A Bolsa de Valores (B3) propôs e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apoiou a proposta para aumentar a diversidade nas companhias listadas (via Resolução 51/21, prevendo que todas empresas de capital aberto reportem  métricas ESG ou que justifique caso não o façam).

A partir de 2025 as companhias deverão ter ao menos uma mulher e um representante “de grupo sub-representado” (como diz o texto, considerando as pessoas pretas, pardas ou indígenas, integrantes da comunidade LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência) em cargos de alta liderança. Ainda de acordo com o anexo da B3 (produzido a partir de audiência pública realizada no pano passado), caso isto não ocorra aciona-se o dispositivo do “Pratique ou Explique” a fim de que haja maior transparência na gestão – e respeitados os preceitos ESG – da companhia listada que, também, deverá declarar esse status no Formulário de Referência (FRE).

Para Eduardo Werneck, presidente do Conselho da Apimec (associação dos profissionais de investimento) que se reunirá nesta semana com seus pares, a medida dá um aperto geral no mercado. “Existem algumas companhias já adaptadas aos novos tempos, mas outras ainda resistem. Ora, se a companhia quiser investimentos estrangeiros, por exemplo, terá de se adaptar rapidinho…” – comentou ele à coluna, destacando que a obrigatoriedade de reporte no FRE dá um corpo maior à Resolução 51.

Nos próximos dias a Apimec discutirá a adoção desta medida como recomendação para todos os investimentos no país. “É fundamental que todo o mercado esteja alinhado. A cadeia de valor precisa estar toda conectada, não só as empresas”, enfatiza Werneck.

“É uma forma de dar maior transparência aos investidores e promover um avanço escalonado na diversidade das companhias brasileiras”, define Flavia Mouta, diretora de Emissores da B3. Por sua vez, a jornalista, economista e membro de Conselho (ex-Eternit e atual Eletrobras) Rochana Grossi Freire diz que a CVM segue o movimento global. “Considerando apenas uma mulher e um integrante de grupos sub-representados a medida ainda é tímida e o aumento do número de mulheres em cargos de liderança fala muito mais de representatividade percentual do que propriamente de inclusão”, pondera.

Rochana – que a exemplo de Werneck falou com exclusividade para Via Sustentável – lembra que as partes interessadas e acionistas vêm reivindicando ações de diversidade por parte das companhias, mas o fato de per si não será o suficiente para que haja inclusão. “Para sua efetivação, as companhias precisam necessariamente criar uma cultura de inclusão em que estes temas ganhem espaço de escuta e fala e sejam valorizados dentro dos conselhos. Medir a inclusão é ainda um desafio nas relações corporativas. Trata-se de mudanças estruturais nas salas de conselho e em reuniões de diretoria na busca de um novo status de cultura corporativa, através de ações eficazes para a promoção da diversidade”, completa.

MULHER NÃO

No último dia 20, a Bloomberg Línea publicou lista de CEO´s latinos mostrando aqueles que entregaram maiores resultados para seus acionistas. Das organizações brasileiras destacam-se 38 companhias , enquanto do México são 21 e do Chile 11. Os nomes em evidência são Roberto Monteiro (PRIO), Roberto Sallouti (BTG) e Frederico Trajano (Magalu).

Entre as companhias analisadas nenhuma é liderada por mulher. Mais ainda: as gigantes CSN e CEMIG não têm uma única mulher no Conselho.  

CEO

Com o nome aprovado pelo CA em 31 de maio último, a Eternit oficializou Paulo Roberto de Oliveira Andrade como o novo CEO do grupo.

VOADOR

A Eve e a Embraer anunciaram a primeira fábrica para a produção de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical, modelo eVTOL.

O popular “carro voador” será produzido em Taubaté, terra de Monteiro Lobato, vizinha ao polo aeroespacial brasileiro, em S. José dos Campos (a 100 km da capital paulista).   

SAÍDA

A companhia JHSF aprovou o cancelamento de registro de companhia aberta, da JHSF Malls, na última sexta, 21. Não deverá ocorrer oferta pública de aquisição, informou a organização.

Em junho a EDP também tinha anunciado seu fechamento de capital na B3. Neste caso, o Conselho aprovou a OPA.

BELEZA

A situação da economia, com o atual patamar de juros, está feia para muitos setores. Mas o de beleza vai indo bem, obrigado, ao lado de saúde.

É o que aponta balanço da Associação Brasileira de Franchising, após a EXPO 2023, em que reuniu 400 expositores. A receita das franquias no primeiro semestre do ano é de R$ 50,8 BI (49,2% maior que igual período de 22), no país. A ABF aposta em boa performance neste semestre também.

CONSUMO

A Região Sul retomou a vice-liderança, do Nordeste, em termos de consumo. É o que aponta pesquisa IPC Maps 23, mostrando que as famílias brasileiras gastarão cerca de R$ 6,7 trilhões neste ano o que, se confirmado, representará apenas 1,5% a mais em relação a 2022.

O Sudeste segue liderando o ranking das regiões, respondendo por 49% do consumo nacional. Já o Sul, apoiado no consumo da classe média, volta a ocupar o segundo lugar nesta lista, ganhando representatividade de 18,3%. O Nordeste está com atuais 17,8% e na quarta colocação vem o Centro-Oeste, aumentando sua fatia para 8,6%. Por último aparece a Região Norte, com 6,3% do bolo.

PACTO

A Tegra Incorporadora é a mais nova signatária do Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidades (ONU) para impulsionar empresas a adotar práticas e políticas de responsabilidade social corporativa e sustentabilidade, com base nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.

O Pacto Global conta com a participação de mais de 17 mil organizações em 164 países, e o Brasil tem a terceira maior rede local deste movimento, com 1.900 participantes. 

Denominada “Cidades Regenerativas”, a estratégia ESG da Tegra para 2030 considera quatro pilares: gerar impacto positivo na sociedade, zerar o balanço líquido de emissões, promover negócios transparentes e impulsionar a economia circular. As práticas ESG da incorporadora estão detalhadas no seu Relatório Integrado.

ENCONTRO

Vem aí a segunda a edição do Encontro ESG, sob o tema “Engajar para Transformar”. O evento é realizado conjuntamente pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). Evento acontecerá nos dias 23 e 24 do próximo mês de agosto, com apoio de mídia do Portal Acionista.

Os dois dias do Encontro têm como objetivo qualificar profissionais para a compreensão do contexto contemporâneo e das tendências nas áreas da sustentabilidade, apresentando uma visão prática de como planejar, implantar estratégias e atuar de forma sustentável.

FUTIBA

No próximo dia 7 acontecerá o 1º Fórum Brasileiro ESG no Futebol, no Museu do Futebol, em São Paulo.

Na oportunidade, a advogada Fernanda Claudino, gerente geral das comissões técnicas da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) estará debatendo no painel “Transparência e governança corporativa aplicada aos clubes de futebol”.

3 ANOS

Com esta edição, a Coluna Via Sustentável completa 3 anos de vida. Ao Gustavo e Claudia Guerses o meu agradecimento especial, pois acreditaram e apoiaram a ideia desde o início. Ao time de colaboradores da Casa, obrigado também pois a soma do trabalho de cada um resulta em nosso conjunto. Aos parceiros – Sonia Araripe, de Plurale; Alexandre Mansur, de O Mundo que Queremos; assessorias, fontes e toda sorte de gente importante nesta caminhada, gratidão pela companhia e prestígio até aqui.

Agora um convite à nova caminhada que já se inicia, em busca da ética, transparência, progresso e justiça, rumo a um país melhor.          

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