O dólar operou em queda na segunda-feira (22), à medida que a decisão de Joe Biden de desistir da corrida pela reeleição nos Estados Unidos era digerida pelos investidores. O presidente dos EUA anunciou, no domingo, que não seria mais candidato nas eleições que acontecem em novembro. Ele não resistiu à intensa pressão interna do Partido Democrata pela sua saída, que começou após o desastroso desempenho no debate realizado no fim de junho e não arrefeceu mesmo após várias tentativas do presidente de assegurar apoiadores e eleitores de que tinha condições de derrotar Donald Trump.

A perspectiva de um novo mandato de Trump na Presidência dos EUA havia afetado o apetite por risco em mercados emergentes. Temores de uma política comercial restritiva e uma política externa isolacionista geraram pressão em uma série de moedas, incluindo o real, à medida que se elevam os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, os Treasuries. O rendimento do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – caía 2 pontos-base na segunda-feira, a 4,217%.

Nesta sessão, na esteira do anúncio de Biden, as moedas emergentes retomavam os ganhos frente ao dólar, com a divisa norte-americana apresentando quedas ligeiras contra o peso mexicano e o rand sul-africano. A desistência de Biden é uma boa notícia para os mercados, já que a volta dos doadores do Partido Democrata faz com que a vitória de Trump seja mais incerta. Com o ‘Trump trade’ sendo desfeito, o dólar e as Treasuries estão cedendo. O Ibovespa fechou o pregão desta segunda-feira, 22, em alta de 0,19%, aos 127.859 pontos. A segunda foi marcada pela divulgação do 3º Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas pela Secretaria do Tesouro Nacional.

A gangorra do dólar

Já na terça-feira (23) o Ibovespa abriu a sessão em queda de 0,49% aos 127.234 pontos. O principal índice acionário da B3 reflete a desvalorização da Vale (VALE3), que cai mais de 1%, devido aos contratos futuros do minério de ferro para setembro — os mais negociados na bolsa de Dalian — que encerram a sessão com queda de 3,43%, a 774,5 yuans (US$ 106,47) a tonelada. Também na terça-feira, 23, o dólar subiu 0,47% a R$ 5,595 e o dólar segue pressionado por causa de dois fatores: a valorização do iene e o temor fiscal local.

Após o recuo da véspera, o dólar voltou a subir ante o real na terça-feira, se aproximando novamente dos 5,60 reais, com a moeda brasileira sendo penalizada pela fuga global de ativos de emergentes, enquanto no Brasil investidores seguem cautelosos quanto à política fiscal do governo. O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,5875 reais na venda, em alta de 0,34%. Em julho, a divisa norte-americana acumula leve baixa de 0,06%. O dólar abriu para cima, seguindo o exterior, mas passou por um ajuste técnico depois, com exportadores aproveitando para vender moeda.

Na quarta-feira, 24, o dólar subia 1,02% a R$ 5,643. A China, o principal parceiro comercial do Brasil, enfrenta dificuldades econômicas, o que impacta negativamente o real. A queda no preço do minério de ferro também contribuiu para o aumento da aversão ao risco.

Quando a cotação do dólar atinge R$ 5,60, ordens automáticas de venda são acionadas, levando investidores a realizarem lucros, o que impacta significativamente o câmbio. No mesmo dia, as taxas dos DIs voltaram a subir no Brasil, em mais um dia de pressão para os ativos de países emergentes e de alta firme do dólar ante o real, além do avanço dos rendimentos dos Treasuries no período da tarde.

Nas últimas nove sessões, as taxas futuras subiram em sete delas, o que sugere um mercado mais cauteloso no Brasil. Há uma pressão de desvalorização da moeda brasileira. Vale ressaltar que um câmbio desvalorizado é inflacionário. Um câmbio agora mais na casa dos 5,60 dificulta a vida do Banco Central.

Na quinta-feira (25), o Ibovespa abriu a sessão em queda de 0,19% aos 128.180 pontos, ainda pressionado pelos índices de Nova York. Na quarta-feira, S&P500 e Nasdaq registraram o pior desempenho diário desde 2022, com queda de 2,31% e 3,62%, respectivamente.

O movimento nos Estados Unidos foi puxado pela desvalorização de 5% da Tesla (TSLA34) e de 12,3% da Alphabet (GOGL34), após a divulgação de balanços do segundo trimestre, que frustraram investidores. O dólar à vista (USDBRL) fechou a R$ 5,6478, com queda de 0,15%.

O PCE e o dólar

O dólar comercial operava com leve baixa em relação ao real nesta manhã de sexta-feira (26), com investidores digerindo os dados do Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE) em busca de sinais sobre o futuro da política monetária do Federal Reserve (Fed). Às 9h52, o dólar comercial operava em queda de 0,23%, a R$ 5,634 na compra e a R$ 5,635 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento (DOLc1) caía 0,04%, a 5.640 pontos.

A divisa americana diminuiu a queda perante o real e divisas emergentes, após a inflação PCE nos Estados Unidos vir praticamente em linha com o esperado pelos analistas, o que reforça as apostas de corte de juros no mês de setembro. O Fed se reúne na próxima semana e espera-se que mantenha os custos de empréstimos estáveis desta vez. Os traders também antecipam 66 pontos-base de flexibilização este ano. Por volta de 13h, o Ibovespa marcava valorização de 0,81%, indo a 126.977,54 pontos depois que dados sobre a inflação americana vieram dentro do esperado e o lucro da Vale (VALE3) disparou 210%. O dólar estava em queda, mas virou e tem alta de 0,19%, indo a R$ 5,659.

O principal indicador de inflação do Fed (o Federal Reserve, banco central dos EUA) subiu 2,5% em junho em relação ao ano passado, em linha com as expectativas. O PCE, o índice de preços de gastos com o consumo, aumentou 0,1% no mês em relação a maio. Isso mostra que a inflação de junho dos EUA diminuiu ligeiramente em relação ao ano passado.

A taxa de juros

Esse dado ajuda a abrir caminho para um corte na taxa de juros americana em setembro. O tesouro americano é a aplicação mais segura do mundo e está pagando juros altos. Por isso, os investidores do mundo todo saem das bolsas — principalmente as de países emergentes como o Brasil — para aplicar lá. Com o corte, espera-se que os investidores voltem para o Brasil. Dinheiro entrando no país ajuda o dólar a baixar e, consequentemente, os preços também caem. Se a inflação arrefecer, o banco central pode baixar os juros e as empresas voltam a crescer.

Outro destaque é o ouro que registrou ganho nesta sexta-feira, recuperando parte das perdas recentes, inclusive uma de 2,5% no dia anterior. Hoje, a queda do dólar colaborou para apoiar o contrato, pois neste caso o metal, cotado na moeda dos Estados Unidos, fica mais barato para os detentores de outras divisas, o que ajuda a demanda. O ouro para agosto fechou em alta de 1,17%, em US$ 2.381,00 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex). Na comparação semanal, o contrato caiu 0,75%.

No câmbio, o dólar ficou sob pressão, embora contida, após números do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O dado reforça a chance de que o Fed comece a cortar juros em setembro, o que tende a pesar na moeda americana. De qualquer modo, o movimento no câmbio ainda foi relativamente contido.

Fechamento – Ibovespa fechou nesta sexta-feira , 26, com alta de 1,30%, aos 127.591,13 pontos (17h06); o dólar comercial tem leve alta a R$ 5,65 e juros futuros recuam.

Por Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank/Colaborou: Cátia Chagas, Portal Acionista

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