A última segunda-feira do mês foi mesmo de muitas emoções. Além da chegada no Brasil da diva Madonna para seu mega show no próximo sábado (4), no Rio de Janeiro, o Ibovespa encerrou o dia aos 127 mil pontos. E mais, Casas Bahia (BHIA3) foi o barulho bom após anúncio de Recuperação Extrajudicial da noite de domingo.
Por volta das 10h20, os papéis BHIA3 bateram R$ 6,36, com valorização de 16,91%, mas logo entraram em leilão. Quando voltaram a ser negociadas, as ações subiram ainda mais e bateram 20,77% de alta, cotadas a R$ 6,57. Por volta de 15h20, os papéis eram negociados a R$ 7,27, avanço de de 33,64% . Às 17h13, encerrava o dia a 7,30 com alta de 34,19%.
Segundo o InfoMoney, Gustavo Senday, analista de varejo no research da XP, que participou nesta segunda do Morning Call da XP, destacou que quem acompanhou as últimas teleconferências trimestrais da Casas Bahia observou a crescente preocupação da companhia em cumprir suas obrigações financeiras. “Era um assunto que vinha sendo bastante abordado pela companhia nos calls de resultados”, lembra.
Para ele, o plano de recuperação extrajudicial dá mais conforto financeiro à companhia no curto prazo para executar ajustes operacionais, como fechamento de lojas e redução do nível de estoque. A recuperação extrajudicial não deve ultrapassar 40 dias”, comentou.
Casas Bahia: “grupo foi muito inteligente e persuasivo”
De acordo com Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, a situação das Casas Bahia não é um privilégio e uma particularidade dela. O setor de varejo, de eletrodomésticos e afins, no Brasil, já vem, há muitos anos, com um modelo de negócio de margens muito estreitas.
Para ele, , o limiar entre o lucro e o prejuízo é muito apertado. “Se isso não bastasse, com a oscilação de demanda e com a necessidade de financiamento e caixa, em razão dos altos estoques e de uma operação muito onerosa, essas empresas contraíram dívidas.”
Corano ressalta que essas dívidas se mostraram muito nocivas com o aumento dos juros recente, fazendo com que operacionalmente os resultados fossem afetados e comprometidos só pelo custo de se rolar a dívida.
“O CEO da Casas Bahia foi muito feliz, muito inteligente, muito persuasivo, em conseguir renegociar mais de 80% das dívidas financeiras com os bancos, principalmente Banco do Brasil e Bradesco, e jogar para muito lá para frente, dando um fôlego enorme para que a empresa possa se dedicar à operação e tentar encontrar as melhores soluções para os desafios próprios do negócio. O que chama atenção: o setor, que já é muito competitivo, tem desafios como margens muito apertadas; e os juros subiram.”
Além disso, para o economista, tem outra coisa muito interessante: historicamente a Casas Bahia cresceu muito e fazia com excelência justamente o parcelamento. “Ela, então, por muitos anos, teve esse destaque de ser uma loja fácil, com crediários acessíveis. A empresa, historicamente, sempre ganhou mais na operação financeira do que propriamente na venda dos produtos, o que hoje vem se mostrando um modelo cada vez mais difícil”.