“Moeda americana começa a escalar e investidores precisam reposicionar suas carteiras.”

O dólar voltou a subir significativamente frente ao real dia 12, ultrapassando a marca de R$ 5,40, impulsionado pelas turbulências no cenário político nacional. A alta ocorre em meio à derrota do governo em seus esforços para compensar a desoneração da folha de pagamentos.

Em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está enfrentando um ataque especulativo evidente, celebrado pela oposição e orquestrado dentro do próprio Palácio do Planalto. O Congresso já rejeitou três propostas apresentadas pela Fazenda para reorganizar a arrecadação: a reoneração, a retomada de taxas sobre os municípios e, mais recentemente, uma nova formatação para o uso de créditos do Pis/Cofins.

A alta do dólar também foi influenciada pelo discurso do presidente Lula em um fórum que reuniu representantes do Brasil e da Arábia Saudita.

 Para André Colares, CEO da Smart House Investments, se o Fed decidir aumentar as taxas de juros de forma mais agressiva do que o esperado, isso pode tornar os investimentos em dólar mais atraentes, resultando em uma maior demanda pela moeda americana e, consequentemente, sua valorização frente ao real.

Em relação ao Brasil, qualquer aumento na percepção de risco político ou fiscal, como instabilidades governamentais, problemas na aprovação de reformas ou aumento do déficit fiscal, pode levar investidores a retirar capital do país, buscando a segurança do dólar e pressionando sua cotação para cima.

“Em tempos de crises globais, como uma nova recessão mundial ou tensões geopolíticas significativas, os investidores tendem a buscar ativos de refúgio seguro, como o dólar americano. Um cenário de aversão ao risco global pode aumentar a demanda por dólares, elevando seu valor frente ao real”, diz.

Já Fábio Murad, sócio da Ipê Investimentos, destaca que a situação fiscal no Brasil, como a devolução de uma medida provisória que limita a compensação do PIS e Cofins, gera incertezas sobre como o governo e o Congresso conseguirão arrecadar cerca de R$ 26,3 bilhões para equilibrar as contas em 2024, o que pode desencorajar investidores e pressionar a alta do dólar.

“Lá fora, as políticas monetárias do Fed também impactam o valor do dólar. Mesmo mantendo a taxa de juros, a indicação de um provável corte de taxa ainda este ano pode sugerir uma política monetária menos agressiva, fortalecendo o dólar. Aqui dentro, a política interna brasileira, como a fala do presidente Lula sobre equilíbrio fiscal atrelado ao aumento da arrecadação e não a cortes de despesas, e o enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após derrotas políticas, geram mais incertezas e pressionam a alta do dólar”, ressalta.

Déficit fiscal e a principal influência 

Volnei Eyng, CEO da Multiplike, afirma que o governo promete equilibrar as contas, mas o mercado acredita que pode haver um déficit de até 0,7% do PIB. “A falta de preocupação em reduzir custos e a ênfase em aumentar a arrecadação geram desconfiança”, aponta.

Ele também leva em consideração a concorrência mundial: “com juros altos nos EUA, investidores preferem investir lá, que oferece um prêmio de 5,25%, especialmente quando a Selic no Brasil diminui. Além disso, a desvalorização do real desestimula investimentos em títulos brasileiros”, afirma.

Já Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, indica o risco país como uma situação a ser levada em conta. “Se as agências de classificação de risco americanas apontarem o Brasil como um risco, o dólar tende a subir”, diz.

O executivo elenca, também, o fly to quality. “Quando o mercado americano se torna mais atraente para investidores, ocorre esse movimento, onde o dinheiro sai do Brasil e vai para os EUA, aumentando a valorização do dólar.

No ambiente doméstico, a incerteza sobre a política econômica do Brasil faz com que investidores segurem investimentos, reduzindo a entrada de dólares no país e aumentando a cotação da moeda. “Esses fatores combinados criam um cenário complexo e desafiador para a economia brasileira, onde a valorização do dólar pode ter impactos significativos em diversos setores”, conclui.

Confira os 6 fatores para um dólar a R$ 6,00

  • Aumento das taxas de juros pelo Fed
     
  • Tensões geopolíticas globais
  • Situação fiscal no Brasil em declínio
  • Política monetária agressiva pelos bancos centrais de países desenvolvidos
  • Prêmios de risco melhores em outros mercados
  • Brasil caindo na classificação de agências de risco
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