A Securities and Exchange Commission, órgão regulador do mercado norte-americano de ações, aprovou medida que obriga que empresas listadas na Nasdaq tenham um conselho com, no mínimo, duas lideranças consideradas diversas, sendo uma mulher e outra pertencente a um grupo minorizado, como pessoas negras ou da comunidade LGBTIQ+. O prazo para adequação é de dois a cinco anos.
A regra passa a valer também para as corporações estrangeiras, e permite que as vagas sejam preenchidas apenas por executivas. Entre as cerca de três mil empresas listadas na Nasdaq, há, ao menos, nove brasileiras.
Com a aprovação da proposta neste mês de agosto, o presidente da SEC, Gary Gensler, disse em comunicado: “Essas regras permitirão que investidores obtenham uma melhor compreensão da abordagem das empresas listadas na Nasdaq em relação à diversidade do conselho”.
A mudança deve impactar positivamente mercados de outros países, além de reforçar que investir em diversidade não é apenas uma questão ligada aos recursos humanos.
“A inclusão precisa ser uma nova forma de fazer negócios. Vai ser preciso divulgar os dados das pessoas que compõem os conselhos para que a gente possa ter mais segurança nos investimentos em empresas de capital aberto, conectados com a agenda ESG”, diz Ana Bavon, CEO da B4People Cultura Inclusiva, em entrevista ao Estadão sobre o tema.
“Se a SEC dá aval para a Nasdaq exigir diversidade no conselho, isso daqui a pouco vai acontecer na nossa B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) e em todas as outras bolsas, porque é uma tendência global. Estamos sobrepondo um paradigma obsoleto e excludente e entrando em um novo que conecta as coisas,” avalia a executiva.
No Brasil, o número de mulheres nos conselhos tem crescido desde 2014, mas ainda está abaixo dos índices internacionais. Segundo o Estudo de Conselhos de Administração 2020, feito pela consultoria Korn Ferry, elas ocupam apenas 14% das cadeiras dos conselhos. Os setores com maior presença feminina são consumo, varejo e tecnologia.
Com informações do Estadão.