Desde sempre, o dólar é a moeda dominante no mundo, apesar de constantes previsões sobre o seu possível colapso. A força da moeda pode estar resistindo apesar das ações dos próprios líderes americanos, e não por causa delas, segundo um estrategista de câmbio baseado em Londres.

Steven Barrow, chefe de estratégia do G-10 no Standard Bank, afirmou recentemente que, ao contrário de outros países, onde a preservação do valor da moeda é uma prioridade, os formuladores de políticas dos EUA parecem ter um “desejo de morte” quando o assunto é o dólar.

Políticas arriscadas podem enfraquecer o dólar, Barrow destaca que a independência do Federal Reserve está sendo questionada. Há uma perspectiva de tarifas punitivas ainda mais severas, déficits orçamentários cada vez maiores. Caso Donald Trump vença as próximas eleições presidenciais contra Kamala Harris, ações diretas para enfraquecer o dólar podem se concretizar.

Ele argumenta que as medidas protecionistas propostas, como a tarifa generalizada de mais de 10% sobre importações e uma taxa de mais de 60% para a China, acelerariam a perda do status privilegiado do dólar. Segundo Barrow, essas políticas não demonstraram benefícios claros para o comércio dos EUA e, ao contrário, enfraquecem a moeda ao forçar outros países a realizarem trocas comerciais entre si, evitando o dólar.

O papel da “armação” financeira

Além disso, a política americana de restringir o acesso ao dólar para alguns países, como a Rússia, tem levado esses países a abandonar as reservas em dólar e a migrar para outras moedas. Barrow também criticou a postura cautelosa dos EUA em relação às moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), destacando que outros países estão mais avançados nessa área.

Enquanto isso, nos EUA, o debate político raramente aborda o déficit público, diferentemente do Reino Unido, onde o primeiro-ministro Keir Starmer recentemente alertou para a necessidade de decisões fiscais difíceis.

Barrow cita um estudo recente que estima que o status especial do dólar permite aos EUA manter uma relação dívida/PIB 22 pontos percentuais acima de outros países. “Esse é um enorme benefício, mas parece que está sendo desperdiçado”, afirmou.

Resiliência do dólar em risco

A resiliência do dólar, segundo Barrow, é explicada por fatores como sua dominação no comércio internacional, empréstimos, status de moeda de reserva e refúgio seguro durante períodos de turbulência. Contudo, ele adverte que, se as políticas não mudarem, a confiança dos mercados financeiros globais na moeda americana poderá se deteriorar, com consequências graves para o dólar.

Com as próximas eleições e políticas econômicas questionáveis no horizonte, o futuro do dólar está mais incerto do que nunca. Para Barrow, os sinais de alerta estão claros: se a trajetória atual continuar, o status especial do dólar pode se tornar uma coisa do passado.

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