“Os EUA acreditam em uma ‘culpa’ maior do governo chinês na crise e certamente vão endurecer muito o jogo para a China e para quem tiver comércio com o país”
A China, primeiro país a ter um caso confirmado de novo coronavírus (covid-19), em janeiro deste ano, comemorou o último dia de isolamento no dia 08 de abril. Nesta semana, Wuhan zerou o número de novos casos. Recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que seu governo está conduzindo investigações sobre o país. O presidente responsabiliza a China pela disseminação do vírus e afirma que o país poderia tê-lo contido antes que se tornasse uma questão mundial. Com a investigação de Trump aberta e teorias já abordadas anteriormente, questiona-se sobre as retaliações que podem recair sobre a China por conta da pandemia. Guto Ferreira, Analista Político-Econômico da Solomon’s Brain comenta impactos globais por conta disto.
1º Protecionismo: para Ferreira, os países que primeiro sairão da crise, serão aqueles que fortalecerão sua indústria nacional, o que deve levar a um maior protecionismo nos próximos 3 anos, puxado pelos EUA. “Nos próximos 03 anos o protecionismo aumentará sensivelmente, puxado pelos EUA prejudicando relações bilaterais e acordos de blocos”.
2º Discriminação: o Analista pontua que os chineses podem encontrar dificuldade para entrar em alguns países por conta da discriminação. “Em todo o mundo, cidadãos chineses serão discriminados, sobretudo em aeroportos, tendo em vista as questões de barreiras sanitárias”.
3º Eixos econômicos: Ferreira afirma que o mundo passará a ter dois eixos em economia e alinhamento político. “O eixo 1 é composto por EUA, UE, UK, Coréia do Sul, Japão, Índia, Arábia Saudita e Israel, a recomendação é que o Brasil escolha claramente estar aqui. No eixo 2 estão China, Rússia, Coreia do Norte, Venezuela e países africanos”.
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4º Ciberataques: ele acredita que os ataques virtuais devem aumentar. “O número de ataques virtuais crescerá exponencialmente, sobretudo comandado por países do Leste Europeu e Ásia”, afirma.
5º Criptomoedas: para o Analista Político-Econômico, o momento pode ser propício para uma nova criptomoeda mundial. “O interesse chinês é ter uma criptomoeda global em substituição ao dólar, assim como dólar substituiu o ouro no Plano Marshall como padrão de liquidez mundial”.
6º Pressão no Brasil: Guto aponta que o Brasil deve sofrer pressão em relação às conexões 5G. “O Brasil será fortemente pressionado por ceder aos interesses chineses no 5G em troca de manter a venda de commodities em alta”. Para o Analista, o ideal é que o Brasil resista à pressão e fortaleça a indústria nacional. “Nossa recomendação é a de enfrentar a pressão com fortalecimento da indústria nacional e fazer uma transição gradual, porém rápida, para a produção de bens duráveis e de alto valor agregado, diminuindo assim a dependência chinesa”.
7º Resposta comercial: Ferreira relata que os EUA irão se tonar mais ríspidos com a China. “Os EUA acreditam em uma ‘culpa’ maior do governo chinês na crise e certamente vão endurecer muito o jogo para a China e para quem tiver comércio com o país asiático. Correntes de comércio e serviço mudarão drasticamente. Países que não criarem novas economias e não atualizarem seus padrões sanitários estarão fadados ao fracasso”
8º Retorno de indústrias: o Analista declara que há chances de desvalorização exacerbada do dólar. “Trump obrigará empresas americanas a saírem de território chinês e produzirem nos EUA, ainda que tenha que ceder em pesados subsídios. China pode retaliar. Acreditamos em uma forte desvalorização do dólar no ambiente global”, finaliza.
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