O Banco Central (BC) divulgou que o crédito ampliado ao setor não financeiro totalizou R$ 12,3 trilhões (164% do PIB) em fevereiro, crescimento de 1,6% no mês e de 17,8% em doze meses. Essa variação mensal foi influenciada, sobretudo, pelo crescimento do saldo de títulos de dívida (2,2% no mês), principalmente os títulos públicos.

O crédito ampliado às empresas somou R$ 4,3 trilhões (57,3% do PIB), variação de 1,1% no mês e de 18,0% em doze meses. Tanto na variação mensal quanto em doze meses, destacaram-se os aumentos nos empréstimos, tanto no mercado doméstico quanto os que integram a dívida externa.

O crédito ampliado às famílias alcançou R$ 2,5 trilhões (33,1% do PIB), com aumentos de 0,7% no mês e de 10,9% em doze meses, acompanhando a variação de seu principal componente – empréstimos do SFN – que cresceu, respectivamente, 0,8% e 11,3%.

Operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN)

O saldo das operações de crédito do sistema financeiro nacional totalizou R$ 4 trilhões em fevereiro, aumento de 0,7% no mês, distribuído entre as carteiras de pessoas jurídicas (saldo de R$ 1,8 trilhão e variação de 0,6%) e de pessoas físicas (R$ 2,3 trilhões, 0,8%). O crescimento em doze meses alcançou 16,1%, resultado principalmente da expansão de 22,9% no crédito às empresas, com o crédito às famílias variando 11,3%.

O crédito livre a pessoas jurídicas alcançou R$ 1,1 trilhão, acréscimo de 1,2% no mês, com destaque para as modalidades de desconto de duplicatas e recebíveis, antecipação de faturas de cartão, aquisição de veículos, ACC e financiamento a exportações. Em doze meses, a variação de 22,5% refletiu principalmente o crescimento na carteira de capital de giro. O crédito livre para pessoas físicas totalizou R$ 1,2 trilhão (0,7% no mês e 10,3% em doze meses). O crescimento no mês reflete principalmente o aumento observado nas modalidades de crédito pessoal (consignado e não consignado), enquanto, em doze meses, destaque também para as modalidades aquisição de veículos e composição de dívidas.

No crédito direcionado, o saldo de pessoas jurídicas recuou 0,2% no mês, atingindo R$ 0,7 bilhão, mantendo crescimento significativo em doze meses, 23,5%. A carteira de pessoas físicas atingiu R$ 1 trilhão (0,9% no mês e 12,5% em doze meses), com destaque para os aumentos no rural e imobiliário.

As concessões totais de crédito somaram R$ 313,9 bilhões em fevereiro. Na série ajustada sazonalmente as concessões cresceram 6% no mês. Na comparação com fevereiro do ano anterior, as concessões acumuladas em doze meses cresceram 3,9%, sendo 9,0% com empresas e -0,7% com famílias. Acumuladas em doze meses, as concessões totais cresceram 3,1%.

O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que apura o custo médio de toda a carteira ativa do sistema financeiro nacional, situou-se em 17,2% a.a. (+0,2 p.p. na variação mensal e -3,0 p.p. na comparação interanual). No crédito livre não rotativo, o ICC apresentou-se estável no mês e continuou em redução na comparação interanual (-4,3 p.p.), alcançando 22,6%. O spread geral do ICC situou-se em 12,3 p.p. (+0,2 p.p. no mês, -2,1 p.p. em doze meses).

A taxa média de juros das operações contratadas em fevereiro caiu para 19,8% a.a., reduções de 0,3 p.p. no mês e de 3,2 p.p. em doze meses. O spread geral das taxas das concessões, 15,6 p.p., acompanhou este comportamento, com declínios de 0,2 p.p. e 2,9 p.p., nas mesmas bases de comparação.

No crédito livre, a taxa média de juros das concessões atingiu 28,1% a.a. (-0,4 p.p. no mês e -6,0 p.p. na comparação interanual). No crédito às famílias, a taxa média de 40,1% a.a. (+0,6 p.p. mês) refletiu principalmente aumentos no cartão parcelado (+5,6 p.p.) e na composição de dívidas (+2,7 p.p.). No crédito livre às empresas, a taxa média situou-se em 13,8% a.a. em fevereiro, redução de 1,4 p.p. no mês e de 3,2% em doze meses. A redução mensal ocorreu principalmente na modalidade de capital de giro até 365 dias (-13 p.p.), revertendo boa parte do aumento do mês anterior.

A inadimplência alcançou 2,3%, crescimento de 0,2 p.p., distribuído nos segmentos de pessoas jurídicas (0,2 p.p.) e físicas (0,1 p.p.). Nas operações com recursos livres, a inadimplência permaneceu estável em 2,9%. Nas operações com recursos direcionados, o indicador situou-se em 1,3%, com evolução de 0,2 p.p., também distribuída nos segmentos de empresas (0,4 p.p.) e de famílias (0,2 p.p.).

Agregados monetários

A base monetária alcançou R$388,8 bilhões em fevereiro, com redução de 4,4% no mês e elevação de 28,2% em doze meses. O papel-moeda emitido e as reservas bancárias recuaram 3,5% e 12,5%, respectivamente, no mês.

Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, contribuíram para a contração as operações com Títulos Públicos Federais, R$ 30,2 bilhões (colocações líquidas de R$ 106 bilhões no mercado primário e compras líquidas de R$ 75,8 bilhões no mercado secundário), as do Tesouro Nacional, R$ 14,7 bilhões, e as da Linha Temporária Especial de Liquidez, R$ 3 bilhões. Em contrapartida, apresentaram expansão, os depósitos de instituições financeiras, R$ 5,4 bilhões (liberações de recursos de depósitos a prazo, R$ 3,7 bilhões, e de recursos da poupança, R$ 1,4 bilhões), as operações do setor externo, R$ 13,8 bilhões, e as com derivativos, R$ 5,1 bilhões.

Os meios de pagamento restritos (M1) atingiram R$ 571,1 bilhões no mês, diminuição de 1,2%, reflexo do declínio do papel-moeda em poder do público de 2,4% e da estabilidade dos depósitos à vista. Considerando-se dados dessazonalizados, o M1 recuou 1,1% no mês.

O M2 recuou 0,2% no mês, totalizando R$ 3,9 trilhões, refletindo, além da queda no saldo do M1 (-1,2%), a redução de 0,4% no saldo dos depósitos de poupança, que totalizou R$ 1,0 trilhão, após resgates líquidos de R$ 5,9 bilhões. O saldo dos títulos emitidos por instituições financeiras, avançou 0,2% no mês, somando R$ 2,3 trilhões, após registrar captações líquidas de R$ 11,6 bilhões nos depósitos a prazo. O M3 não registrou variação no mês, permanecendo com saldo de R$ 8,0 trilhões. O saldo das quotas de fundos do mercado monetário registrou aumento de 0,9%, totalizando R$ 3,9 trilhões, enquanto as operações compromissadas com títulos federais e títulos privados recuaram, respectivamente, 7,0% e 4,5%. O M4 não registrou variação no período, totalizando R$ 8,4 trilhões. Em 12 meses a variação foi de 16,5%.

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