A carteira de crédito em dezembro deverá registrar alta de 1,7% e com isso o resultado do saldo total no ano passado poderá registrar crescimento de 10,8%. Como ocorreu nos últimos anos, em 2024, o avanço da carteira será novamente liderado pelo crédito às pessoas físicas, que deverá registrar expansão de 11,9%, tendo sido um importante canal para o consumo das famílias, com destaque para linhas de veículos e de crédito pessoal. 

A carteira para pessoas jurídicas deve mostrar resultado mais modesto, mas ainda significativo, com alta de 9,1%, impulsionado pelos programas públicos criados ao longo do ano e pela sólida recuperação da carteira com recursos livres, após o estresse enfrentado no ano anterior. O resultado poderia ser ainda maior, se não fosse o expressivo crescimento do mercado de capitais, que tem suprido parte importante da necessidade de liquidez das empresas.

É o que revela a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban, divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central. As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam, a depender da carteira de crédito, de 42% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional. O Banco Central divulgará a Nota de Política Monetária e Operações de Crédito em 27 de janeiro.

“Nossa pesquisa mostra que, em 2024, tivemos o sétimo ano de crescimento no estoque de crédito, retornando às altas de dois dígitos verificadas entre 2020 e 2022. Consolidamos um mercado de crédito com dimensão e profundidade importantes, além de já bastante sofisticado e desenvolvido. Para 2025, estimamos um crescimento um pouco menor, em torno de 9,0%, mas ainda próximo aos dois dígitos, o que é significativo, apesar do cenário econômico mais desafiador, caracterizado por um ambiente de juros em níveis mais elevados”,avalia Isaac Sidney, presidente da Febraban.

“Sem dúvida, o setor bancário é um dos pilares fundamentais para manutenção do ritmo de crescimento do país e temos caminhado firmemente na Febraban para conscientizar os agentes e propor melhorias para o ambiente de crédito e atacar as principais causas do elevado spread no país, e assim continuaremos nessa toada”, acrescenta Isaac Sidney.

Concessões 2024

Em relação às concessões, o ano de 2024 deve apresentar volume 14,9% superior ao concedido no ano anterior. A concessão de crédito às empresas deve fechar o ano com elevação de 16,9%, impulsionada pela retomada das operações com recursos livres.

Já as concessões para as famílias devem ter crescido 13,3% em 2024, em linha com a forte expansão do consumo no ano.

“Em resumo, tanto o saldo quanto as concessões de crédito mostraram um expressivo avanço em 2024, sendo um vetor importante para a expansão da economia. Tal movimento pode ser atribuído à queda da taxa Selic no 1º semestre, à melhora dos índices de inadimplência, ao mercado de trabalho aquecido e à normalização na carteira PJ com dissipação dos efeitos negativos decorrentes dos casos Americanas/Light/Oi em 2023”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia da Febraban.

“Para 2025, as projeções do mercado de crédito sugerem alguma perda de ímpeto do segmento, diante da piora do cenário econômico. Contudo, caso a atividade e o mercado permaneçam fortes e/ou haja alguma redução das incertezas no ambiente macro, especialmente em âmbito fiscal, é possível que tenhamos um novo ano com números bastante positivos no mercado de crédito”, complementa Sardenberg.

Resultados de dezembro

No último mês de 2024, a maior alta deve vir da carteira PJ Livre (+3,1%), impulsionada pelas linhas de fluxo de caixa, beneficiadas pela sazonalidade positiva de fechamento de trimestre e pelas compras de fim de ano. Já a carteira Livre destinada às famílias, que deve ter crescimento de 1%, também é impulsionada pelas compras de dezembro, com impacto positivo no cartão à vista.

Por outro lado, as carteiras direcionadas devem apresentar crescimento de 1,5% no segmento PJ e de 1,3% entre as famílias. Para as empresas, a carteira deve seguir impulsionada pelos financiamentos do BNDES e pelos programas públicos, que seguiram com boa tração até o fim do ano. O crescimento da carteira direcionada às famílias deve seguir especialmente sustentado pelo bom desempenho do crédito imobiliário.

Já as concessões de crédito devem apresentar crescimento de 9,5% em dezembro (ou 4,3% quando ajustado por dias úteis) ante novembro e de 6,2% ante dezembro de 2023.

No mês, a alta das concessões deve ser liderada pelas operações para as empresas, que devem subir 7% (ante dez/23), com as operações com recursos livres impulsionadas pelas linhas mais relacionadas ao forte desempenho do comércio/consumo no fim de ano (antecipação de recebíveis) e pelas operações de linhas externas, impactadas pela depreciação do câmbio. Já as concessões das operações direcionadas devem se beneficiar da manutenção dos incentivos de programas públicos e financiamentos do BNDES.

As concessões às famílias, por sua vez, devem crescer 5,5% no mesmo comparativo, lideradas também pelas linhas mais sensíveis às compras de fim de ano, como o cartão à vista. O resultado indica que o volume acumulado em 12 meses de novas concessões seguiu em trajetória de aceleração no fechamento do ano.

A íntegra da Pesquisa Especial de Crédito pode ser acessada neste link.

(Fonte: Febraban)