Na sessão anterior
Na última terça-feira, 20 de agosto, o dólar comercial (compra) fechou em alta de 1,35%, cotado a R$ 5,484.
O dia foi marcado por ajustes nas expectativas em relação ao carry trade. O mercado havia antecipado aumento da Selic no Brasil e corte de juros nos EUA em setembro, o que beneficiaria o real.
No entanto, após declarações de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), indicando que a Selic pode subir se necessário e que o cenário internacional melhorou, o mercado ajustou suas posições e realizou parte dos lucros.
No exterior, a incerteza sobre a decisão do Fed em setembro também influenciou a alta, com o mercado aguardando o discurso de Jerome Powell na sexta-feira (23) para pistas sobre a política monetária futura.
Os discursos dos banqueiros centrais em Jackson Hole estão impactando o câmbio esta semana.
Brasil
Nesta quarta-feira (21), com a agenda de indicadores econômicos vazia, o único dado esperado é o fluxo cambial da semana pelo Banco Central (BC).
Assim, o mercado financeiro local foca nas articulações políticas em Brasília, especialmente após a aprovação da desoneração da folha de pagamentos no Senado.
Desoneração
Apesar da retirada do aumento da alíquota do Imposto de Renda sobre Juros sobre o Capital Próprio (JCP) de 15% para 20% no projeto de compensação da desoneração da folha, o ministro Fernando Haddad (PT-SP) considerou a aprovação um avanço.
Ele afirmou que trabalharão para otimizar as propostas do Senado e que, se necessário, buscarão compensações adicionais com o Supremo Tribunal Federal e o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Haddad ressaltou que Pacheco se comprometeu a retomar negociações para compensações futuras se as medidas atuais forem insuficientes, já que a desoneração será gradual até 2028.
O aumento da alíquota sobre JCP não teria impacto imediato, pois exigiria um período de noventena. Na fase final das negociações, o relator Jaques Wagner (PT-BA) também retirou a proposta de delegar o julgamento do Imposto Territorial Rural (ITR) para municípios.
As medidas aprovadas, que incluem atualização de bens no IR e repatriação de ativos, devem gerar entre R$ 25 bilhões e R$ 26 bilhões para cobrir os custos de 2024.
A princípio, o novo parecer define que as empresas devem manter ao menos 75% dos empregados para evitar a taxação sobre a folha, reduzido dos 100% inicialmente propostos. O PL da desoneração segue para a Câmara.
Emendas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) alcançou parcialmente seu principal objetivo na renegociação das emendas parlamentares.
Esse acordo, que surgiu após a suspensão das emendas impositivas pelo STF, permite o uso de parte dos recursos para obras estruturantes, conforme desejado pelo presidente.
No entanto, o governo ainda enfrentará desafios para trocar verbas por apoio político e será difícil reduzir o montante destinado a emendas parlamentares no futuro, mantendo o poder do Congresso.
Nesse sentido, o ministro Luís Roberto Barroso (STF) afirmou que, embora as “emendas pix” se mantenha, se eliminarão as “transferências livres” para garantir maior rastreabilidade e transparência no uso das verbas.
Reforma tributária
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, não se comprometeu com a retirada da urgência constitucional da regulamentação da reforma tributária no Senado, como sugerido por Haddad.
Isso porque, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, havia mencionado que o governo poderia retirar a urgência, que exige análise do projeto em 45 dias, com prazo terminando em 23 de setembro.
Padilha afirmou que o governo prioriza a conclusão da regulamentação ainda este ano e está acompanhando o debate.
Embora o relator, Eduardo Braga (MDB-AM), ainda não tenha sido formalmente indicado, Padilha garantiu que ele já estava escolhido desde o início do ano e que uma mesa de diálogo permanente foi estabelecida com Braga.
O primeiro projeto da regulamentação, aprovado pela Câmara em julho, inclui carnes, queijo e sal na cesta básica desonerada e estabelece um teto de 26,5% para a alíquota do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), conforme o impacto calculado pela equipe econômica.
EUA
Nesta quarta-feira (21), o mercado norte-americano acompanha a divulgação da Ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed) e espera ansiosamente a revisão dos dados do mercado de trabalho pelo Escritório de Estatísticas Trabalhistas (BLS), que pode indicar um enfraquecimento maior no emprego.
Às vésperas do seminário de Jackson Hole (sexta-feira, 23), esses dados podem moldar o discurso de Powell e influenciar fortemente os ativos.
Ásia
Japão – às 21:30 sai o PMI Composto, em versão preliminar de agosto, pela S&P Global.
Coreia do Sul – Banco Central decide política monetária, às 22:00.