Historicamente, a mulher começou a fumar depois do homem. Mas, a partir do século XX, houve um incremento no número de mulheres fumantes. Essa tendência de crescimento do tabagismo feminino trouxe uma nova preocupação para a saúde pública, considerando os prejuízos à saúde da mulher e o aumento das doenças tabaco-relacionadas. No Brasil o tabagismo entre os homens vem diminuindo enquanto que entre as mulheres tem se mantido estável.

O Dia Mundial sem Tabaco – 31 de maio – foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. Anualmente, no Dia Mundial sem Tabaco, o INCA – Instituto Nacional de Câncer promove e articula uma grande comemoração nacional sobre o tema com as secretarias estaduais e municipais de saúde e de educação dos 26 Estados e Distrito Federal e com outros setores do Ministério da Saúde e do governo federal que integram a Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (CQCT/OMS).

Segundo a OMS, enquanto a prevalência de fumantes masculinos atingiu o pico, as taxas do sexo feminino estão em ascensão em vários países. As mulheres também são alvos estratégicos da indústria do tabaco, considerando que novos usuários são necessários para substituir os atuais fumantes que correm o risco de adoecer e morrer prematuramente devido às doenças causadas pelo uso do tabaco. [1]

Diversos motivos foram apontados na iniciação, no reforço e na manutenção do uso do cigarro, tais como as condições econômicas, o estresse provocado pela dupla jornada de trabalho, pela desigualdade de oportunidades de trabalho e salariais, pela violência doméstica ou mesmo por questões estéticas impostas pelos padrões de beleza vigentes na sociedade atual. [2]

As principais causas de morte na população feminina são, em primeiro lugar, as doenças cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico); em segundo, as neoplasias malignas (mama, pulmão e colo de útero) e, em terceiro, as doenças respiratórias. É possível perceber que as três causas podem estar relacionadas ao tabagismo.

Mulheres fumantes que não usam métodos contraceptivos hormonais reduzem a taxa de fertilidade de 75% para 57%, em razão do efeito causado pela concentração de nicotina no fluído folicular do ovário, e as que fumam antes da gravidez têm duas vezes mais probabilidade de atraso na concepção e, aproximadamente, 30% mais chances de serem inférteis.

O uso do cigarro durante a gestação está associado ao aumento no risco de diversas intercorrências. São elas: placenta prévia, ruptura prematura das membranas, descolamento prematuro da placenta, hemorragia no pré-parto, parto prematuro, aborto espontâneo, crescimento intrauterino restrito, baixo peso ao nascer, morte súbita do recém-nascido e comprometimento do desenvolvimento físico da criança. Além disso, pode causar má-formação fetal, abortamentos, mortalidade materna, natimortalidade e mortalidade neonatal. [3]

São muitos os aspectos que envolvem o uso do tabaco por mulheres que se configuram como desafios para a saúde pública, exigindo medidas diversas que passam necessariamente por uma construção social compartilhada de conhecimentos, atuação intersetorial, integrada e habilidades para o enfrentamento do problema.

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Referências

  1. ERIKSEN, M.; MACKAY, J. ; ROSS, H. The Tobacco Atlas. Disponível em: <http://www.tobaccoatlas.org> Acesso em: 12 jul. 2018.
  2. ROSEMBERG, José. Nicotina:droga universal. Monografia. Produção Independente. São Paulo: 2004.
  3. YAMAGUCHI, E. T. et al. Drogas de abuso e gravidez.Revista. Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 35, supl. 1, p. 44-47, 2008.

Fonte: Artigo e informações publicadas pelo INCA.

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