 20 mil.
Cotações do dólar Comercial e Turismo
Às 10:31 desta quinta-feira (28), o dólar comercial estava cotado a R$ 5,988 para compra e R$ 5,989 para venda, com uma alta de 1,29%.
Em seu ponto mais alto no dia, a moeda chegou a ser negociada a R$ 5,999.
Já o Dólar Turismo, que costuma apresentar um valor mais elevado, estava vendido entre R$ 6,025 e R$ 6,205.
Além disso, o Banco Central anunciou a realização de um leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional, para rolar o vencimento dos contratos que ocorreriam em 2 de janeiro de 2025.
Fatores externos pressionam o real
A recente alta do dólar reflete não apenas os anúncios domésticos, mas também um conjunto de fatores externos que influenciam a cotação da moeda norte-americana.
A nomeação de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, gera incertezas, já que suas promessas de tarifas sobre importações, tanto do México quanto do Canadá, têm alimentado temores de uma nova guerra comercial que envolveria grandes potências econômicas.
A incerteza sobre o comércio global tem favorecido o dólar, que se fortaleceu frente a várias divisas.
No cenário doméstico, o governo do Brasil divulgou um pacote de medidas de contenção de gastos com o objetivo de gerar uma economia de R$ 71,90 bilhões entre 2025 e 2026 e R$ 327 bilhões até 2030.
O pacote fiscal inclui cortes em diversos benefícios sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que agora terá regras mais rígidas.
Uma das principais mudanças, que gerou controvérsia, foi a proposta de limitar a dedução de rendas não previstas em lei no BPC, além de considerar a renda de familiares não coabitantes, como cônjuges e companheiros, e de membros da família que coabitam, como irmãos, filhos e enteados.
Tais propostas, que foram amplamente discutidas nas últimas semanas, serão enviadas ao Congresso Nacional, o que gerou expectativas elevadas sobre o compromisso do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o controle das contas públicas.
Expectativas do mercado financeiro e a reforma do Imposto de Renda
O anúncio das medidas fiscais e a reforma do Imposto de Renda causaram grande apreensão nos analistas de mercado financeiro, que aguardam com tensão a divulgação das propostas, que haviam sido prometidas pelo governo após o segundo turno das eleições municipais.
A medida que aumenta a isenção para rendas mais baixas, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), gerou dúvidas sobre como o governo irá equilibrar as contas fiscais.
A compensação pelo aumento da faixa de isenção viria, segundo o ministro Haddad, pela elevação da taxação de quem recebe mais de R$ 50 mil mensais.
O impacto do dólar no mercado de juros do Brasil
No mercado de juros, as taxas de DI (Depósitos Interfinanceiros) começaram a mostrar uma alta sólida, especialmente nos contratos de longo prazo e os investidores elevaram os prêmios de risco do Brasil.
Esse movimento indica uma desconfiança crescente em relação à estabilidade fiscal do País, em meio a um ambiente de incertezas fiscais internas e pressões externas.
Índice do Dólar e a valorização internacional
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas importantes, subiu 0,10%, a 106,220 pontos.
Esse índice reflete a valorização do dólar em relação a outras moedas, como o euro, o iene japonês e a libra esterlina.
Esse movimento global reflete não apenas a situação política e econômica interna dos Estados Unidos, mas também as tensões comerciais globais, principalmente com China e Europa.