O Brasil está “dando saída” para o mundo, não há outra forma de pensar o movimento recente da moeda norte-americana. Minhas projeções são sistematicamente mais baixas que a do mercado para o Dólar – estou com R$ 5,20 ao final do ano enquanto a mediana do FOCUS está em R$ 5,50 – mas o movimento recente da divisa norte-americana contra o Real está, mesmo para mim, muito esticada.
Graficamente falando estamos testando suportes importantes e se perder tais pontos podemos muito bem ver o Dólar cair rapidamente para debaixo dos R$ 5,00. Há espaço para ir até R$ 4,64 ou mesmo R$ 4,45 se olharmos apenas o gráfico. No ano o Real é a moeda que mais se aprecia entre as principais subindo 9,39%, a segunda mais forte, o Rand Sul-Africano, sobe 5,5%, 40% menos que nossa divisa.
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O que explica este movimento do dólar?
Como disse no início estamos “dando saída” para os estrangeiros. De um lado nosso mercado acionário é sensível à commodities e num cenário de eventual conflito na Ucrânia é razoável imaginar que teremos alta destes preços o que beneficia o índice como um todo, mas não o índice inteiro. O que está subindo são as blues chips deixando as small caps de lado. Dito de outra forma: os estrangeiros estão comprando commodities via empresas produtoras e exportadoras, mas no mais “venderam Brasil” não indo para as outras empresas listadas.
Do ponto de vista macroeconômico acredito que as empresas menores tendem a avançar na esteira da alta do índice, mas esta convicção precisa ser confirmada pela demanda efetiva por estes papéis.
No entanto, há uma segunda forma que “damos saída” para os estrangeiros. No ano somos disparados o país que mais deu juros. Até hoje o acumulado de juros no Brasil é de 1,48%, já o segundo, o México, apenas 0,95%, uma diferença de 55%.
O BCB tem nesse sentido um problema nas mãos. Há grandes pressões para altas mais fortes da taxa SELIC (acima de 12,25%) uma vez que a inflação permanece em alta, mas quanto mais subir a SELIC mais o Real se apreciará, o que não é necessariamente um problema, contudo continuaremos exportando juros cada vez mais.
Não iremos revisar o câmbio. Mantenho a projeção de R$ 5,20 ao final de 2022, mas temos que monitorar com muita atenção os pontos gráficos. Até segunda ordem o Real e a Bolsa vão ir bem e isto tem que necessariamente “vazar” para a economia e para setores menos beneficiados por este fluxo em direção ao país.
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