O mundo terá zero emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE, em português, e GHG Protocol, em inglês) até 2030? Ou seria até 2050? Estas são perguntas que permearão os debates durante a COP26, Conferência das Nações Unidas paras as Mudanças Climáticas que se realizará entre os dias 31 deste mês e 12 de novembro, em Glasgow, Escócia. Governos e entidades da sociedade civil preparam relatórios de forma abundante, apontando múltiplos dados e cálculos para se chegar a algum lugar. Um desses trabalhos é da organização Transparência Climática, apresentado nesta última semana, afirmando que o Brasil, por exemplo, não alcançará a meta pactuada por 195 países, no Acordo de Paris (de 2015), de limitar em 1,5ºC o aquecimento até 2030.

Já o World Energy Outlook 2021 (WEO-2021), da IEA (sigla, em inglês, da Agência Internacional de Energia) indica que o processo de eletrificação contribuirá com a descarbonização do planeta, mas os combustíveis fósseis (vilões destes tempos) ainda terão lugar garantido na matriz energética da maioria dos países até 2050. Ainda no centro desta discussão, o Relatório da IEA mostra ser imprescindível a redução do gás metano especialmente nas operações de combustíveis fósseis, em que produz vazamentos durante a manipulação.     

Responsável por 30% dos GEE, o metano também está presente nos aterros sanitários e, desde sempre, nos processos digestivos dos ruminantes (bovinos, em destaque, cuja criação só aumenta). Por flatulência e eructação (arrotos), estes animais exalam, individualmente, pouco mais de 140 gramas diárias. Agora multiplique por 217 milhões de cabeças e você terá somente o que se emite pelos bovinos brasileiros! Daí o documento da IEA assinalar, em um dos seus trechos, o ponto Reduzindo as emissões de metano das operações de combustível fóssil: Caminhos para um corte de 75% até 2030. Neste, enfatiza que a ação climática não pode se concentrar apenas no dióxido de carbono. “Os governos e as empresas de energia têm grandes oportunidades para reduzir as emissões de metano, que fornece a maneira mais impactante de limitar as mudanças climáticas de curto prazo”, diz a agência.

Enquanto o mundo analisa as variáveis para reduzir os gases – apontando o dedo com vigor para o quintal do vizinho –, circulou a informação de que o governo brasileiro consultou o BNDES para descolar um aporte de R$ 20 bilhões a fim de turbinar adivinhe o quê? Resposta: usinas de carvão mineral. 

GADO

O Brasil, que tem o maior rebanho bovino comercial do mundo (em 2020 eram 217 milhões de cabeças, respondendo por 14,3% de todo o rebanho mundial), é um dos primeiros países a autorizar o uso do suplemento nutricional Bovaer.

Produzido pela holandesa DSM, o produto promete reduzir 55% das emissões de gases do gado bovino. No aguardo de tal aferição.

TECNO

A Getnet, recém separada do Santander Brasil, onde era seu braço de pagamentos, começará a negociar as próprias ações nesta segunda-feira, 18, na B3.  

Companhia vai operar sob o ticker GETT3 (para ações ordinárias) e o GETT4 (preferenciais). Para negociação de units (agrupamento de papéis), o código será GETT11 e, a partir do dia 22 próximo, também estará na Nasdaq, a bolsa de tecnologia dos Estados Unidos.

OPÇÕES

O exercício de contratos de opções sobre Ações, Units e Cotas de ETF movimentou R$ 13.900.316.068,36, dos quais R$ 6.683.139.716,89 em opções de compra e R$ 7.217.176.351,47 em opções de venda, na B3, na semana recém encerrada.

Os maiores volumes ficaram com a VALEE ON, movimentando R$ 245,5 MM em opções de venda, e PETR PN, com R$ 244,3 MM, em opções de compra.

NOVO ÍNDICE

Um novo índice, para medir desempenho das ações listadas, deverá integrar a B3. A Bolsa fechou parceria com a Great Place to Work para elaboração do mesmo e seu anúncio será feito para a imprensa nesta terça,19.

ÍNDICES

Atualmente a Bolsa brasileira tem o Ibovespa (com 73 ativos de 70 empresas), como seu índice principal, mais o Índice Brasil (IBrX); Índice Brasil 50 (IBrX-50); Índice de Energia Elétrica (IEE); Índice Setorial de Telecomunicações (ITEL); Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC); Índice Valor BM&FBOVESPA (IVBX-2); Índice de Sustentabilidade empresarial (ISE); Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG);  Índice do Setor Industrial (INDX); Índice Brasil Amplo (IBrA); Índice Small Cap (SMLL); Índice Mid-Large Cap (MLCX); Índice Carbono Eficiente (ICO2); Índice de Consumo (ICON); Índice Imbiliário (IMOB); Índice Financeiro (IFNC); Índice de Materiais Básicos (IMAT); Índice Utilidade Pública (UTIL); Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT) e Índice de Dividendos (IDIV)

BLACK

A Itaúsa informa ao mercado que recebeu correspondência da BlackRock, no último dia14, relatando que foram adquiridas novas ações preferenciais da holding. Com isto, a gestora de fundos passa a ter 5,01% de suas ações preferenciais.

SUSTENTABILIDADE

O Conselho Consultivo do GRI (Global Reporting Initiative) no Brasil divulgou pesquisa, junto a mais de 70 empresas, para conhecer as mais transparentes em relação ao item sustentabilidade. Foram avaliados vários itens, entre os quais Relatório, Releases e Formulário de Referência.

De acordo com o GRI, saíram bem na foto as seguintes companhias: Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, BRF, CEMIG, Cielo, CPFL, EDP, Eletrobrás, Engie, Natura, Petrobras, Renner e Suzano. 

SELO

A Simpar, holding que controla as marcas JSL, Movida, Vamos, CS Brasil, Original Concessionárias e BBC Leasing, recebeu o “Selo Ouro” – grau máximo de transparência no Programa Brasileiro GHG Protocol e que adota como base o inventário corporativo para emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). 

TENDÊNCIAS

A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) promoverá no dia 26 próximo o workshop “Tendências e Desafios ESG”.   

Na tela alguns nomes de grande relevância na área, como Fábio Barbosa, Carlos Takahashi e Renato Gasparetto. 

RISCOS

Economista Luiz Fernando Bello acompanhou bem o Congresso Internacional de Gestão de Riscos em que Febraban e BC debateram a agenda regulatória pós-crise. Ele, que é colaborador de Plurale, produziu textos para o site.

Entre estes, destacou os debates sobre riscos socioambientais e a norma IFRS-9 que introduz novas exigências para medir a deterioração de ativos financeiros, além de um novo modelo de classificação e mensuração dentro de uma abordagem modificada para hedge accounting.  

ARTIGO

O planeta por um triz

(*) Paula Pires

O documentário Breaking Bounderies (Quebrando Fronteiras), lançado este ano por um canal de streaming, ilustra, de forma bem didática, que o crescimento humano abusou dos recursos da Terra; mas, como nos lembra o cientista sueco Johan Rockström, os nossos avanços científicos e tecnológicos também nos proporcionaram o reconhecimento desse problema e incentivam-nos a procurar soluções e a promover mudanças no nosso comportamento.

A investigação de Rockström encontrou nove “limites planetários” que nos podem orientar no sentido da proteção dos vários ecossistemas do planeta.

A pesquisa aborda a sustentabilidade conhecida como fronteiras (ou limites) planetário. Johan identificou nove processos ou sistemas chave no mega sistema terrestre e identificou o limite acima do qual cada um dos sistemas pode sofrer um desastre com proporções alarmantes. As alterações climáticas estão na lista, mas também outras ameaças antropogênicas como: a acidificação dos oceanos, a perda de biodiversidade e a poluição química.

Já estamos no limite e é lugar comum nos noticiários incêndios de grandes proporções em várias partes do mundo; o aumento contínuo da poluição; a escassez da água.

Uma rápida análise dos aspectos que corroboram com essa problemática: as frágeis políticas sobre o meio ambiente no Brasil e em outros países, como também uma parcela de culpa da sociedade, envenenada pelo consumismo desenfreado. Quem de nós recicla lixo, usa bicicletas ao invés de carros movidos a gasolina?

É indiscutível que essa questão e sua aplicação estejam entre os fatores que poderiam atenuar o problema. Mas não se trata somente disso. A sociedade e os governos devem se ater aos fatos e encará-los de frente. Domar o touro à unha, como diria o ditado popular.

A COP26 (Conferência das Partes — encontro anual que reúne 197 nações para discutir as mudanças climáticas e como os países pretendem combatê-las e como impulsioná-las) acontecerá em Glasgow, na Escócia, em novembro próximo. Urge apontar quais medidas serão tomadas de fato e que não fiquem só no papel.

O Brasil ainda tem muito a aprender. Cientistas já detectaram que 20% da Amazônia foram desmatadas. Vale ressaltar a grandeza e a importância deste tesouro verde – é como se fosse um ar-condicionado do planeta. Representa mais da metade das florestas tropicais remanescentes no globo terrestre e compreende a maior biodiversidade em uma floresta tropical no mundo. Um dos seis grandes biomas brasileiros.

O grande problema é que temos governos extremistas que não se comprometem com a vida no planeta.

Talvez, José Saramago, no Livro “Objecto Quase”, lançado em 1978, já tivesse conjecturado o nosso presente: “Que espécie de quimera é então o homem? Que novidade, que monstro, que caos, que fonte de contradições, que prodígio? Juiz, depositário da verdade, cloaca da incerteza e do erro, glória e rebotalho do universo.”

Como diria o escritor e filósofo Gustavo Bernardo, no livro ” A Ficção de Deus”, cada ser humano carrega, ao mesmo tempo, o melhor e o pior da humanidade,

Portanto, para tentarmos ser melhores é inadmissível que esse cenário perdure.

Fica evidente fortalecer políticas públicas em torno da Mudança Climática no nosso planeta. Para tanto, ninguém deve largar a mão de ninguém. Como as mãos entrelaçadas do artista holandês Escher em sua mágica pintura. Isso seria impossível? Daqui a 50 anos o planeta responderá.


(*) Paula Pires é jornalista e colaboradora de Plurale (site e revista parceiros do Portal Acionista).

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