A inequidade de gênero no mercado de tecnologia (TI) atinge níveis alarmantes, conforme aponta pesquisa feita pela Plongê divulgada recentemente pelo Valor Econômico. O estudo, realizado no segundo semestre de 2023 com 28 Chief Technology Officers (CTOs) em São Paulo, revela uma disparidade salarial de 48% entre mulheres e homens que ocupam as mesmas posições de liderança. Mesmo com trajetórias profissionais e qualificações idênticas, as diretoras de TI enfrentam uma desvalorização sistemática.
Adriana Orelhana, sócia da Plongê, ressalta que a análise da seleção para posições de CTO identificou não apenas uma sub-representação de executivas nesses cargos, mas também uma desvalorização financeira das que estão no mercado.
“Ao trabalharmos com a seleção nessas posições, identificamos que não somente há um número menor de executivas líderes nos cargos de CTO, como as que estão no mercado não são valorizadas da mesma forma, apesar de terem qualificação e tempo de experiência iguais aos dos pares masculinos”, diz a executiva.
“As diretorias precisam se mobilizar para que a busca pela equidade seja parte da cultura organizacional”, destaca. “E não apenas quando se fala de gênero, mas de diversidade racial e de faixas etárias, orientações sexuais e vivências diferentes.”
A pesquisa aponta ainda que algumas empresas se aproveitam dessa disparidade salarial para oferecer pacotes salariais inferiores, contribuindo para a perpetuação da desigualdade de gênero. Isso não apenas desvaloriza o trabalho e as competências das profissionais, mas também afeta a capacidade do setor de tecnologia em atrair e reter talentos no Brasil.
Em um contexto em que o setor já enfrenta um desafio significativo de “apagão de talentos”, a desvalorização das mulheres na TI é prejudicial para a construção de um ambiente de trabalho mais justo e vai contra os princípios ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança). A recomendação é que as empresas realizem análises regulares das disparidades salariais e dos planos de carreira, mobilizando-se para integrar a busca pela equidade de gênero à cultura organizacional.
Como combater a desigualdade salarial no mercado corporativo
A disparidade salarial entre homens e mulheres é uma realidade desafiadora e está presente em outros setores além da tecnologia. Para combater esse cenário, foi instituída a Lei de Igualdade Salarial (Lei nº 14.611/2023) no Brasil, tornando assim um marco importante para a promoção da equidade de gênero.
Para ajudar as empresas a se adequarem, o Movimento Mulher 360, junto com Mariana Covre, advogada especialista em compliance de gênero, criou um e-book com as principais orientações relativas a essa lei. A publicação não apenas desvenda os desafios, mas também oferece insights práticos para que as companhias estejam em conformidade, criando ambientes de trabalho mais justos e igualitários.
Como resposta à urgente necessidade de mudanças no universo corporativo, o MM360 disponibiliza este material gratuitamente, proporcionando às organizações uma ferramenta valiosa para se adaptarem e contribuírem para a construção de um mercado de trabalho mais equitativo.
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