Imagine um país onde faz sol o ano inteiro, reunindo um índice de irradiação solar bem superior aos países em que os projetos de aproveitamento de energia solar são bastante explorados, como Alemanha, Espanha e França. Zero novidade para muita gente, este país é o Brasil. E tal potencial já começou a ser percebido, inclusive pelo governo (acredite!), tanto que o Ministério de Minas e Energia já amplia a discussão junto aos atores ligados à área, como a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
A propósito, representantes do MME e da Absolar estiveram dialogando (virtualmente) na semana que passou. A entidade apresentou ao governo o que considera “medidas viáveis de curto e médio prazos” para a diversificação da matriz. Lembrando que hoje o Brasil tem em sua matriz energética – segundo o Ministério de Minas e Energia – a energia hidrelétrica (63,8%), eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar centralizada (1,4%), entre as principais fontes.
A fotovoltaica, que vai conquistando seu lugar ao sol (com perdão do trocadilho), produz atualmente 6 gigawatts (GW) o que equivale a pouco mais de um terço daquilo que gera a gigante Hidrelétrica de Itaipu. E, naquilo que depender de seus protagonistas, vai avançar mais. A discussão agora passa pela geração própria de energia solar, em telhados de edifícios e pequenos terrenos (geração distribuída) e grandes usinas solares (geração centralizada).
Com as ameaças cíclicas de apagão, e consequente aumento da conta de luz – seja no plano residencial ou no corporativo –, de outro lado, proprietários de pequenos espaços já começam a fazer contas. Se localizado em Minas ou Rio de Janeiro, por exemplo, o investimento pode retornar em três anos; se em São Paulo (onde, comparativamente aos dois estados citados, a energia elétrica é mais barata) pode variar até cinco anos o prazo de retorno do investimento. Tudo vai depender da área a ser coberta (quanto maior, mais breve é o retorno), mas a fonte solar já se apresenta e é uma realidade. E o Brasil precisa se atualizar no ranking internacional, até porque poucos lugares no mundo tem o nível de irradiação do Nordeste brasileiro.
EÓLICA
A Minerva Foods acaba de receber o Selo Energia Renovável, emitido pelo Instituto Totum, em parceria com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e a Associação Brasileira de Energia Limpa (Abragel), para todas as suas unidades no Brasil.
Essa conquista é resultante de uma auditoria realizada pelo Totum, com base na Normativa do Selo e que, dentre outros aspectos, assegura a compra de certificados de energia renovável (I-RECs) pela Minerva Foods, com a chancela REC Brazil. A iniciativa permitiu zerar as emissões líquidas no escopo 2 – emissões indiretas de GEE provenientes da aquisição de energia elétrica consumida – em 100% de sua operação no Brasil. Ao comprar os certificados em quantidade compatível com o consumo para fabricação de seus produtos, as unidades da Minerva Foods no Brasil podem alegar de forma oficial que são abastecidas com energia proveniente de geração eólica.
“Esta é mais uma grande conquista, proveniente da agenda de ESG da Companhia, que vem sendo intensificada ano após ano”, resume Taciano Custódio, diretor de Sustentabilidade da companhia.
LOGÍSTICA
A proposta de fusão da Tegma com a JSL agitou o mercado no fechamento da semana anterior. As ações da Tegma tiveram uma super valorização de 12,9%, enquanto as da JSL saltaram 5,97%.
O mercado estima que uma empresa resultante desta fusão teria uma receita bruta anual superior a R$ 6 BI.
SAÍDA
A operação que marcou a saída da Petrobras do capital da BR originou um cash de R$ 11,3 bilhões à petroleira. A Bloomberg assinalou que foi a maior venda de ações ocorrida este ano na América Latina.
RISCOS
Após o lançamento da plataforma ESG da CESP, este ano, a Companhia tem reportado seus avanços nesta agenda considerada tão relevante. Afirmando sentir uma “imensa satisfação”, a área de RI da CESP informou que a principal agência de classificação de riscos ESG, a MSCI, elevou o rating da Companhia de “BBB” para “A” (em uma escala de AAA – CCC).
AGE
No dia 28 próximo o IRB fará uma Assembleia Geral Extraordinária para deliberar sobre eleição de membros efetivos ao Conselho e alteração do artigo 27 do Estatuto Social da Companhia. A AGE ocorrerá no formato digital.
M&A
A Ambipar adquiriu a totalidade das ações da Disal, companhia de gestão ambiental do Chile. Com isto, a multinacional brasileira terá mais 30 bases estratégicas para operar, no Chile, Peru, Colômbia e Uruguai.
Na mesma semana, a Ambipar anunciou a sua quinta aquisição nos Estados Unidos, a EMS Environmental, reforçando sua presença, agora, com 16 bases na América do Norte.
Startups
A InvestSP, agência de promoção de investimentos do Estado de São Paulo anunciou a adesão ao programa Global Scale-Up Programme CivTech Alliance que levará mais de 20 startups à COP26, que acontecerá em Glasgow, no mês de novembro próximo.
COP26
De acordo comlevantamento feito pelo Seeg (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa), em 2018, avaliando as nações que mais provocam desequilíbrios pelo efeito estufa, o Brasil aparece bem abaixo de regiões como China, Estados Unidos, União Europeia e Índia. Naquele ano, o país ocupou a sétima posição do ranking e emitiu 1,9 gigatonelada de carbono.
Para a advogada especialista em questões ambientais, Samanta Pineda, os países que mais emitem “precisam pagar para quem emite menos, no caso o Brasil. Nós temos um grande potencial de captação de gases de efeito estufa e a gente precisa desse mercado regulamentado”, enfatiza a advogada, lembrando que o território brasileiro tem capacidade de ser um dos maiores fornecedores do mundo em créditos de carbono.
CARBONO
A economia sustentável promovida pelo mercado de carbono é um tema que vem ganhando destaque entre líderes globais e comunidades locais. E o tema foi amplamente debatido durante o Global Carbon Forum, evento promovido pela climate tech MOSS em parceria com o jornal britânico Financial Times nos dias 29 e 30 de junho. Ao longo dos dois dias, especialistas abordaram como a urgência global de descarbonização está impulsionando novos instrumentos tecnológicos e financeiros para a sustentabilidade e incentivando a transição para a bioeconomia.
Todd Chapman, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, fez a abertura do seminário internacional afirmando que apoiar a mudança global para emissões líquidas zero, até meados deste século, é um dos desafios mais urgentes. Ele reiterou que o desafio está no foco das ações primárias do governo Biden e que todos os anúncios feitos pela atual administração – como o retorno ao Acordo de Paris –, assim como os compromissos assumidos por parceiros globais como o Brasil, são importantes para definir um novo tom e orientar a ação global.
AMAZÔNIA
Na sessão Mercados de Carbono Impulsionando a Descarbonização – Últimos desenvolvimentos e o potencial da Amazônia, do Global Carbon Forum, Fábio Feldmann, ambientalista e ex-deputado constituinte, fez a abertura e ponderou sobre as dificuldades para proteger a floresta. “A Constituição diz que a Amazônia é patrimônio nacional e devemos utilizá-la de forma sustentável. Mas existe uma fragilidade na implementação de formas de combate ao desmatamento”, ponderou.
Para Feldmann, a construção de uma resposta para esse problema passa por desenvolver o mercado voluntário de carbono. “Essa é uma oportunidade de trabalharmos juntos sobre mudança climática e biodiversidade. Também tem inclusão social. Se você consegue repassar dinheiro para as comunidades, por conta do crédito de carbono, isso as fortalece, preserva sua cultura e, ao mesmo tempo, pratica a sustentabilidade”.
CONTABILIDADE
“EESG-Evolução e Reflexos na Contabilidade” é o segundo painel do XVIII Seminário Internacional CPC, que acontecerá nos dias 1º e 2 de setembro próximo. Evento, apoiado pelo Portal Acionista, tem inscrições abertas e pode ser acessado pelo link http://eventos.facpc.org.br/programacao/XVIIISeminarioCPC ou pelo email [email protected]
ARTIGO
Responsabilidade social: Qual é o papel social das empresas durante a pandemia?
(*) Alessandra Zambaldi
Antes da crise, causada pela pandemia, os problemas ambientais e sociais, já impactavam não só no Brasil, mas em diversas partes do mundo. Agora, com a pandemia, tais dificuldades estão mais evidentes.
Prova disso é o que mostra o levantamento divulgado em abril deste ano denominado “Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil” feito por pesquisadores do grupo “Alimento para Justiça” da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de Brasília (UnB). O estudo mostrou que quase 60% da população brasileira enfrentava no final do ano passado algum grau de insegurança alimentar – que significa falta de acesso aos alimentos ou também a substituição de alimentos ricos em vitaminas por aqueles que não oferecem muitos nutrientes, na tentativa de economizar – equivalente a 125 milhões de brasileiros.
E a dificuldade dessa população carente em ter uma dieta adequada aumentou neste período. É o que mostra o levantamento mundial que evidencia a crise alimentar, o Mapa da Fome – estudo feito pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) – mostrou que o Brasil, terrivelmente, poderá voltar à miséria no balanço realizado em 2020.
Tal Mapa estuda a situação global de carência alimentar. Como comparativo da gravidade do problema, um país só entra nesse ranking quando a subalimentação afeta 5% ou mais da população. Países como Venezuela, México, Índia, Afeganistão e nações africanas estão presentes no Mapa da Fome. O que é extremamente preocupante e um retrocesso já que nós, brasileiros, deixamos esse grupo em 2014.
Papel social vindo de empresas se faz necessário
Tal problema social no Brasil, como tantos outros, é originário de problemas econômicos e políticas públicas ineficientes e que precisam de maior atenção. O interesse em resolver e diminuir os danos sociais e também ambientais – agravados drasticamente na pandemia – não deve estar apenas nas mãos do Estado, mas também é responsabilidade de toda população e também de instituições privadas.
Para isso, a responsabilidade social empresarial é tão necessária atualmente, pois é o momento em que empresas se mostram solidárias e dispostas a ajudar a sociedade com projetos que visam tal melhoria.
Ao pensar em soluções para ajudar na redução desperdício de alimentos em São Paulo, a Alpfilm®, fabricante de plástico filme PVC, doou neste ano diversos materiais para a ONG Banco de Alimentos, associação que recolhe alimentos que já perderam valor de prateleira no comércio, mas ainda estão bons para consumo, e os distribui para a população mais necessitada na cidade.
A doação incluiu sacos picotados (para legumes e frutas), sacos plásticos com capacidade de até 20kg para a colheita urbana e stretch filme para unitização dos pacotes e transporte, o que facilita a conservação correta dos alimentos e minimiza o desperdício.
A ONG Banco de Alimentos contribui para a alimentação de mais de 20 mil pessoas todos os dias na cidade.
Além disso, a Alpfilm está fechando parceria com a cooperativa Viva Bem, que recicla ou reaproveita itens que iriam para o lixo com o foco no descarte sustentável. Assim, a Alpfilm irá adquirir materiais plásticos reciclados vindos da cooperativa e implementar na linha de produção. Os produtos reciclados serão utilizados nas linhas industriais da empresa e não no setor alimentício.
A escolha da cooperativa não foi em vão. A associação atua com cooperados, muitos estrangeiros, que estavam em situação de vulnerabilidade social. Desta forma, desde 2004, a cooperativa oferece maior dignidade a estas pessoas, permitindo trabalho e renda, o que também viabiliza o crescimento da economia.
A partir da parceria, também ajudamos o meio ambiente em dois momentos: deixa-se de adquirir insumos ‘novos’, diminuindo a aquisição de novas matérias primas e danos aos recursos naturais e também é despejado menos lixo no meio ambiente, trabalho feito por meio da reciclagem e reutilização dos materiais.
Ganhos
O benefício de atuar com responsabilidade social empresarial vai além dos ganhos sociais e ambientais e também é sentido pelos próprios colaboradores, que trabalham melhor quando há uma causa/ um bem maior do que benefício próprio.
Além disso, contribuir para o desenvolvimento de um país menos desigual e mais sustentável oferecendo boas soluções e serviços são um dos pilares de grandes corporações. Desta maneira, todos ganham.
(*) Alessandra Zambaldi é diretora de Comércio Exterior na Alpes. Graduada em Engenheira Química pela Escola de Engenharia Mauá e pós graduada em Negócios Internacionais e Comércio Exterior pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), possui carreira desenvolvida na indústria de plásticos.