Se o contexto do dólar permanecer abaixo dos R$ 6 como encerrou semana passada, é um bom momento para adquirir a moeda, principalmente se a ideia é viajar para o exterior. A recente redução do dólar, (na última sexta, a cotação de fechamento foi de R$ 5,94), reflete os bons olhos que o mercado observou a tom mais brando do recém empossado presidente dos EUA, Donald Trump em relação à China. Entretanto, não é possível afirmar que esse movimento de queda permanecerá por muito tempo.
Conforme Douglas Ferreira, diretor da mesa de câmbio da Planner Investimentos, o mercado reagiu positivamente a pontos específicos mencionados recentemente por Trump, como a intenção de taxar importações da China e a disposição de dialogar com o presidente chinês, Xi Jinping, para um possível acordo comercial. “O mercado enxergou as declarações como um sinal de maior estabilidade nas relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo, o que favoreceu o aumento do fluxo financeiro em mercados emergentes, como o Brasil”, explica Ferreira.
Apesar do alívio momentâneo, ele destaca que o cenário ainda apresenta incertezas, tanto externas quanto internas e, diante disso, fica difícil prever se o atual patamar da moeda americana irá persistir. “A permanência desse recuo da cotação é questionável, especialmente considerando os desafios fiscais do Brasil, que continuam sendo um fator de atenção para investidores”, avalia.
A estratégia
No caso de quem quem planeja viajar ao exterior, o especialista recomenda aproveitar as oportunidades de compra da moeda estrangeira gradualmente.
“A estratégia é sempre a mesma: adquirir a moeda aos poucos, mesmo durante períodos de queda, para diluir os riscos e tirar proveito das oscilações de mercado, que devem persistir ao longo do ano, dependendo dos desdobramentos nos cenários interno e externo. Dessa maneira, é possível minimizar, em alguma medida, o impacto das oscilações, evitando comprar tudo de uma só vez em um momento de alta. A estratégia reduz a exposição a variações bruscas”, orienta.
Em um ano que promete movimentos intensos no mercado cambial, a orientação é acompanhar de perto os indicadores econômicos e aproveitar as oportunidades conforme elas surgirem.
Cartão ou moeda em espécie?
Uma opção para se proteger de uma eventual nova alta do dólar, antes ou durante uma viagem ao exterior, segundo Ferreira, é investir em um fundo cambial, que, por sua vez, aplica 80% de seus recursos em ativos vinculados a moeda americana.
Já para os pagamentos no pagamento no exterior, em si, o especialista aponta que a compra de dólar em espécie ou a abertura de uma conta no exterior são as opções mais vantajosas. Para se ter uma ideia, o IOF (imposto sobre operações financeiras) para compras em espécie é de 1,1%, enquanto o uso de cartão pré-pago ou de crédito internacional tem uma alíquota mais alta, de 4,38%.