Existe diversidade em todos os espaços? A palavra diversidade vem do latim “diversitas” que significa variedade, mudança, diferença. Na sua forma mais autêntica, diversidade é um substantivo que deixa claro a intenção de não apoiar aquilo que é homogêneo ou sempre igual, para enaltecer tudo o que é plural.

Falar de diversidade no Brasil é ter em mente que nosso território majoritariamente povoado por pretos e pardos, não têm estes representantes nas principais cadeiras de Diretoria, e muito menos nos cargos de liderança das maiores empresas.

Respondendo a pergunta que inicia esse texto, de fato não existe diversidade em todos os lugares quando se trata de espaços de poder e de tomada de decisão. Em 2021, durante o Fórum Sim à Igualdade Racial, a educadora e Deputada Estadual de São Paulo Érica Malunguinho falou a respeito dessa ausência de diversidade e da enorme lacuna social que há no Brasil, e principalmente, sobre a importância da alternância de poder e de como um poder baseado na coletividade, é capaz de derrubar barreiras e mover estruturas.

A diversidade deve começar no topo


Um levantamento da Folha de São Paulo em 2018 identificou que apenas 2 em cada 10 profissionais que ocupavam cargos de liderança em empresas privadas do Brasil eram negros, considerando-se que 56% da população do país é formada por pretos e pardos. Em 2020 uma pesquisa realizada pela Faculdade Zumbi dos Palmares mostrou que “apenas 6,6% dos cargos de diretorias são ocupados por pessoas negras”. Em resumo, uma maioria que não está no topo.

A base da pirâmide social do nosso país é formada por profissionais que constituem o chamado chão de fábrica – funcionários que ocupam posições operacionais e que efetivamente fazem o ciclo de produção acontecer – porém, em sua maioria, não se veem representados nas posições ocupadas pelos seus líderes.

Mas por que isso acontece? Onde está esse desequilíbrio? Em meio a uma estrutura emaranhada que constrói as desigualdades sociais, raciais e econômicas, e que distanciam e dificultam cada vez mais os grupos minorizados a assumirem seus papéis como protagonistas.

Mas como mudar este cenário? Não basta somente o movimento que atrai os talentos de fora para aumentar a diversidade dentro das organizações. É necessário começar essa mudança pelo topo, onde lideranças que ocupam posições estratégicas se movimentam e levam essa reação de transformação até sua base.

A diversidade é o verdadeiro alicerce de uma estrutura organizacional que se dispôs a virar a chave, onde os líderes são inclusivos e estão preparados para desempenhar uma gestão que encoraje outros líderes a criar novas oportunidades.

Representatividade é tudo!


Ter menos de 5% de pessoas negras ocupando cargos executivos nas empresas é um reflexo da desigualdade racial; ver homens brancos recebendo mais que o dobro do salário de uma mulher negra, que desempenha o mesmo cargo que eles, é uma discrepância tanto no contexto de raça quanto de gênero.

É preciso entender que as melhores competências não estão nos perfis padrões. É justamente nas diferenças que as competências se readaptam, se transformam e encaram os novos desafios.

Os líderes do presente e do futuro são forjados através da representatividade. São homens, mulheres, pessoas LGBTQIA +, pessoas com deficiência, periféricas, indígenas, pessoas negras, ou seja, indivíduos que se enxergam em outros cuja diversidade os aproximam.

“A alternância de poder significa a transferência do

poder substantivo que decide as coisas,

para outros e outras que nunca tiveram

poder de decisão”

(Érica Malunguinho)

Embora ainda caminhem a passos lentos, os espaços de liderança se encontram hoje neste processo de alternância de poder proposto por Érica Malunguinho. O chão de fábrica está conquistando seu lugar na Diretoria, e essa caminhada não tem mais volta.

Carla Araújo

Carla Araújo é Analista de Comunicação no ID_BR – Instituto Identidades do Brasil, graduada em Letras Português – Inglês (UFF) com extensão em Fundamentos de Marketing em Mídias Sociais (PUC-Rio). É uma apaixonada pela escrita criativa e de impacto, alguém que enxerga no final da zona de conforto o lugar ideal para o recomeço e para os desafios. Gosta de escrever e compartilhar conteúdos relevantes, sobre cultura corporativa, atualidades, causas sociais, meio ambiente, diversidade e pauta racial. Na vida pessoal e no trabalho, é uma pessoa destemida, resiliente e que acredita no poder da oportunidade!

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte