CENÁRIO EXTERNO: NOVO RECORDE MOSTRA QUE PANDEMIA ESTÁ LONGE DO FIM

Mercados… Mercados asiáticos abriram a semana com viés predominantemente negativo, com bolsas de Tóquio, Hong Kong e Xangai acumulando perdas de 2,3%, 1,0% e 0,6%, respectivamente. Na zona do euro, índices oscilam entre ganhos e perdas em manhã movimentada. O Stoxx 600, índice que abrange ativos de diversas regiões da Europa, avança 0,1% até o momento. Nos EUA, índices futuros de NY também operam sem tendência bem definida; oscilando em torno do zero a zero enquanto o dólar (DXY) perde força contra seus principais pares. Em relação às commodities, ativos se movimentam com viés ligeiramente positivo. O preço do petróleo (Brent Crude) se mantém estável, negociado próximo dos US$ 41,00/barril.

Longe do fim… Mercados globais tem manhã de volatilidade, oscilando entre ganhos e perdas na volta do fim de semana. O recente salto no número de infectados pela covid-19 ao redor do mundo leva o total de casos da doença a superar os 10 milhões e mantém investidores em estado de alerta. Além dos sinais de que a crise sanitária está longe do fim, a notícia de que o governo chinês pretende sancionar oficiais americanos que interferirem com a política de Hong Kong reforça expectativas de um acirramento na disputa entre as duas maiores economias do mundo. Na outra ponta, ainda sustentando índices de mercado nas bandas verificadas desde o início do mês, ficam as promessas da apresentação de novos pacotes de estímulo fiscal nas economias centrais. Nesta frente, o premiê britânico, Boris Johnson, prometeu uma rodada de investimentos em projetos de infraestrutura de forma a aquecer a economia do Reino Unido no pós-pandemia.

Mortes superam 500 mil… O número de óbitos relacionados à covid-19 superou a marca de 500 mil neste final semana; enquanto o número total de casos confirmados já supera 10 milhões. A pandemia segue mais forte do que nunca segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS); que reportou o maior número de novos casos diários desde o início da crise sanitária: 165.534 novos casos. Como consequência da piora nos EUA, alguns estados americanos já estão tendo que frear o processo de reabertura econômica. Principal vítima da 2ª onda de infecções, o estado do Texas surge como novo epicentro da doença dentro do país. Simultaneamente, a Austrália se prepara para o que parece ser uma nova onda de infecções; assim como uma gama de países no leste europeu, que enfrentam o pior momento da pandemia desde a sua chegada em março. Por último, a aparição de novos surtos na China resultou no isolamento de 500 mil pessoas nos arredores de Pequim.

Na agenda… A semana tem agenda de indicadores recheada, que contará com a divulgação do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) Composto na China (número oficial do governo na 2ªf e da agência privada Caixin na 3ªf), na Europa e nos Estados Unidos (6ªf). Estes indicadores são costurados com base em pesquisas com empresas da indústria e do setor de serviços (os dois no caso do índice composto) e tem como objetivo avaliar a situação corrente e expectativas futuras na economia. Ao longo da semana, o investidor ainda avaliará a inflação europeia em junho (3ªf); a ata da última reunião de política monetária do Fed (4ªf) e o Relatório de Emprego americano (Payroll) de junho (5ªf).

BRASIL: EXTENSÃO DO AUXÍLIO EMERGENCIAL E INVESTIGAÇÃO DAS “RACHADINHAS” PODEM GERAR PROBLEMAS PARA O GOVERNO

Número de parcelas do auxílio emergencial… A semana deve reascender o debate em torno da extensão do auxílio emergencial. Tanto o governo quanto a maioria das lideranças do Congresso defendem um valor total de R$1.200 – que custaria R$ 100 bi aos cofres públicos –, mas o presidente Bolsonaro defende três parcelas decrescentes (500, 400, 300) enquanto o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), enxerga como mais prático a extensão do valor atual (R$ 600) por somente dois meses.

Risco fiscal desnecessário… A solução proposta por Maia (2×600) poderia ser implantada por um simples decreto, dispensada a aprovação de um novo projeto. A preferência do presidente por um maior número de parcelas talvez esteja relacionada a sua intenção de transacionar diretamente para um programa de assistência permanente para trabalhadores informais. Caso o presidente insista no caminho da maior resistência; ele arrisca uma expansão do número de beneficiados e um aumento no valor das três parcelas que pode custar mais R$ 50 bi ao governo.

Delação do Queiroz… A semana também pode trazer novos desenvolvimentos na investigação do suposto esquema de rachadinhas no antigo gabinete do senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Na semana passada, o primogênito do presidente registrou uma pequena vitória quando a 3ª Câmara Criminal do RJ reconheceu o seu direito a foro especial (ser julgado na 2º instancia), mas ainda existem muitos desafios. Segundo a CNN Brasil, o seu ex-assessor, Fabricio Queiroz, negocia uma delação premiada que pode fortalecer uma eventual acusação contra o senador e até apontar crimes cometidos pelo presidente Bolsonaro.

Adiamento das eleições deve ocupar deputados… Após a aprovação da PEC que adia as eleições municipais de outubro para novembro pelo Senado, será a vez da Câmara dos Deputados analisar a proposta. Entre os deputados, ainda não foi construído o mesmo consenso que possibilitou a aprovação da proposta no Senado. A disputa em torno da data é produto dos incumbentes (políticos buscando a reeleição) tentarem reduzir ao máximo o tempo de preparação e campanha dos seus desafiantes. Na semana passada, Maia ressaltou a duplicidade dos prefeitos que solicitam mais recursos do governo federal para combater a pandemia e, ao mesmo tempo, pressionam deputados para que rejeitem o adiamento das eleições.

Na agenda… Por aqui, a agenda também é destaque na semana, começando pela divulgação do IGP-M de junho e dos dados do mercado de trabalho formal (CAGED) nesta 2ªf. No mesmo dia, o investidor avalia as mudanças nas projeções econômicas do mercado trazidas pelo Boletim Focus do Banco Central e o resultado do Tesouro Nacional em maio. Na 3ª, além da sondagem industrial divulgada pelo FGV-Ibre; o IBGE divulga a PNAD-Contínua de maio, que deve mostrar uma taxa de desemprego acima de 13,0%. Por fim, para fechar a semana, o investidor avalia o desempenho da indústria (PIM) em maio nesta 5ªf.

E os mercados hoje?… No exterior, bolsas têm manhã volátil, oscilando entre ganhos e perdas. O crescimento do número de casos ao redor do mundo – com destaque para alguns estados nos EUA – continua como principal ponto de preocupação ao pressionar governadores a frear o relaxamento das medidas de isolamento social. No pano de fundo, a expectativa de um acirramento das tensões entre China e Estados Unidos ganha força com a aproximação das eleições presidências americanas em novembro. No Brasil, a agenda econômica deve mostrar uma nova piora na atividade e no mercado de trabalho, assim como novos déficits nas contas públicas. Simultaneamente, as discussões em torno da extensão do auxílio emergencial tendem a ganhar força na semana, acompanhadas por possíveis novos desenvolvimentos no caso das “rachadinhas” com depoimento de Fabrício Queiroz. Assim, esperamos um dia de viés neutro/positivo para ativos de risco locais; que devem se apreciar na esteira de um bom humor exterior, caso venha a ocorrer.

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Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte