Dividendos tradicionais são uma parte dos lucros que é distribuída aos acionistas. Normalmente, eles são pagos em dinheiro e representam uma forma de retorno do investimento. A decisão de quanto do lucro será distribuído como dividendos é tomada pelos diretores e pode variar de acordo com o momento e a estratégia de investimento da empresa.
Dividendo sintético é uma estratégia de opções que permite ao investidor receber um fluxo de rendimentos de ações de empresas que não pagam dividendos, como se imitasse o pagamento de dividendos. Essa estratégia envolve vender opções de compra da ação de forma coberta (possuindo as ações em carteira).
Leandro Botelho, sócio da Ipê Avaliações, explica: “desta forma, o vendedor das opções de compra receberá um prêmio do comprador. Essas opções podem ser eventualmente exercidas, o que obrigará o investidor a vender sua posição nestas ações. Entretanto, essa posição pode ser imediatamente recomposta comprando novas ações no mercado”.
Como qualquer investimento, esses proventos oferecem diversas vantagens para se destacar. Uma delas é que, como se tratam de reinvestimentos automáticos dos lucros da empresa, eles aceleram a expansão do investimento. Isso é particularmente atraente para aqueles que buscam maximizar os retornos a longo prazo.
Além disso, para os investidores que acreditam no crescimento futuro do negócio, os dividendos sintéticos são um jeito eficiente de aumentar sua participação nela sem a necessidade de adquirir mais ações no mercado.
Contudo, a prática também apresenta desvantagens, por exemplo, o valor das ações recebidas pode diminuir se a empresa não estiver performando bem, resultar em um prejuízo e, ao contrário dos tradicionais, os dividendos sintéticos não fornecem uma renda em dinheiro que pode ser gasta ou reinvestida conforme o desejo do investidor.
Outro ponto a ser considerado são as possíveis implicações fiscais associadas aos dividendos sintéticos, que podem torná-los menos atraentes do que os dividendos tradicionais, dependendo da situação fiscal do investidor.
Por fim, um fator que pode ser desvantajoso é a significativa limitação quanto à liquidez. Em um cenário no qual a empresa não esteja indo bem, pode ser problemático converter as ações recebidas em dinheiro, e deixar o investidor em uma situação difícil se ele precisar de acesso rápido a dinheiro.
Impacto na valorização das ações
Quando uma empresa decide distribuir dividendos sintéticos, ela está reinvestindo os lucros de volta nela mesma, em vez de distribuí-los aos acionistas como dinheiro. Isso pode levar a um crescimento mais rápido, que, por sua vez, pode levar a uma maior valorização das ações.
No entanto, as ações podem ser desvalorizadas em cenários onde os dividendos entregues diluem a participação acionária, já que, com isso, o número total de ações em circulação aumenta e a participação de cada acionista diminui e desvaloriza as ações.
A percepção do mercado sobre a política de distribuição de proventos também pode influenciar a valorização das ações.
Se os investidores veem os dividendos sintéticos como um sinal de que a empresa está reinvestindo em seu crescimento, isso pode criar uma percepção positiva e levar a uma maior demanda pelas suas ações.
Porém, se os investidores preferem receber em dividendos tradicionais e enxergam a distribuição de dividendos sintéticos como um sinal negativo, uma diminuição na demanda pelas ações pode acontecer e, consequentemente, uma diminuição na valorização das ações.
Vale a pena?
Investir em empresas que pagam dividendos sintéticos pode ser uma estratégia inteligente, especialmente para investidores com visão de longo prazo, mas é importante lembrar que os dividendos sintéticos podem não ser a melhor opção para investidores conservadores.
Os dividendos sintéticos podem atrair investidores com perfil moderado, pois oferecem uma maneira de reinvestir automaticamente os lucros da empresa e aumentar a participação no investimento a longo prazo.
Os investidores arrojados podem ver os dividendos sintéticos como uma oportunidade para potencializar os retornos, focando no crescimento do valor de suas participações ao longo do tempo, em vez de pagamentos em dinheiro imediatos.
“É uma estratégia atraente para investidores com uma visão de longo prazo e que buscam potencializar seus retornos, mas acho importante também entender os riscos associados e considerar se essa opção se alinha com seus objetivos de investimento”, finaliza Botelho.
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