Primeiro foi o Butantã, com a Coronavac (de tecnologia mista, em parceria com a Sinovac), agora é a Fiocruz, registrando o seu IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) para uma vacina 100% brasileira. O Brasil caminha bem no combate a doenças contagiosas, para além da tradição que já tem nesta área. A guerra, hoje, é contra o coronavírus-19. Só que o país poderia estar melhor, não fossem os negacionistas de plantão, gente que só puxa o freio de mão com o carro acelerado.
Paralelamente à saúde, temos frentes de agricultores focados em um trabalho responsável e sustentável, como pede a Nova Economia. De outro lado, há quem ainda considere a natureza algo particular, para seu uso e descarte. Incêndios criminosos, aterros de mangue e tantas outras agressões ao meio são ocorrências vistas em profusão.
A sensação de viver em meio a um “cabo de guerra”, com grupos distintos puxando a corda para lados opostos, não ajuda. Outro exemplo é a evolução da matriz energética brasileira, com fontes renováveis em 48,3% das aplicações – contra apenas 14% da média mundial, atesta a Agência Internacional de Energia (IEA). E, note, que o uso da biomassa vem crescendo (atualmente é de 8,63% do total) nessa matriz brazuca, a exemplo da eólica (10,9%) e da energia solar (2,48%). Aos poucos nos tornamos menos dependentes das gigantescas usinas hidrelétricas (que impactam fortemente o meio ambiente) e das fontes poluidoras tradicionais.
Mas, segundo o dito popular, “toda alegria dura pouco”… Sua Excelência o presidente da República sancionou, no último dia 6, Projeto de Lei (Nº 14299/22) criando uma política de apoio ao setor carbonífero do Estado de Santa Catarina. Na prática, o Complexo Termelétrico daquela localidade terá contrato prorrogado e o Ministério das Minas e Energia assinará compromisso para a compra de energia de reserva da usina a carvão. Só para registro, é este o combustível mais poluente e, de acordo com cálculos da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), o custo anual disso será de R$ 840 milhões. Sintetizando, além de amargar o atraso, uma vez mais, o povo brasileiro ainda pagará a conta.
Com tanta loucura em tela, expondo erros e acertos do cotidiano, aflora à lembrança o clássico bolero criado pelo médico psiquiatra e compositor Aldir Blanc: Dois pra lá, dois pra cá.
RECOMPRA
Pra quem estava na praia neste final de semana que passou, e perdeu parte do noticiário do Portal Acionista, a Raízen anunciou a recompra de 40 milhões de ações. Isto equivale a 3,2% do total de papéis em circulação.
Pelo acordo assinado com a B3, a companhia, que tem atualmente 12% de free float, se compromete a negociar, até o dia 31 de dezembro deste ano, um mínimo de 15% das ações emitidas.
PRATIQUE…
… ou Explique. A Comissão de Valores Mobiliários orienta todas as companhias abertas a relatarem informações relativas ao ESG. E se não o fazem digam o porquê.
Os dados deverão compor o Formulário de Referência (FRE), registrado naquela autarquia, já a partir deste ano. Por ora não existe obrigação, apenas orientação, mas… a sequência disto todas as companhias já devem imaginar; e se preparar.
DESCONFORTO
E por falar em CVM… o Estadão Conteúdo divulgou que os 15 superintendentes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) encaminharam carta conjunta ao presidente da autarquia, Marcelo Barbosa, mostrando indignação com a notícia de aumento salarial exclusivamente para a PF, como cogitou o presidente da República, deixando outros segmentos congelados. Barbosa recebeu a carta e encaminhou ao ministro Paulo Guedes.
CARNES
A suspensão de compra das carnes bovinas brasileiras, pela China (que sozinha consome metade dessa exportação), por longos 100 dias, mexeu na balança de exportação do setor. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2021 o país exportou 4,24 milhões de toneladas da proteína.
Desse total, a carne bovina contribuiu com 1,8 milhão de toneladas o que representou recuo de 7% em volume, embora tenha registrado crescimento de 9% em dólares.
Já os suínos estiveram em alta de 11%, exportando o recorde de 1,13 milhão de toneladas. Os dados comparativos referem-se a 2021 sobre 2020.
PORTOS
A Coluna recebeu estudo intitulado “Impactos e Riscos da Mudança do Clima nos Portos Públicos Costeiros Brasileiros”. Elaborada no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Agência Reguladora do Setor Aquaviário Brasileiro e a Agência de Cooperação Técnica Alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, a análise contou também com a participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da empresa WayCarbon (referência em estudos sobre a mudança do clima, sustentabilidade e energia no Brasil e na América Latina).
Pelos 21 portos da costa brasileira passam 95% do comércio exterior do país, movimentando R$ 293 BI/ano, equivalente a 14,2% do PIB.
PORTOS 2
Em 11 portos pesquisados identificou-se o risco de aumento do nível do mar classificado como alto ou muito alto para o ano de 2030 e de 2050. São eles os de Aratu (BA), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Santos (SP), São Francisco do Sul (SC), Cabedelo (PB), Fortaleza (CE), Imbituba (SC), Itaguaí (RJ), Recife (PE) e São Sebastião (SP).
PORTOS 3
Ainda de acordo com o mesmo documento, a principal ameaça está no risco de vendavais que já afeta nada menos que sete portos – entre eles o de Santos, o maior do país – e pode se tornar um problema futuro para outras instalações.
Os portos considerados com risco alto ou muito alto de ocorrência de vendavais são os de Imbituba (SC), Santos (SP), Recife (PE), Rio Grande (RS), Salvador (BA), Paranaguá (PR) e Itaguaí (RJ). Nas projeções para 2050, cinco portos foram classificados com risco muito alto de vendavais e os demais com risco alto. Natal (RN), Salvador (BA) e Suape (PE) são de maior variação no nível de risco.
PORTOS 4
O estudo aponta 55 medidas de adaptação para se aumentar a resiliência do setor portuário brasileiro, sendo 21 estruturais e 34 não estruturais.
As medidas estruturais envolvem obras de engenharia para correção e/ou prevenção de desastres, podendo abranger também as áreas de tecnologia, bem como a adaptação baseada em ecossistema (AbE) e as de caráter não estruturais visam reduzir os impactos por meio de gestão administrativa, normas, regulamentações ou programas, abarcando as áreas de design e manutenção, de planejamento, de seguros e de gestão de sistemas.
OCEANOS
Está sendo gestado, no âmbito do Ministério da Ciência&Tecnologia, o Instituto Nacional do Mar. Iniciativa tem sido discutida e, por isso mesmo, recebe contribuições de vários setores, entre os quais do pessoal da Universidade de São Paulo (USP) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
INCLUSÃO
Se 80% das organizações empresariais (em uma pesquisa específica) acreditam que a pauta da inclusão/diversidade é importante, por que não existem ações tão efetivas quanto deveriam?
A pesquisa “Diversidade de Gênero e Raça nas Lideranças Organizacionais” foi realizada pelo IBGC, Sistema B e a ABRH-SP junto a 86 empresas de diferentes setores, tamanhos e perfil societário. Na conclusão desta, descobriu-se que as ações não são suficientes para cobrir as necessidades expressas que o tema requer.
IBRI
O Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) tem novo presidente. Geraldo Soares foi eleito em reunião realizada no final do ano passado e assume o comando agora em janeiro. Na mesma oportunidade, o instituto elegeu Guilherme Setubal e Renata Oliva Battiferro como vice-presidentes. O mandato é para o biênio 2022/23.
Para o novo Conselho Fiscal estão empossados Almir da Silva Mota, Fernando A. Lopes Silva e Luis A. O. Navarro.
INDEPENDENTES
A Comissão de Valores Mobiliários abriu audiência pública para alteração pontual nas Instruções CVM 367/2002 e 480/2009, visando regulamentar a composição dos órgãos de administração de companhias abertas. O prazo para manifestação é até 18 de fevereiro, por isso a Associação das Companhias Abertas (Abrasca) reunirá sua Comissão Jurídica (Cojur) e companhias associadas no dia 8 próximo. O tópico “Conselheiros Independentes” será um dos focos de debate.
FRAUDE
Papai Noel que se cuide. Nesses novos tempos nada inocentes, de fake news e fraudes de toda ordem, é preciso duplicar, triplicar, quintuplicar os cuidados…
Exemplo: no período deste último Natal houve um aumento de 91,35% no número de fraudes evitadas no e-commerce brasileiro, subindo de 260.733 pedidos potencialmente fraudulentos em 2020 para 498.923 em 2021. Em termos financeiros, isto significa que foram evitadas fraudes no valor de R$ 468,9 milhões no varejo virtual em 2021, contra R$ 300,7 milhões no ano passado (crescimento de 56,25%, em moeda). Os cálculos são da ClearSale, empresa voltada a soluções antifraude em vários segmentos, como e-commerce, mercado financeiro, vendas diretas e telecomunicações. O levantamento abrange o período de 01 a 25 de dezembro, sendo analisadas somente operações com cartão de crédito.